O colunista Lauro Jardim foi cirúrgico, em sua coluna em Veja, ao comentar sobre o comportamento do PMDB em Brasília. Não é desta data que a relação de aliança entre o PT e o PMDB - muitas vezes explicada pelos cargos e fisiologismo puro - se faz de forma “tensa” e marcada por um “morde e assopra”.
Desentendimentos foram vários pelo meio do caminho. Ameaças de posicionamentos próximos da oposição também fizeram parte do repertório peemedebista em muitos momentos. De um lado, um PMDB que morde. Do outro, um PMDB que assopra.
O jogo faz com que o partido do presidente Renan Calheiros sempre esteja atento para lembrar à presidente Dilma Rousseff (PT) o tamanho da sigla. Em contrapartida, os peemedebistas - dentro deste xadrez - sempre souberam se movimentar bem nos “dias de afago”.
Foi o que garantiu a indicação de Vital do Rêgo para o Tribunal de Contas da União, por exemplo. Foi o que estimulou a posição de Renan Calheiros na histórica sessão do projeto de alteração da meta fiscal do governo. Foi até o que garantiu à reeleição de Calheiros à presidência do Senado Federal.
Na época, distante dos holofotes, Renan Calheiros deixou por conta de outros avisarem sobre seu favoritismo. Evitou a imprensa até onde deu e sofreu nos últimos dias, contanto com o apoio do PT para se consolidar no comando do Congresso Nacional. A oposição cresceu. E não é uma análise numérica.
O presidente da Câmara de Deputados, o peemedebista Eduardo Cunha, também parece entender este jogo. De acordo com as informações publicadas na revista semanal, o deputado federal prometeu apoio ao pacote fiscal do governo de Dilma Rousseff e ganhou elogios de Aloízio Mercadante (PT).
Quem diria! Logo Cunha que levou o nome de “conservador” e “reacionário” devido algumas de suas colocações que vão de encontro ao que pensam os petistas mais efusivos em relação às bandeiras do partido.
No Senado Federal, a posição - com Renan Calheiros - é outra. O senador já disse que não vai permitir que o ajuste fiscal afete o trabalhador. Isto representa um “contraponto” ao governo petista.
Mais uma vez - coincidentemente ou não! - o PMDB deixa claro o seu tamanho diante de um PT que não terá vida fácil no Congresso Nacional. A oposição cresce e os aliados estão cada vez mais distante de um discurso “hegemônico”. É o que se vê em algumas opiniões.
Recentemente, por exemplo, o líder do PR - o deputado federal Maurício Quintella (Alagoas) - disse que apoia o governo federal, mas que sua sigla não marchará com o que for exclusivamente uma bandeira do PT. Entende-se aí assuntos como regulação de mídia, por exemplo.
Em resumo, o jogo do “toma lá da cá” - avaliando o tamanho dos partidos no Congresso - começa a não soar mais tão eficiente assim para a aprovação de matérias no estilo rolo compressor.
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