Desde as manifestações de domingo, dia 15 de março, que tiveram o Movimento Brasil Livre (MBL) como um dos organizadores, que vários questionamentos em relação ao financiamento do MBL, além de outras perguntas, estão sendo feitos por vários setores da opinião pública.
Questionamentos naturais, já que – em uma democracia – nenhum tema pode ter tabu; e de fato é direito de quem quer que seja querer entender com profundidade o que vem motivando todos os lados desta crise política, econômica e ética que vivencia o país, e que afeta diretamente a presidente Dilma Rousseff (PT).
Concordar ou não com o MBL é um direito. Concordar ou não com as bandeiras levantadas pelo Movimento é também um direito. Assim como é direito ter concordâncias ou divergências com os movimentos sindicais e a Central Única de Trabalhadores (CUT) que também promoveu manifestações pró-Dilma na sexta-feira, 13 de março. Defender o que se acredita é legítimo das democracias.
Assim como é função da imprensa questionar de forma crítica as duas manifestações e ir à busca das respostas. Fiz isto na Rádio Jornal e depois aqui neste blog, quando ouvi o MBL – representado por um dos organizadores, Leonardo Dias – e com a CUT, quando conversei com a presidente da entidade, Amélia Fernandes. Ela por sinal foi enfática ao afirmar que a CUT não era “chapa-branca”. Isto foi posto aqui neste espaço.
Uma democracia se faz de lados. Não de LADO. Jornalismo se faz com perguntas e a busca pelas respostas e não apenas com PERGUNTAS que insinuam mais do que respondem. Por esta razão conversei novamente com Leonardo Dias para que ele respondesse aos questionamentos que estavam sendo feitos: 1) quem financia o movimento? 2) Há participação de políticos com mandatos ou de partidos? 3) É bandeira do movimento a intervenção militar? Estas são os questionamentos que mais vislumbrei.
Em relação ao primeiro ponto, Leonardo Dias coloca que o próprio MBL tem o “prazer de mostrar como funciona”. “Aliás, qualquer membro do Movimento que esteja em nossos grupos de whatsapp sabe muito bem como funciona a arrecadação. O Movimento tem que ser auto-sustentável, pois se depender de governo ou de partidos perde sua própria razão de existência”.
De acordo com Dias, uma das fontes de recursos é a venda de camisetas, o que tem bancado muitas ações e a distribuição de adesivos. Além disto, há a participação direta de empresários que realizam contribuições com o movimento. Dias diz ainda que não há políticos de mandatos, ou de partidos, na organização do movimento, mas que o espaço não está fechado para que estes participem das manifestações por elas serem democráticas. “Participam como qualquer cidadão comum”, diz Leonardo Dias.
É importante lembrar que as manifestações do dia 13 de março também contaram com presença de políticos, como em Alagoas, o deputado federal Paulo Fernando dos Santos, o Paulão (PT). Em momento algum isto deslegitima a manifestação. A manifestação do que se pensa é democrático esteja de um lado ou de outro.
Quanto à venda de camisas, o MBL coloca que foram vendidas mais de quatro mil ao custo de R$ 20 cada uma delas.
Sobre a intervenção militar, Leonardo Dias diz que não faz sentido o Movimento defender esta bandeira, porque depende o protagonismo cidadão nas mudanças que o país precisa, na ótica do MBL. “Defendemos a democracia. Que ela seja feita pela participação da sociedade. Acreditamos que ela é o instrumento da mudança. Logo, não faz sentido defender intervenção. Na manifestação, algumas pessoas levaram estas bandeiras e abriram uma faixa lá. É direito delas defenderem o que quiserem, mas esta não é bandeira do Movimento”.
Leonardo Dias ainda falou sobre o foco do Movimento. “O pedido de impeachment foi o foco da Movimentação. Se formos colocar todos os questionamentos em relação à corrupção que temos, teremos que fazer um manifesto por hora. Na manifestação muitos foram citados em cartazes, muito embora não tenhamos focado nisso, pois este ato do dia 15 havia sido convocado com 30 dias de antecedência e com pauta muito bem definida. Mas teremos outros atos, como já tivemos. Nós cobramos e denunciamos a questão envolvendo os vereadores faltosos de Maceió, por exemplo”.
Acho justas as pergunta e – por esta razão – fui à busca das respostas. Cabe ao leitor avaliar conforme sua liberdade democrática de fazer juízo de valor dos fatos e dos argumentos como bem entenda.
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