O líder do PR da Câmara de Deputados, o parlamentar alagoano Maurício Quintella Lessa, terá a missão de conduzir a bancada de 33 deputados federais em diversos temas que serão polêmicos na Casa e que entram em pauta já nas próximas semanas, como a reforma política, por exemplo.
Quintella, na legislatura passada, assumiu posturas de independência ao abordar temas como as investigações envolvendo supostas irregularidades na Petrobras, dentre outros em que – mesmo estando em partido da base aliada – se mostrou contrário ao pensamento do governo federal.
Como líder de um partido de uma das legendas da base aliada, há dificuldades naturais de assumir uma postura com maior independência, pois agora conduz a agremiação na Câmara. Entretanto, o deputado federal coloca que a sigla vai trabalhar pela “governabilidade”, mas não por “bandeira de um partido”, no caso: o PT.
A postura de Quintella tem sido semelhante ao posicionamento de outros líderes.
Esta postura já foi vista no PR, quando parlamentares da sigla assinaram a criação da nova Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) da Petrobras. Quintella não assinou, mas hipotecou apoio aos que assinaram e a criação da própria Comissão.
O líder acredita ser possível conduzir seu partido desta forma na Câmara de Deputados. Assim se posicionou recentemente ao falar de “reforma política”, por exemplo. Maurício Quintella afirma que dará apoio à presidência da República no que classifica ser “a mãe de todas as reformas”.
Porém, foi enfático ao classificar o que o PR já considera “bandeiras específicas” do Partido dos Trabalhadores. “Estas dependerão de discussões internas na bancada”. O PR já deixou claro – por exemplo – que não vai apoiar o projeto de regulação de mídia. Uma das teses defendida pelo Partido dos Trabalhadores
“O PR é um partido da base do governo, participa desta administração, por meio do Ministério dos Transportes, e tem responsabilidades com o país”, salientou. Em entrevista à Agência Câmara, Quintella frisa que o PR vai separar o que é “matéria de governo”, “de oposição” e as que são do partido da presidente.
Isto faz – por exemplo – com que o PR passe a ter discussões internas em relação a outras questões importantes como os ajustes fiscais que a presidente Dilma Rousseff (PT) pretende levar para o Congresso. “É um momento de arrocho, de rever gastos, de melhorar a qualidade desses gastos. Nós vamos analisar com a bancada qual é efetivamente essa proposta de ajustes e vamos tomar uma posição partidária a partir de cada proposta”.
Nas entrelinhas da entrevista de Maurício Quintella é possível perceber que mesmo a base aliada do governo federal não pretende dar vida fácil ao PT dentro do Congresso Nacional justamente em função dos projetos mais polêmicos. Dilma Rousseff vai lidar com um parlamento que parece se empenhar em se mostrar não tão subserviente e com uma oposição que busca ganhar força.
A “vida difícil” de Dilma Rousseff já começa diante das posições do próprio presidente da Câmara de Deputados, Eduardo Cunha (PMDB). Cunha já se posicionou de maneira contrária a pautar projetos que são do interesse do Partido dos Trabalhadores, dentre os quais a também chamada “regulação de mídia”.
Cunha também falou em nome do PMDB na Casa, ainda no mês de janeiro, ao ressaltar esta diferença entre as “bandeiras de partido” das “matérias de governo”.
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