Conversei com o governador de Alagoas, Renan Filho (PMDB), sobre a matéria da jornalista Candice Almeida – que foi publicada nesta edição de número 72 do CadaMinuto Press. A jornalista apresenta uma análise da concentração de poder na mão do PMDB em Alagoas e – consequentemente – da família Calheiros.

O partido chegou ao governo do Estado, ocupa a presidência da Assembleia Legislativa do Estado de Alagoas, a presidência da Câmara de Maceió, detém um grande número de vereadores, três deputados estaduais e o “comandante” da tropa alagoana é o presidente do Senado Federal, Renan Calheiros.

Já a família de Calheiros elegeu Renan Filho governador e o deputado Olavo Calheiros. O trio foi peça importante para que Luiz Dantas (PMDB) se tornasse presidente da Casa de Tavares Bastos. A cientista política Luciana Santana – na matéria de Candice Almeida – chama atenção para uma faca de dois gumes: de um lado uma conjuntura favorável para avançar com o plano de governo de Renan Filho. Do outro, muito poder nas mãos de um único partido e de uma só família pode enfraquecer o processo democrático minguando a oposição.

O governador Renan Filho avalia “que a posição na qual o PMDB se encontra hoje no Estado é um processo natural. O PMDB vem crescendo mesmo ao longo dos últimos anos. Somos o partido que tem o maior número de prefeituras, somos o partido com maior número de vereadores. Temos um dos maiores números de deputados estaduais e os presidentes da Câmara e da Assembleia”.

Em relação ao poder que hoje está nas mãos de sua família – os Calheiros – Renan Filho coloca: “esta questão da família é o seguinte: tem o senador Renan Calheiros que é um quadro muito importante para Alagoas. Mas o espaço que ele galgou nacionalmente não foi por conta do PMDB local. Ele ocupa um espaço na política nacional. Alagoas elegeu o senador Renan para o Senado e ele conquistou para Alagoas o posto de presidente do Congresso Nacional. Isto é muito importante”.

O governador peemedebista ainda segue: “com relação a esta questão familiar, tivemos em Alagoas uma eleição duríssima e o eleitor pode escolher o melhor caminho. A escolha pelo caminho do PMDB foi justamente por entender que é o partido mais preparado, que reúne mais condições políticas para dar o salto que Alagoas precisa. Este partido é o PMDB. O PMDB tem acesso ao governo federal. O PMDB tem excelentes quadros. O PMDB tinha um candidato que já tinha sido duas vezes prefeito, tinha sido o deputado federal mais votado e dialogava mais facilmente com a população”, coloca Renan Filho. Na parte final desta declaração –para deixar claro para o leitor – o governador fala de si mesmo.

Para Renan Filho, o PMDB encara a democracia como o melhor modelo “porque qualquer escolha não democrática não se justifica, mas todas as escolhas foram feitas pelo povo, pelo cidadão. Nós temos aqui é compromisso de trabalhar. Eu vejo (a concentração de poder nas mãos do PMDB) com muita tranqüilidade, apesar de – como a análise do CadaMinuto Press coloca – saber da responsabilidade. Nós do PMDB estávamos há muitos anos sem disputar o governo do Estado. Não tínhamos tido candidaturas ao Executivo. Apoiamos outra como a do Ronaldo Lessa. Nesta eleição decidimos por candidatura própria depois de uma ampla discussão”.

O governador Renan Filho diz ainda que o PMDB acertou nas escolhas. “Agora, nós vamos é ter que acertar no governo”. Sobre se nos projetos políticos do PMDB já há a inclusão de um candidato para disputar a Prefeitura de Maceió, o chefe do Executivo estadual responde: “o projeto do PMDB agora é um grande governo. A Prefeitura de Maceió ainda não está no radar do PMDB. O partido precisa começar bem o governo. Atender as expectativas da população. O PMDB governa com uma ampla aliança. Aliança esta composta de outros partidos que tem também bons nomes para disputar a Prefeitura de Maceió futuramente. Vai chegar a hora desta discussão. Nosso campo não decidiu ainda se vamos ter ou não candidato. Minha preocupação é começar bem o governo”.

Estou no twitter: @lulavilar