Estado perfeito de Vilela está ruindo

11/03/2015 11:13 - Voney Malta
Por Voney Malta

O final do governo de Vilela, você deve lembrar, foi aquela festa maravilhosa de final de ano. Intensa campanha nos meios de comunicação vendendo que muito foi realizado pelo tucano. O governante seguinte iria colher os frutos construídos durante oito anos de gestão, comunicava as peças publicitárias.

Mas agora está ruindo, desmoronando. Não há surpresa para o que já era esperado, pois o mundo perfeito apresentado inexistia, simplesmente. Especialmente pra quem convive com o que é real, verdadeiro, diariamente.

Reportagem do jornalista Maurício Gonçalves, na Gazeta, é contundente ao revelar que o governo Renan Filho (PMDB) montou uma força-tarefa com secretários de Estado, diretores e gestores para descobrir como foi gasto “R$ 1 bilhão, contraído em 2014, que pode impedir a realização de obras e aquisição de equipamentos em áreas prioritárias, como Saúde, Educação, Segurança Pública, Indústria e Agropecuária”.

Há, ainda, o risco de dezenas de obras iniciadas ficarem inacabadas. Segundo a matéria, “os recursos vieram, mas foram remanejados para obras menos importantes e mais fáceis de realizar no fim do governo”.

Bom, estamos tratando do mesmo governo que preferia, tendo o Serviço de Engenharia do Estado de Alagoas (Serveal), contratar outras empresas para realizar o mesmo serviço. Estamos tratando do mesmo governo que, costumeiramente, contratava empresas para realização de serviços emergenciais na educação, segurança, enfim. Dizem que os casos estão sendo apurados pelo MP.

Como sabemos há bastante tempo, campanha eleitoral é feita com muito dinheiro. Assim está construindo o sistema atual. Mensalão, Petrolão, Gautama, Furnas, construção feita no governo Aécio Neves do aeroporto de Cláudio (MG) no terreno que era do seu tio-avô. Ou seja, quase todos os escândalos são filhos legítimos de uma relação promíscua entre o poder público e o setor que gera propina, o privado.

E isso ocorre no governo federal, nos estados e municípios, nas assembléias e câmaras municipais. Claro que não é uma regra geral. Há exceções. Mas esse é o sistema que, majoritariamente, assim funciona, é perpetuado e alimentado. Nem sempre os citados e colocados sob suspeição são, efetivamente, os culpados.

Só que o maior responsável por tudo isso sou eu e você. Nós votamos, indicamos os nossos representantes. Eu fumo enquanto dirijo e jogo o resto do cigarro na rua. Você estaciona na vaga restrita para idosos, estaciona em local proibido, pega notas frias para dedução de imposto de renda, etc.

Como disse a ex-presidenciável Marina Silva, durante conversa com estudantes da Universidade Harvard, nos Estados Unidos, o país vive um “grave problema com a corrupção”. E não se trata de um problema de Dilma, Lula, de Fernando Henrique, nem de Collor, nem de Sarney’ , de nenhum governo, é um problema nosso. E que, “enquanto se achar que o problema é deles, vamos continuar tendo esse problema”.

Realmente, o problema é nosso. As mudanças dependem de nós, do que fazemos e como queremos. Quando não queremos, transferimos a responsabilidade.

 

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