Hora de montar elenco e fazer política

23/12/2014 07:10 - Voney Malta
Por Voney Malta

Assim como aqui, em Brasília também, fazer política não tem muito segredo. É preciso montar o elenco titular misturando técnicos, pessoas de confiança do governante eleito e nomes que agradem politicamente partidos aliados de acordo com o seu tamanho. Depois, fazem-se os acertos em autarquias, fundações, enfim.

Em Brasília, por exemplo, a presidente Dilma já acertou qual espaço dará ao PMDB e não irá vetar nenhum nome que tenha sido citado por envolvimento no esquema de corrupção da Petrobras. Se assim fizer, estará julgando sem provas. E isso em política é fatal. Este é o caso do atual presidente da Câmara, Henrique Eduardo Alves (PMDB), que será ministro.

Afinal de contas, o vice-presidente é da sigla, que ainda tem a segunda maior bancada na Câmara, a maior do Senado e o presidente da Casa. Não é pouca coisa. No Brasil quem vence eleição precisa construir um governo de coalizão no congresso, nas Assembleias e nas Câmaras caso queira governar.

Os 13 nomes anunciados por Renan Filho seguem essa lógica. Os técnicos-políticos de confiança, Luciano Barbosa e Fábio Farias. Os eminentemente técnicos, caso de Rozangela Wyszomirska, entre outros, e os claramente políticos: Rosinha da Adefal, Joaquim Brito e Cláudia Petuba.

Há, ainda, aqueles estratégicos, casos de Alfredo Gaspar de Mendonça e Mellina Freitas. No primeiro caso, um nome acima de qualquer suspeita e com destacada atuação no Ministério Público Estadual para comandar a Defesa Social. Renan Filho preferiu seguir a linha iniciada no governo Lessa que foi aprofundada no governo Vilela, ou seja, construir uma parceria com órgãos respeitados e atuantes, caso específico do MP.

No caso de Mellina seguiu o raciocínio político pragmático. Não pode julgá-la por ações de improbidade que responde e que não foi condenada. Jogou por uma aproximação política ainda maior com a família dela - uma das mais influentes do interior, com representação na Assembleia e com um desembargador no Tribunal de Justiça, Washington Luiz, que irá presidir o Poder a partir de 2015.

Essa boa relação política com o Judiciário também foi utilizada pelo governador Teotonio Vilela. Deu certo. Aproxima as instituições, dividem-se problemas, criam-se laços. Basta lembrarmos-nos do desembargador Antônio Sapucaia no Detran e do juiz Diógenes Tenório, que está na Defesa Social.

Claro que, assim como no futebol, na política o elenco que termina as competições não é o mesmo que inicia. Há uma constante e eterna montagem de um quebra-cabeça.

Comentários

Os comentários são de inteira responsabilidade dos autores, não representando em qualquer instância a opinião do Cada Minuto ou de seus colaboradores. Para maiores informações, leia nossa política de privacidade.

Carregando..