Na edição desta sexta-feira, dia 20, a Tribuna Independente – em matéria assinada pela jornalista Andrezza Tavares – identifica dois funcionários comissionados do Legislativo que estão na lista dos 63 nomeados pela nova Mesa Diretora. Estes dois servidores são Gildo Gouveia dos Santos e Iris da Silva Gouveia.

Na legislatura passada, juntamente com Joana D’Arc da Silva (esposa e mãe dos nomeados), eles teriam recebido mais de 277 depósitos em apenas um ano e meio, figurando na “lista de ouro” de comissionados da Casa de Tavares Bastos que eram agraciados com repasses que são investigados pelo Ministério Público Estadual.

Joana  D’Arc, Iris da Silva Gouveia e Gildo Gouveia (filha e pai) receberam – conforme matéria de Andrezza Tavares – R$ 1,6 milhões. O caso já havia sido divulgado pela imprensa local e nacional. No entanto, eles foram renomeados e retornam à Casa de Tavares Bastos lotados no gabinete do deputado estadual Bruno Toledo (PSDB).

Bruno Toledo é filho do ex-presidente da Assembleia Legislativa do Estado de Alagoas, Fernando Toledo (PSDB), que atualmente é conselheiro do Tribunal de Contas do Estado de Alagoas. Por sinal, foi na gestão de Toledo (o pai) que se descobriu – a partir de denúncias feitas pelo deputado federal João Henrique Caldas (Solidariedade) – a “lista de ouro”.

São gastos da gestão de Fernando Toledo que nunca foram explicados. Sem contar que – conforme as ações do Ministério Público – há indícios de malversação de recursos públicos, uso de laranjas, funcionários fantasmas, dentre outras possíveis irregularidades. Quando Fernando Toledo deixou a Casa, quem assumiu a presidência de forma meteórica foi Antônio Albuquerque (PRTB).

Albuquerque encontrou uma Casa mergulhada em escândalos e com inúmeras pendências deixadas pelo ex-presidente tucano. Uma das medidas do deputado estadual do PRTB, que foi reeleito e se encontra na atual legislatura, foi exonerar 213 servidores comissionados diante da suspeita deles serem fantasmas. Iris da Silva Gouveia estava nesta lista, segundo as informações da Tribuna Independente.

Coube ao deputado estadual Bruno Toledo sair em defesa dos servidores citados na reportagem. Afinal, estão lotados em seu gabinete. Toledo (o filho) concedeu entrevista ao radialista França Moura.

“As nomeações são de responsabilidade do nosso gabinete. Isto eu assumo”, frisou Bruno Toledo. E seguiu: “eu indiquei estes servidores, a Iris da Silva Gouveia e o Gildo Gouveia para prestarem serviços no meu gabinete”. O tucano disse que a servidora foi tratada de forma pejorativa pela imprensa. “É uma pessoa que trabalhava no setor de limpeza. Isto é mentira. Eu tenho todo respeito a estas pessoas, mas ela é uma servidora que estudou muito e é qualificada. Quem me visitar no gabinete verá a servidora trabalhando. Eu não poderia ser covarde e não nomear uma pessoa que é importante para gente por estar sendo investigada. É algo que não foi comprovado”.

“A gente espera que o Ministério Público termine a fase investigativa e mande o processo para o poder Judiciário. É lá que a gente vai conseguir elucidar tanta coisa e a sociedade precisa destas respostas”, diz Bruno Toledo.

Toledo diz ainda que ela não recebeu o salário do mês de dezembro. “É uma pessoa competente. É meu braço direito aqui no gabinete e que exerce uma função de extrema importância para que eu possa fazer um mandato que orgulhe o povo de Alagoas”, defende ainda o tucano.

Alguns pontos

Alguns esclarecimentos se fazem necessários. A matéria de Andrezza Tavares vai em pontos que foram investigados pelo Ministério Público Estadual mostrando informações que deixaram muitos estarrecidos diante da forma como o deputado Fernando Toledo conduziu o parlamento nestes últimos anos. De “capciosa” – como diz Bruno Toledo – a matéria não tem nada. Capcioso é a criação de subterfúgios para esconder a verdade sobre os gastos da Assembleia. Tavares, em sua reportagem, cumpriu uma função nobre do jornalista: comparar dados e mostrar as conclusões lógicas e os questionamentos pertinentes.

Bruno Toledo – em seu discurso – tenta dizer que a imprensa colocou a funcionária de forma pejorativa por ter citado que ela era da área de serviços-gerais e tinha um salário de R$ 16 mil. Tanto que afirma ter respeito aos servidores deste setor. Respeito aos servidores deste setor, nós jornalistas temos e muito! Desrespeita estes e quaisquer outros servidores da ALE, os parlamentares que usam do poder político-econômico que possuem para nomear determinadas pessoas para cargos X e Y impondo o acordo destas devolverem parte dos salários. O MP identificou isto nas investigações.

Espero que o deputado estadual Bruno Toledo condene tais práticas e as combata, nomeando pessoas para seu gabinete baseado na competência destas e no fato delas realmente trabalharem, não constando em listas especiais ou recebendo mais repasses que os devidos, ou acima do teto constitucional como ocorreu – conforme o Ministério Público Estadual – na gestão de seu pai: Fernando Toledo. Afinal, é generalizar demais usar o dito “tal pai, tal filho”.

Descredenciar o jornalismo investigativo que a Tribuna Independente fez sem apresentar argumentos quanto ao mérito da reportagem é que não é cabível. Bruno Toledo não entra no mérito nem explica qual é exatamente a função de seus “nomeados de confiança”. Bruno Toledo fala em transparência e assumir os atos. Eu concordo com ele. Creio que a maioria dos alagoanos concorda também. Faltou exatamente isto ao tucanato anterior que comandava a Casa de Tavares Bastos e por isto deu no que deu. Acho que Bruno conhece de perto alguém que com ele não concorda.

Quando questionado sobre os repasses e a forma de conduzir a Casa na legislatura passada, aí Bruno Toledo se esquivou: “não fazia parte da legislatura passada”, mas "herdou" os funcionários do pai.  “O que eu espero é que esta fase do Ministério Público passe e seja encaminhado para o Poder Judiciário para saber o que tem de verdade ou inverdade. Eu não tenho conhecimento se existe servidor recebendo estes montantes denunciados. Mas o que eu espero também é que isto seja o mais brevemente possível esclarecido”.

“Se existia mazelas anteriores que se busque os responsáveis”, disse Bruno Toledo. Ele disse! “Que não fique sendo colocado apenas na conta de uma pessoa”. É verdade esta frase de Toledo (o filho). A maioria do parlamento pecou por omissão. Mas, o regime é presidencialista. Sendo assim quem respondia pela administração da Casa na gestão passada? A Mesa Diretora. Quem a presidia? Fernando Toledo!

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