Previdência Complementar é uma boa ideia? (Parte 2)

25/02/2015 15:43 - Minuto Dinheiro
Por Ademir Cruz, Ricardo Rolim
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Vamos dar continuidade ao tema previdência complementar. Conforme falamos anteriormente (clique aqui), você já sabe a diferença do PGBL pro VGBL e como o banco identifica o seu perfil para poder investir.

Abaixo, vamos citar alguns aspectos que você deve sempre considerar caso pretenda fazer um plano de previdência complementar.

É importante ter em mente: a previdência complementar é um investimento de longo prazo, cujo uso pressupõe-se que seja para o final da vida profissional ou mesmo para depois de muitos anos de contribuição - no mínimo 20 anos, chegando até mesmo a 40 anos de acordo com a idade da entrada do adquirente e a idade que o mesmo pretende começar a receber os frutos. Existe também a possibilidade de ajudar a realização de projetos de futuro, como juntar para adquirir um imóvel ou até mesmo pagar a faculdade do(s) filho(s).

Se você trabalha na iniciativa privada ou é autônomo ou contribuinte individual, por exemplo, e está contribuindo para a aposentadoria do INSS, é importante ter em mente que quando se aposentar, para poder receber a “aposentadoria integral”, você deverá ter 60 anos de idade (mulher) com no mínimo 30 anos de contribuição, ou 65 anos se for homem, com no mínimo 35 anos de contribuição. Essas são as regras atuais. Muito provavelmente, acontecerão no futuro novas reformas da previdência, tendo em vista que a expectativa de vida do brasileiro continua aumentando. Se hoje você já ouve falar de déficit da previdência, imagina no futuro! No caso do INSS, existe um teto remuneratório. Hoje, o teto é de R$ 4.663,75 (esse valor é corrigido anualmente). Para que você receba o teto, você precisa contribuir para tal. Exemplo: se você ganha R$ 6.000,00 por mês, contribui mensalmente com 11% do teto (11% x R$ 4.663,75 = R$ 513,01). Se o seu salário bruto é de R$ 2.300,00, contribuirá com 9% de sua renda bruta e ao se aposentar (com base no sistema atual) receberá um valor acima do salário mínimo, mas menor que o teto.

É aí onde entram os planos de previdência complementar: eles têm por objetivo oferecer uma renda extra ou complementar para o momento da aposentadoria (ou até mesmo antes), de forma que o contribuinte não sinta tanto o impacto da diminuição dos rendimentos. É importante ter em mente que o valor a ser resgatado está diretamente ligado ao valor de sua contribuição mensal e ao tempo que você contribui – quanto mais cedo, melhor. Lembre-se ainda que a previdência privada não está ligada em nada ao INSS.

Recomendamos ao leitor do Minuto Dinheiro que pretende investir em previdência complementar a também observar o seguinte:

- Taxas de administração: as taxas são cobradas em função de um período (normalmente um ano). Exemplo: se a taxa de administração cobrada for de 2,00% ao ano, caso você invista inicialmente R$ 5 mil, você pagará já no primeiro ano R$ 100,00 do valor investido!

- Taxas de carregamento: a maioria dos planos de previdência privada cobra a chamada taxa de carregamento! Como funciona isso? A cada valor investido, uma parte é retirada para arcar com custo de quem gere o plano de previdência, assim, se seu plano de previdência complementar tem uma taxa de carregamento de 3%, significa dizer que a cada R$ 100,00 investidos, apenas R$ 97,00 irão para sua previdência, sendo que os outros R$ 3,00 são retidos como custos para o banco aplicar o seu dinheiro. Alguns bancos cobram as 2 taxas conjuntamente: taxa de administração + taxa de carregamento.

- Taxa de saída: cobrada caso você queira retirar o dinheiro; normalmente, amigo leitor, há uma carência a ser cumprida e você deve observar isso. Evite sair antes de 1 ano, você pode ter surpresas e praticamente perder o que investiu.

Pode ter certeza: por mais que as taxas exemplificadas acima aparentem ser baixas, elas impactam bastante na rentabilidade no seu investimento – as taxas diminuem o valor aplicado e minoram uma rentabilidade que era pra ser sua! Tente negociar taxas menores no seu banco! 

- Imposto de Renda na saída: como forma de incentivar os investimentos de longo prazo, o governo diminui a tributação à medida que a aplicação fica mais tempo guardada. Lembre-se que como falamos anteriormente, caso seu plano seja o PGBL, incidirá IR no momento do resgate sobre todo o capital aplicado. Já na modalidade VGBL, o IR incidirá sobre os ganhos de capital (rendimentos). Em ambos os casos, incidirá a tributação regressiva: quanto mais tempo aplicado, menor o IR. Veja abaixo:

Tabela Regressiva de IR
Período de Aportes Alíquota de IRPF
até 2 anos 35%
de 2 a 4 anos 30%
de 4 a 6 anos 25%
de 6 a 8 anos 20%
de 8 a 10 anos 15%
Mais de 10 anos 10%

 

Mais algumas sugestões do Minuto Dinheiro:

1. Invista em conhecimento financeiro; procure conhecer melhores opções de investimento; educação financeira é cada vez mais importante a cada dia que passa. 

2. Evite fazer aportes na previdência e busque aplicações mais vantajosas pra você (ex.: Tesouro Direto, fundos imobiliários, ações). Procure seu banco e busque baixar as taxas citadas acima, de forma que possam melhorar a sua rentabilidade.

3. É importante entender que a melhor forma de tomar decisões financeiras é estar ciente das vantagens e desvantagens de cada investimento. A ausência de conhecimento pode lhe custar muito alto!

 

 

Até a próxima.


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Ademir Cruz, formado em Ciências Contábeis, leitor habitual da literatura financeira, irá demonstrar como pode ser interessante o mundo das finanças pela ótica da Bolsa de Valores.

Márcio Raimundo, investidor da bolsa desde 2009; leitor assíduo de fóruns e portais de economia e finanças, mostrará que investir na bolsa é mais simples do que se imagina.

Ricardo Rolim, formado em Administração de Empresas e um curioso em investimentos no mercado de ações e no Tesouro Direto, onde mantém aplicações.

Rodrigo D'Avila, formado em Administração de Empresas. Investe desde 2006 no mercado financeiro e pretende compartilhar nesse espaço os conhecimentos e experiências adquiridas ao longo de todos esses anos.

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