São muitas as expectativas em relação às ações da Mesa Diretora da Assembleia Legislativa do Estado de Alagoas – agora presidida pelo deputado estadual Luiz Dantas (PMDB) – no sentido desta tomar medidas de maior transparência, prestação de contas e probidade no parlamento estadual.
Todavia, apesar da Casa contar com o novo comando que tem feito promessas neste sentido, toda a Mesa Diretora é formada por deputados estaduais que estiveram na legislatura passada. São parlamentares que poderiam ser mais ativos na cobrança por transparência no parlamento estadual. Se não pecaram por ação – levando o parlamento à situação de descrédito em que se encontram – pecaram por omissão.
Não é exagero afirmar que a maioria dos deputados estaduais que renovaram seus mandatos possui responsabilidade sobre o estado de coisas que vivencia a Casa Tavares Bastos mergulhada em escândalos de malversação de dinheiro público. É o que também – por exemplo – enxerga o ex-deputado estadual Judson Cabral (PT). Um dos poucos que fazia cobranças em relação às práticas da antiga Mesa Diretora presidida pelo ex-deputado estadual e atual conselheiro do Tribunal de Contas do Estado de Alagoas, Fernando Toledo (PSDB).
Diante das ações judiciais já propostas pelo Ministério Público Estadual e das novas que podem surgir é possível esperar que haja mudanças significativas no parlamento estadual? Eis o que responde Judson Cabral: “Em relação à atual legislatura – não quero aqui fazer juízo de valor, mas coloco como cidadão e com a experiência política de quem já esteve naquela Casa – eu diria que pelo perfil dos políticos que lá estão é difícil que tenhamos uma evolução. E digo não digo isto por não ter sido eleito ou por ter sido, digamos assim, substituído”.
Cabral – que fez parte da legislatura passada – salientou que “todo o estado de coisas e improbidade que ocorreu na Assembleia Legislativa do Estado de Alagoas, com a Mesa Diretora que passou praticamente sete anos no comando da Casa, foi com a conivência da grande maioria. Não pode ter sido como um fato isolado da Mesa, mas é um ponto de toda a estrutura que teve o apoio da grande maioria dos deputados”.
O petista ainda complementa: “É tanto que estes processos que correm no Ministério Público e na Justiça apontam para a maioria dos deputados que possuem participação”. “As pessoas não conseguem ainda vislumbrar a importância do parlamento e acabam se envolvendo em processos de negociação que levam ao parlamento pessoas despreparadas que são mais vulneráveis aos processos de corrupção e improbidades”, explica ainda Judson Cabral.
Sobre a derrota
Judson Cabral – em conversa com este blogueiro, no Jornal do Povo da Rádio Jornal AM-710 – ainda falou sobre a derrota sofrida no processo eleitoral de 2014. Cabral diz que a crise de denúncias que o PT vivencia, com Petrolão e Mensalão, contribuíram para que ele perdesse a eleição. “Não foi especificamente este ponto em relação a mim, mas influenciou. As pessoas me abordam e pedem desculpas, lamentam. Mas, na ocasião, muita gente acreditava que eu já estava eleito e resolveu votar em outra opção para que pudesse “somar” comigo na Assembleia Legislativa. Só que isto não aconteceu”.
“Entendo o processo democrático e não tenho ressentimentos. Mas isto nos causa frustração porque eu entendo que não foram as melhores escolhas, mas entendo a democracia. Eu continuo querendo servir à sociedade da melhor maneira possível. Agora não será na Assembleia, mas será na presidência da empresa de Serviços de Engenharia do Estado de Alagoas (Serveal), onde vou dar o melhor de mim. Vou dar o melhor de mim. Mas acho que ainda estava preparado – como estou – para contribuir com o processo político. Todavia, aceito o resultado democrático”, colocou ainda Cabral.
Judson Cabral salientou – entretanto – que o partido acertou na estratégia eleitoral para ocupar os espaços na Assembleia Legislativa, onde fez duas cadeiras (Marquinhos Madeira e Ronaldo Medeiros) e uma cadeira na Câmara de Deputados: Paulo Fernando dos Santos, o Paulão. “A estratégia foi correta, agora a seleção não nos contemplou. Talvez o partido não tenha tido o melhor resultado no sentido de sua representatividade. Eu estou no PT há 30 anos. O que ocorre com o PT foi o próprio PT que construiu”.
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