Já tinha tratado deste assunto aqui no blog: a forma como o deputado estadual Rodrigo Cunha (PSDB) – conforme os bastidores políticos do parlamento estadual – vem se sentindo fora do ninho tucano dentro da Assembleia Legislativa do Estado de Alagoas.

Pois bem, na sessão de hoje, dia 25, o que era um assunto de bastidores veio a público. Rodrigo Cunha usou a tribuna – em seu primeiro discurso como deputado estadual – para reclamar da forma como foi isolado das discussões que envolveram o PSDB na escolha da liderança do partido e do bloco que faz parte.

O deputado estadual Gilvan Barros Filho (PSDB) articula pela liderança da sigla na Casa de Tavares Bastos e já definiu – em conjunto com os outros tucanos (com exceção de Rodrigo Cunha) - o caminho da legenda: o ingresso em um bloco que é formado ainda por PSD, PROS, PPS e o próprio tucanato.

Os tucanos possuem quatro parlamentares: além de Rodrigo Cunha, Bruno Toledo, Gilvan Barros Filho e Edival Gaia (este é o único remanescente da legislatura passada). De acordo com Rodrigo Cunha, as decisões estão sendo tomadas sem passar por ele. “Não aceito ser calado ou excluído na formação de um bloco partidário sem a minha anuência. Esta situação externa uma situação crítica em relação ao meu partido nesta Casa. Eu fui desconsiderado e surpreendido pelas decisões do PSDB. Surpreende-me as indicações passando por discussões que não me envolvem. Reafirmo aqui a minha independência e não participo de conchavos”, colocou Cunha.

“Quero ter a minha vontade respeitada e não ser ignorado. Não se trata de ser voto vencido. Posso passar quatro anos e não ser um líder ou não ser maioria em uma determinada situação, mas me posicionando, ou sendo convencido por uma discussão com a bancada. Ou perder numa votação. Eu estou numa democracia e sei muito bem disto. O que eu não aceito é criar situações em que me excluam de uma forma muito danosa”, destacou.

Rodrigo Cunha deixou a entender que o que ocorre com a bancada tucana na Assembleia Legislativa é um assunto que precisa ser discutido com a Executiva estadual do PSDB e com o presidente da legenda, que é o deputado federal Pedro Vilela (PSDB). “Levarei este assunto para o partido. Levarei para a direção da Executiva”.

O deputado estadual tucano ainda foi indagado se esta seria uma forma do próprio partido tolher seu mandato em função das expectativas que existem quanto a sua atuação. “É uma pena. Eu chego nesta Casa de uma forma propositiva, querendo gastar as minhas energias em uma agenda positiva. Fiscalizar o serviço público estadual, os recursos públicos. Esta é a função do parlamentar. Se for necessário vou voltar meus olhos para dentro da Casa. Quero cumprir a minha função como deputado estadual e usar a minha experiência no Procon para melhorar a vida dos alagoanos”, respondeu.

Rodrigo Cunha também foi questionado sobre a posição da Executiva em relação ao desentendimento na bancada. “Aconteceram duas reuniões com a Executiva na qual a discussão sobre a liderança se restringia a duas opções: o meu nome e o do deputado Bruno Toledo. Inclusive, havia uma busca por entendimento com o Bruno dele iniciar e depois eu ficar na liderança ou vice-versa”. Isto não ocorreu. É quando Cunha se diz surpreendido pela ação de bastidor que colocou Gilvan Barros Filho – ainda que informalmente, pois a indicação não foi feita! – como líder na Casa, inclusive apontando para a formação do bloco.

Indaguei a Rodrigo Cunha se ele se sentia um tucano “fora do ninho”. Ele frisou: “é necessário separar. Uma questão é a Executiva e o partido. Outra é como os parlamentares do PSDB aqui estão. Eu não tenho nenhum motivo para ir de encontro ao partido no que se refere à Executiva. Vou discutir até este assunto com o Pedro Vilela para que se tomem as medidas necessárias. Até porque pelo regimento quem escolhe a liderança são os deputados. Teoricamente não haveria ingerência. Não posso fazer uma crítica ao partido. Houve reuniões democráticas, mas que não foram respeitadas pela bancada do PSDB”.

Rodrigo Cunha afirma que vai brigar pela liderança dos tucanos na Casa de Tavares Bastos. “É possível afirmar que eu tenho total interesse em ser líder para fazer o que eu já comecei a fazer que é produzir e esclarecer o que for necessário, que é trabalhar de forma técnica. Uma liderança de partido não pode ser utilizada como barganha para negociar em função de projetos de interesses do governo”.

Ao falar sobre “barganha” questionei a Cunha se este seria o motivo do interesse de Gilvan Barros Filho pela liderança. “Eu falo por mim. Esta é a forma como eu vou agir. Eu acho que é assim que se contribui para o avanço do Estado”.

Bruno Toledo

Conversei também com outro tucano da Casa sobre o assunto diante da crise do PSDB dentro da Assembleia: o deputado estadual Bruno Toledo. “De maneira alguma o deputado estadual Rodrigo Cunha é um ‘tucano fora do ninho’. O deputado Rodrigo Cunha é um bom companheiro, é um bom debate como eu gosto de frisar. Isto é pertinente ao parlamento alagoano. Apenas deixo claro, e esclareci isto quando usei a tribuna, que o tema liderança partiu do Rodrigo Cunha e qualquer generalização que se faça acaba resultando em equívocos e injustiças”.

“Eu não participo de golpe algum. Não gostaria de ver meu nome incluído de forma generalizada em algum tipo de armação para excluir qualquer deputado estadual, pois isto não faz parte da minha conduta. Eu apenas fui comunicado sobre a decisão da liderança, como o Rodrigo Cunha foi comunicado. A diferença é que ele foi comunicado por mim. Antes da decisão ter sido tornada pública, eu fui informado pelos outros dois deputados estaduais do PSDB e informei ao Rodrigo Cunha. Eu acho por bem esclarecer isto”, explicou ainda o tucano.

Bruno Toledo ainda disse que confiava na atuação do parlamentar Rodrigo Cunha e que este tinha a confiança do partido. O blog tentou contato também com o deputado estadual Gilvan Barros Filho que – caso se confirme a indicação – deve ser indicado líder e foi o pivô da crise envolvendo o tucanato na Casa de Tavares Bastos, mas não conseguiu êxito. O espaço está aberto para a fala do parlamentar. 

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