Na manhã de hoje, dia 10, durante o programa que apresento na Rádio Jornal AM-710, conversei com um dos organizadores do Movimento Brasil Livre (MBL), Leonardo Dias.

O Movimento é um dos que capitaneiam as manifestações que estão puxadas para o próximo dia 15 de março em todo país. Em Maceió, o evento terá concentração no Corredor Vera Arruda, por volta das 8h30 do dia 15.

As manifestações que devem ocorrer nos próximos dias simbolizam o momento em que o Brasil vive com uma forte crise econômica, política e até mesmo ética diante do Executivo federal e o Legislativo enfrentarem denúncias de “institucionalização” da corrupção.

Neste sentido, a lista divulgada pelo procurador-geral da República, Rodrigo Janot – com os políticos que devem ser investigados por supostos desvios de recursos envolvendo a estatal Petrobras – é um elemento a mais que tem causado revolta.

Em todo caso, o país se divide. Se de um lado há o MBL prometendo uma grande marcha popular no dia 15 pedindo o impeachment da presidente Dilma Rousseff (PT), do outro lado há também uma manifestação coordenada por aliados de Dilma marcada para  dia 13 de março.

Busquei abrir – em meu programa – espaço para os organizadores dos dois eventos em Alagoas. Espero que ocorram de forma democrática e respeitando a liberdade de expressão e opinião de quem esteja de um lado, ou do outro. Que prevaleçam os argumentos e os fatos que tenhamos civilidade na forma de manifestar o que pensamos.

Hoje, como dito acima, conversei com o MBL. Amanhã, dia 11, receberei na Rádio Jornal os representantes da Central Única de Trabalhadores (CUT) daqui de Alagoas que apoiam a manifestação pró-Dilma.

De acordo com um dos coordenadores do Movimento Brasil Livre, Leonardo Dias, “a ideia do MBL – no dia 15 de março – não é criar um movimento de direita. Até porque temos apoio de partidos que estão mais a esquerda, como de pessoas que são do PSOL, por exemplo. Não é nem ir para a direita, nem para a esquerda. Mas cobrar que o Brasil vá em breve. Não temos ligação com nenhuma sigla partidária e todos que estão insatisfeitos com o momento que o Brasil vive, no fracasso na economia e dos escândalos de corrupção, podem se fazer presentes”.

“Nós somos um grupo de pessoas, dos mais variados segmentos da sociedade, que estamos insatisfeitos com o momento que o Brasil passa, com o que vem acontecendo no país hoje”, ressaltou Leonardo Dias. O MBL não esconde o apoio à ideia de impeachment. Indaguei a Dias se não seria uma “ideia radical”. Ele rebate: “cobramos a saída da presidente. Defendemos isto diante das denúncias da forma como foram abastecidas as campanhas do PT. Dinheiro suo e roubado que foi para reelegê-la. São R$ 200 milhões que foram para a campanha de forma ilegal. Essa história de que a corrupção no Brasil é cultural não pode ser aceita. O Brasileiro em si não é corrupto. É um trabalhador honesto. Vamos mostrar isto no dia 15 de março. Que não aceitamos esta corrupção desenfreada deste governo”.

Leonardo Dias colocou que não há espaço para rótulos dentro do Movimento e criticou os que os acusam de serem golpistas ou fascistas. “Estes adjetivos são ridículos. Aqui há uma expressão de parte grande da população que está indignada com o que vem acontecendo no governo federal. Eles usam estes adjetivos como tática para segregar as pessoas. Ricos contra pobres. Brancos contra negros. Enfim. Ninguém aqui está defendendo golpe. O impeachment é previsto na Constituição Federal e é algo que eles usaram também lá atrás quando acharam que as coisas não iam bem. Usaram contra o ex-presidente Fernando Collor de Mello”, argumentou o organizador.

Nas críticas, Dias ainda ressaltou que o MBL não apoia o PSDB nem tem o apoio deste. “O PSDB tem uma frouxidão ao fazer oposição. Ninguém aqui defende sigla. Não se trata de um terceiro turno”, colocou. Ele ainda defendeu o fortalecimento da democracia com o respeito ao direito legítimo às manifestações neste momento, sejam elas quais forem, desde que “pacíficas e ordeiras”.

"A manifestação do dia 13 de março é legítima. Eles – que pensam diferente de nós - tem que ir para a rua e defender o que acreditam. Não concordamos com eles, mas nem por isso usamos adjetivos para definir a CUT disto ou daquilo outro. A gente defende o direito deles de se manifestarem e pede o mesmo respeito e consideração para o que nós queremos defender, que são os nossos ideais", sentencia Leonardo Dias.

Questionei também o Movimento sobre as ideias de militarismo e golpe militar. A resposta: "defender o golpe militar é defender que a sociedade não é capaz de eleger representantes dignos. Nós discordamos. Nós acreditamos na sociedade e pedimos que ela se politize do momento político, defendendo seus ideais e seus pontos de vista. É preciso que a sociedade participe e não transfira a responsabilidade para terceiros",

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