Uma das colocações do ex-governador Teotonio Vilela Filho (PMDB) – durante o processo eleitoral, ao rebater os que criticavam o governo por não chamar de imediato a reserva técnica das polícias e da Educação – era de que estas promessas eram apenas para “jogar para a galera” e que não possuíam consistência, nem poderiam ser cumpridas em função do Limite da Lei de Responsabilidade Fiscal (LRF).
Quase todos os candidatos ao governo da época – incluindo o eleito e atual governador Renan Filho (PMDB) – prometeram convocar as reservas técnicas. Alguns se reuniram com representantes destes movimentos. O pleito dos concursados que estão na reserva é justo. Diga-se de passagem. Alagoas possui carência de maior efetivo nas polícias, bem como de professores em sala de aula. Tanto é assim que, no caso da Educação, o uso dos monitores sempre foi alvo de críticas (na gestão de Vilela!)
Uma das frases de Vilela sobre a promessa era a seguinte: “quem anda prometendo chamar a reserva técnica da Polícia Militar e Educação de imediato vai queimar a língua”. O governo peemedebista já sente estas dificuldades de perto. Recebeu um estado com enormes dificuldades financeiras, aponta um rombo milionário deixado pelo ex-governador tucano e ainda lida com um limite da LRF completamente estourado.
Renan Filho está tentando cortar gastos onde pode. É prioridade tanto no primeiro quanto no segundo escalão. O que mais se ouve pelos corredores do Palácio República dos Palmares é a expressão “ajuste fiscal”. Reequilibrar as contas, aumentar a arrecadação e encontrar folga na Lei de Responsabilidade Fiscal – conforme o próprio governo – vai demandar tempo, o que se torna um impeditivo, com respaldo legal, para a não convocação das reservas.
De um lado, o secretário de Educação e vice-governador Luciano Barbosa (PMDB) já havia deixado isto claro em entrevista a este blog, ao afirmar que não há perspectivas de chamamento dos professores que aguardam ingressar na rede estadual após terem prestado concurso. Mais que isto: a pasta vai reduzir a necessidade de recursos humanos ao passar as séries do 1º ao 9º para as redes municipais.
Com isto, diminuirá a carência. Ou seja: precisará convocar menos professores. Logo, se houver convocação em longo prazo não será de toda a reserva que aí se encontra. Uma triste notícia para quem espera e protesta pelo direito. Afinal, são profissionais aptos e aprovados.
No dia de hoje, 29, foi a vez da Agência Alagoas – ainda que de forma tímida – mostrar que a convocação da reserva técnica da Polícia Militar de Alagoas e Polícia Civil também está longe de acontecer. De acordo com o secretário de Defesa Social, Alfredo Gaspar de Mendonça, não há perspectiva. O governador Renan Filho (PMDB) – em uma entrevista à imprensa – disse que haveria uma mesa de estudo para esta questão envolvendo as pastas da Fazenda e da Defesa Social.
As promessas de campanha se depararam com a realidade. Agora, o governo do PMDB vai ter que lidar com cobranças justas. Protestos que também ocorriam na época do tucanato. E as respostas oficiais também serão semelhantes: as contas do Estado, a Lei de Responsabilidade Fiscal e o cobertor curto. Vão conclamar o entendimento da sociedade reconhecendo o justo pleito de uma categoria que espera.
Renan Filho – por sua vez – diz também lidar com uma herança de débitos e práticas erradas do governo passado. Vilela ainda não se pronunciou sobre tais colocações do atual governador. Em 2007, o tucano também dizia lidar com uma herança de débitos e de práticas irregulares da gestão de seu antecessor: o ex-governador Ronaldo Lessa (PDT).
Vilela – antes de ser governador do Estado – havia prometido contratar mil policiais por ano. Queimou a língua da mesma forma como chegou a afirmar que seu sucessor queimaria. Não foram contratados mil policiais por ano e ainda lidou com os protestos das reservas. E agora Renan Filho? Queimarás a língua?
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