Há cerca de cinco anos atrás, o cenário de corridas de rua em Alagoas era praticamente inexistente. As poucas provas que existiam contavam basicamente com atletas amadores e profissionais, que corriam pela premiação e reconhecimento. Anos se passaram e a temporada 2014 mostrou a transformação desse cenário, com recorde de provas, um “boom” de midiático misturando bem estar e fitness, num negócio que movimenta mais de R$ 10 milhões por ano, apresenta provas inovadoras e começa a trazer turistas de várias partes do Brasil e do mundo.
Este ano, o calendário de corridas de rua apresentou um acréscimo de 30% de provas, se comparado a temporada passada. São mais de 100 corridas, entre as confirmadas no início do ano e as provas que são apresentadas, aprovadas e realizadas durante a temporada.
A prova maior de que o cenário de fato mudou e atraiu atletas de pólos, foi a realização da Maratona das Alagoas. Há 30 anos a corrida não era realizada e retornou este ano com a participação de 800 atletas inscritos, mas os conhecidos “pipocas”, que correram pelo prazer e percorreram os 42km, entre o Memorial da República no Jaraguá e o Trevo do Francês em Marechal Deodoro, contemplando as belezas do litoral sul de Alagoas.
Porém, este cenário não foi reforçado apenas por esta prova. Eventos tradicionais como o Circuito da Lua, o Circuito Popular, organizado pela Prefeitura de Maceió, oferecendo inscrições gratuitas para os corredores, o Circuito Caixa, entre outros.
Porém, o evento que mais cresceu e se transformou na maior prova do Estado foi o Circuito Aby’s Sports de Corrida de Rua. Criado pela rede lojas de calçados, a corrida já foi realizada em três cidades, Arapiraca, Barra de São Miguel e Maceió.
A etapa realizada em outubro, reuniu aproximadamente três mil atletas, sendo 2.500 inscritos e o restante apaixonados pela corrida de rua. De acordo com o organizador deste circuito. Marcos Tavares, o custo de eventos como este gira entre R$ 400 e 500 mil.
“A corrida cresce porque existe público. Os alagoanos são apaixonados por corridas de rua, estamos recebendo vários turistas, mas não temos a pretensão de transformar a prova em um produto, com expectativa de retorno financeiro. É uma prova para diversão do alagoano, organizada por alagoanos. Nesta última corrida por exemplo, o custo foi de R$ 160 mil”, afirmou.
Provas se dividem entre diversão e retorno financeiro para organizadores e atletas
A grande maioria das corridas de rua ainda está direcionada para o público que escolheu a corrida de rua como atividade física, bem estar e lazer. A prova disso são os percursos diferenciados, reduzidos, que atendem a homens, mulheres, jovens, idosos e até as crianças.
Mas, os atletas profissionais, que tentam sobreviver do atletismo, através das provas de fundo em Alagoas, aos poucos estão ganhando alento dos organizadores. Diante da realidade crescente, os atletas reivindicam pelo menos, premiação justa.
“Nós que escolhemos viver da corrida de rua, ficamos felizes e recompensados quando decidem valorizar o nosso esforço e premiar financeiramente os vencedores. Mas, quando não tem dinheiro, a gente luta pela faixa-etária valorizada, medalhas e troféus descentes e um tratamento legal, não apenas com os atletas de elite, mas com todos que disputam corridas em Alagoas”, disse o corredor Léo Santana.
Provas ultrapassaram limite das capital e se tornaram moda no interior
Até por conta dos espaços maiores, possibilidade de patrocínio e grande maioria de participantes, Maceió é a principal referência quando se trata de corridas de rua em Alagoas. Porém, o interior do Estado também vem aderindo a prática.
Atualmente, cidades como Arapiraca (Circuito Aby’s e Corrida da Emancipação) Barra de São Miguel (Circuito Aby’s), Branquinha (Corrida da Emancipação), Maragogi (Latif Daher), Murici (Corrida da Emancipação) Roteiro (Corrida do Gunga), Volta da Lagoa (Maceió, Satuba, Santa Luzia do Norte, Coqueiro Seco e Marechal Deodoro) e Marechal Deodoro (Francês Running Night).
Esta última por sinal, vem para a sua segunda edição, que será realizada no dia 27 d dezembro, na paradisíaca Praia do Francês, que habitualmente é ponto certo de turistas e oferecerá mais um atrativo.
Diferente do ano passado, o evento premiará financeiramente os vencedores, mas tem um público reduzido.
O presidente da Federação Alagoana de Atletismo (FAAT), Mahebal Vasconcelos, comentou o crescimento dos eventos da modalidade em Alagoas. “Tem sido uma troca interessante. Porque antes precisávamos de apoio e hoje, podemos dizer que o empresariado está vendo o esporte com outros olhos. Ainda pode melhorar, mas está sendo positivo. Sejam provas de diversão e lazer ou provas profissionais, a federação tem apoiado e incentivado. Estamos produzindo grandes fundistas (atletas de provas de fundo, longa distância) e recebendo atletas de todo país. E da mesma forma que cresceu na capital, a tendência é que o interior seja contemplado”, afirmou o dirigente.
Bem estar, lazer, fitness. Seja como for, as provas viraram moda e são traduzidas em cifras
Com inscrições gratuitas, no caso do Circuito Popular, bem como valores que giram entre R$ 15 e R$ 50, as provas alagoanas mostram estilos diferentes, horários diferentes, mas um grande poderio financeiro.
Correr em lagoas virou uma moda que pode render valores interessantes. Entidades, órgãos, empresas, que nunca estiveram ligas as práticas esportiva, estão aderindo ao esporte da moda no Estado.
Basta chegar na orla de Maceió, em qualquer horário e estarão espalhados vários serviços de “personal trainer”, com seus equipamentos para treinamento funcional. As academias estão se especializando neste serviço e criam clubes de corrida.
A educadora física Prazeres Souza, é sócia-proprietária da empresa “Vip Aerobic”, que é uma assessoria esportiva. A equipe é responsável por preparar, avaliar e direcionar treinamento de atletas iniciantes, intermediários e profissionais.
De acordo com Prazeres, é um conjunto de atividades, que favorecem não apenas a empresa, mas principalmente o atleta. “Valores são meio que tabelados, nada é acima, superior ao sérvio que é feito. Nós trabalhamos por prazer e fazemos com que os atletas sintam prazer. O clima é assim constantemente. Nos encontramos em treinos, corridas, somos amigos fora das atividades também. É moda correr, assim como fazer amizades”, pontuou.
Um cálculo básico, envolvendo provas de pequeno, médio e grande porte, aponta que o custo dos organizadores, com o devido retorno, é de aproximadamente R$ 10 milhões por ano.
Provas de modalidades parecidas ganham apoio e participantes a reboque das corridas de rua
O atleta que corre 5, quer correr 10, 21 e que sabe 42km. É natural do ser humano se superar. Assim como quem participa de corrida de rua, quer conhecer outros esportes. Muita gente tem aderido a prática do duathlon, triathlon e trekking.
O Campeonato Alagoano, que há tempos organizava apenas uma prova por ano, agora realiza etapas durante a temporada. Para reforçar o calendário da modalidade, com a presença do secretário de esporte e lazer de Maceió, Antônio Moura e o presidente da Federação Alagoana de Triathlon (Faltri), Higino Vieira, foi confirmada a realização para 2015, do evento internacional Challenge Triathlon, que é realizado em várias partes do mundo, teve sede em Florianópolis nos últimos dias e chegará em Alagoas no ano que vem, trazendo atletas de todo mundo.