O que é a Taxa Selic e como aproveitar a alta dessa taxa?

16/03/2015 14:37 - Minuto Dinheiro
Por Rodrigo D'Avila
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Olá, amigos do Minuto Dinheiro. Hoje vamos tentar explicar de uma maneira simples o que é a tão falada Taxa SELIC, porque o governo a utiliza para combater a inflação, quais os impactos disso na economia e, o mais importante, como você pode aproveita-la para turbinar seus investimentos.

Explicando de maneira bem resumida, a inflação aumenta quando há mais dinheiro circulando no mercado sem que haja criação de riqueza ou aumento de produção na mesma proporção, ou seja, há mais demanda do que oferta (mais pessoas querendo comprar do que produtos sendo vendidos). 

Para combater a inflação, um dos métodos mais utilizados pelo Governo é o aumento da Taxa de Juros (SELIC), que tem como objetivo final tirar ou colocar dinheiro em circulação na economia.

Funciona mais ou menos da seguinte maneira: a circulação do dinheiro se dá principalmente através dos empréstimos que os bancos fazem para que você possa comprar produtos (carro, imóveis, celular, etc) e para as empresas que produzem os referidos produtos (carro, imóveis, celular, etc.). Mas nem sempre o seu Banco tem o dinheiro disponível naquele dia para lhe emprestar, então sabe o que ele faz? Pega dinheiro emprestado com outro Banco. Isso é extremante comum, acontece todos os dias, com todos os Bancos, mais ou menos parecido com um pregão, chamado de overnight (um banco pega emprestado num dia para pagar no outro).

A taxa SELIC (Sistema Especial de Liquidação e de Custódia) é o índice que calcula exatamente isso, ou seja, a média de juros que um Banco está cobrando do outro pelo empréstimo de dinheiro entre as Instituições Bancárias. A famosa "taxa básica da economia", que em outras palavras, é o preço do dinheiro que os bancos pegam emprestado para repassar depois para as pessoas. O que o Governo divulga é a Meta que ele pretende para essa Taxa. A Taxa em si varia todos os dias, mas cabe ao Banco Central influenciar o mercado para que essa taxa fique dentro da meta divulgada.

Para conseguir influenciar a taxa e fazer com que ela fique próximo da meta, o Banco Central entra nesse sistema de empréstimo entre Bancos de duas maneiras: a) se ele quiser aumentar a taxa de juros: pede dinheiro emprestado aos bancos que estão com dinheiro sobrando, oferecendo taxas mais altas do que a atual. Quem não emprestaria para o dono da impressora do dinheiro? Empréstimo com risco zero, mesmo que seja com um juros um pouco mais baixo do que emprestar para pessoas físicas ou jurídicas. Com isso, diminui o dinheiro em circulação, logo, as taxas vão aumentar (lei da oferta e demanda). b) se ele quiser diminuir as taxas de juros: empresta dinheiro aos bancos com juros mais baixos do que os outros bancos estão fazendo. Como o Banco Central tem a impressora do dinheiro, seu estoque para emprestar é ilimitado, e ele vai emprestando até conseguir atingir a taxa de juros pretendida.

Mas exatamente por que aumentar ou diminuir a taxa SELIC? Como falamos no início, essa taxa é o ponto de partida do custo do dinheiro, é o quanto o banco paga para ter o dinheiro para lhe emprestar. Dessa maneira, você sempre irá obter empréstimo (ou financiamento) com a taxa um pouco (ou até muito) acima da SELIC e essa diferença será o lucro do banco (spread bancário). Quanto mais alta for a taxa de juros para você, menos dinheiro você irá pegar, logo, menos compras irá fazer. Se tudo mundo diminui o ritmo das compras, sobra mais produtos nas lojas e os preços param de subir. Em contrapartida, as empresas também diminuem o ritmo de produção, freando o crescimento da economia. O difícil é saber exatamente a taxa ideal para o momento do país, para que não crie inflação nem trave o crescimento econômico.

Em tempos de juros altos, como o atual, e com a tendência de continuar subindo, você pode aplicar seu dinheiro em títulos públicos que pagam a taxa Selic (Tesouro SELIC), como já foi mostrado nesse outro texto. Afinal, por que arriscar o seu dinheiro em investimentos de risco que dificilmente pagarão tão bem quanto esses títulos? Com a SELIC no patamar de 11%, 12% ou mais, as empresas ficam desestimuladas a investirem no aumento da produção, impactando no lucro, que pode até diminuir, porque como vimos, as pessoas começam a comprar menos. Com as empresas patinando, o mercado de ações também é afetado, tornando-se menos atrativo. Não que não seja recomendado adquirir ações, mas deve ser feito com mais cautela e muito mais estudo.

Por outro lado, quando os juros começam a cair, sinal que talvez seja o momento de você direcionar uma parte dos seus investimentos para ativos de maior risco, pois a economia tende a se aquecer, o dinheiro começa a circular e as empresas começam auferir lucros mais gordos.

 

Até a próxima.

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* O texto reflete a opinião dos autores. O Minuto dinheiro e o Cada Minuto não se responsabilizam por lucros ou prejuízos de qualquer natureza em decorrência do uso destas informações.

Ademir Cruz, formado em Ciências Contábeis, leitor habitual da literatura financeira, irá demonstrar como pode ser interessante o mundo das finanças pela ótica da Bolsa de Valores.

Márcio Raimundo, investidor da bolsa desde 2009; leitor assíduo de fóruns e portais de economia e finanças, mostrará que investir na bolsa é mais simples do que se imagina.

Ricardo Rolim, formado em Administração de Empresas e um curioso em investimentos no mercado de ações e no Tesouro Direto, onde mantém aplicações.

Rodrigo D'Avila, formado em Administração de Empresas. Investe desde 2006 no mercado financeiro e pretende compartilhar nesse espaço os conhecimentos e experiências adquiridas ao longo de todos esses anos.

 

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