Uma das primeiras medidas do governador Renan Filho (PMDB) – conforme bastidores do próprio Executivo – afetam de forma decisiva de continuidade de alguns serviços. É o que tem sido dito por servidores, fontes palacianas e até mesmo os usuários de alguns serviços do Estado.

Renan Filho tem adotado um perfil centralizador para tomar decisões em relação aos caminhos do Governo do Estado. Diante disto, segundo os mais próximos, delega muito pouco, se preocupa demais com as informações que são divulgadas na imprensa e – somado a tudo isto – tem determinado cortes de gastos de forma horizontal.

Os cortes horizontais não enxergam as questões específicas de órgão a órgão. Em alguns, serviços essenciais acabam sendo prejudicados por ausência de pessoal, já que algumas das funções eram exercidas por comissionados e não há previsões de concurso público para a máquina. Isto fez com que muitas pessoas que ocupam cargos em comissão trabalhassem mesmo sem receber salários, a espera de permanecer na função mais adiante, com direito a uma renomeação.

Outro problema: as revisões de contrato – de fato essenciais diante das suspeitas de irregularidades – foram feitas de forma abrupta e trouxeram problemas na continuidade dos serviços. Não se trata de defender contratos irregulares. Se há erros, que os culpados paguem. Trata-se de não penalizar quem precisa dos serviços.

Um dos exemplos é o caso do transporte escolar. O governo do Estado de Alagoas teve que retomar os serviços de forma emergencial já que os alunos ficaram sem o transporte e a Lei do Passe Livre – aprovada às pressas na Assembleia Legislativa do Estado de Alagoas – veio recheada de questionamentos.

Por outro lado, o governador Renan Filho – segundo fontes palacianas – tem sido duro em relação à negociação de cargos. Faz questão de que determinados perfis tenham a capacidade técnica adequada. “O governador tenta dar um choque de gestão para garantir eficiência e eficácia nos serviços públicos e não desperdiçar dinheiro. É louvável. Porém, ao determinar cortes horizontais não foram analisadas necessidades específicas de cada órgão, o que pode levar a erros e problemas nos serviços. Um ponto positivo: Renan Filho não cede à pressão de políticos em busca de nomeações”. Ouvi aspas semelhantes de diversas fontes que trabalham no Executivo.

Todavia, os primeiros meses de governo, ao puxar o freio-de-mão, Renan Filho “desarranjou” muitos espaços do trem e agora terá que ter habilidade para analisar contratos sem suspender serviços essenciais, com a preocupação de dimensionar o Estado para o seu projeto de governo, e atender aliados políticos sem comprometer a eficácia e a eficiência que quer impor ao Executivo. A ideia do corte de gastos é simples. Cortar despesas e melhorar a arrecadação para sobrar dinheiro. Porém, “um governo é mais que isso” avisa outro político próximo ao governador.

Um pouco da situação já foi mostrada pelo jornalista Davi Soares em seu blog. O blogueiro mostra que há dificuldades em relação às medidas de austeridade tomadas pelo Executivo. As medidas não são erradas, mas precisam ser mais bem adotadas em suas formas de execução para não prejudicar a população que mais depende do governo.

Davi Soares mostra um pouco do que falo aqui nesta postagem: “desacertos na Santa Mônica e no cancelamento de contratos da educação, com a consequente indefinição da Lei do Passe Livre, dependeram da análise de técnicos cada vez mais escassos e sobrecarregados. E o gerenciamento de tais crises também falhou bastante, ao não garantir à imprensa informações com a velocidade e qualidade exigidas para esses momentos, por falta de pessoal na estrutura da Comunicação do Estado, que dependiam das informações daqueles técnicos”. É exatamente isto.

Claro que há comissionados em excesso no governo. Claro que há cargos demais e que há o que enxugar. Renan Filho está certo neste raciocínio. Claro que há uma farra com telefonia e outros recursos. E isto também precisa ser cortado. Mas, ao fazer isto de forma horizontal acaba atingido setores que já sofrem por carência natural de pessoal. Uma reforma administrativa mais estudada se faz necessária, assim como formas de avaliar contratos sem suspender serviços.

Em função disto há problemas também registrados no Ipaseal Saúde, por exemplo, que também já foi mostrado pelo site CadaMinuto.

Ressalto que compartilho da mesma visão de Davi Soares: “este texto não trata de uma defesa do inchaço da folha com esses servidores precários, mas aponta problemas graves como o que está acontecendo na antiga Secretaria de Promoção da Paz, renomeada para Secretaria de Política sobre Drogas, onde já se estaria cogitando a paralisação de alguns serviços, sendo que o principal deles, a busca por casos de dependência diminuiu bruscamente. Sem falar da falta de estrutura”.

Repito também reclamações que Davi Soares ouviu e que também ouvi ao ser procurado por alguns servidores estaduais: “falta carro, há profissionais terceirizados com salários atrasados, repasses de recursos às comunidades atrasados também, licitações estão prestes a perder a validade e terão q ser refeitas, atrasando ainda mais a maquina pública de uma área tão importante de prevenir violência. Não há efetivos lá por a pasta ser recente então, lá, ou é comissionado ou prestador de serviços. Ai comissionados teve corte, prestadores com salários atrasados... Daí você imagina”.

O desafio de Renan Filho: ajustar o avião em pleno voo. Trocar o pneu com o carro andando...e outras metáforas semelhantes...

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