O ex-superintendente da Polícia Federal e deputado federal José Pinto de Luna (PT) – que assumiu o mandato recentemente, no lugar da parlamentar Rosinha da Adefal (PTdoB), que deixou a Câmara de Deputados para assumir pasta no governo do Estado – foi taxativo ao analisar a participação de seu partido nos últimos anos em Alagoas: “O PT em Alagoas se contenta com migalhas”.
Luna faz a crítica ao fato do partido não ter sido protagonista nas últimas disputas pelo Executivo, mesmo sendo o partido da Presidência da República. Para o ex-superintendente da Polícia Federal, que concorreu à Câmara de Deputados, em 2010, e a uma cadeira da Assembleia Legislativa, agora em 2014, a agremiação petista precisa criar “novas lideranças” para assumir desafios maiores nos próximos pleitos eleitorais.
José Pinto de Luna frisou o resultado das eleições do ano passado. Lembrou que o PT concorreu à vaga de deputado federal – quando elegeu o deputado estadual Paulo Fernando dos Santos, o Paulão (PT) – como se estivesse disputando uma majoritária. “Eu tive pouco mais de três mil votos e fui o quinto mais votado na disputa pelas cadeiras da Assembleia. Os outros quatro tinham mandatos, que era os deputados estaduais Ronaldo Medeiros, Judson Cabral e o vereador por Maceió, Cleber Costa”.
Para Pinto de Luna, o fato do PT local se esquivar de um protagonismo foi um dos fatores que acabou tirando Judson Cabral do parlamento alagoano. Ele não conseguiu se reeleger. “Eu tenho uma visão crítica e a exerço. As posições no PT não são unânimes e nós temos grandes divergências. Mas, tal qual aqui fora, lá dentro também tem uma máquina que faz moer. E aí, entram outros interesses”, salientou.
Indaguei a Luna se o PT – nos últimos processos eleitorais em Alagoas – se comportou apenas como um “puxadinho do PMDB”. “Isso eu não posso dizer. O que posso dizer é a crítica que faço. Quem tem que responder sobre os motivos das posições tomadas é a presidência. É o deputado Paulão”. Luna se lembrou do ano de 2010 – quando quis ser candidato ao Senado Federal – mais em uma aliança com o PMDB, o candidato foi o senador Renan Calheiros (PMDB). O delegado da PF acabou tendo que disputar a Câmara de Deputados.
“Em 2010, quem o PT quis fazer Senador, em só digo uma coisa, ele fez. A minha campanha estava configurada para uma majoritária. Eu mantive minha palavra com o PT, pois fui chamado por outros partidos para concorrer à majoritária, mas havia dado. Palavra nesta situação não existe e aprendi isto. Agora, eu tenho que caminhar com minhas pernas. Tenho resistência dentro do partido. Tem companheiros que não me toleram. Mas depende deles e delas e não de mim uma aproximação. Eu defendo, dentro do PT, as bandeiras que dá para defender. As que não, não defendo. Não só eu, como uma parte da militância”, complementou.
De acordo com Luna, o PT precisa saber para onde está indo em Alagoas. “É algo que precisa ser discutido pelo próprio partido. Quem fala que eu não sou PT de carteirinha é que tem que pensar o que é ser PT de carteirinha. Nós tratamos uma disputa proporcional como se fosse majoritária. O Paulão foi candidato único. Temos que rever quem serão os candidatos a vereador pelo PT em 2016. Nossos quadros estão se esvaindo. E não podemos pegar a laço qualquer um aí fora para disputar uma eleição”.
Ao analisar os espaços ocupados pelo PT em Alagoas e se este seria uma coadjuvante eterno do PMDB local nos processos, Luna analisou: “eu não me permito fazer esta análise. Esta tem que ser feita pelo companheiro Paulão, ou o Joaquim Brito que é quem faz mais esta interlocução com o PMDB. Eu prefiro pensar que nós estamos no chão, precisamos nos reerguer e só vamos conseguir com isto com união e trazendo com novos quadros. Não ter nossa sigla partidária como uma coisa só nossa. Não adianta ter uma sigla do tamanho do PT em Alagoas e não compartilhar isto. Precisa andar com as próprias pernas. Andar sozinho?”.
“Agora para lançar um companheiro como candidato a prefeito é um ‘deus nos acuda’ e o pessoal se contenta com migalhas. O PT em Alagoas se contenta com migalhas. Agora se essas migalhas vem do PMDB, do PROS, enfim...não importa. Nós temos que construir o nosso espaço”, destacou. Pinto de Luna cobrou altivez do partido e a “formação de talentos”.
Pinto de Luna diz que apoiou a candidatura de Paulão à Câmara de Deputados e viu a eleição como importante. “A vitória do Paulão é importante. Eu fiz campanha para ele. Eu vejo o Paulão ocupando esse espaço como alguém que quer levantar o partido. Hoje o PT tem três deputados federais por curto espaço de tempo. Momento histórico do partido e não estamos vivendo isso. Acho que o projeto do Paulão está certo e precisamos ter união e não dispersar”.
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