As relações do atual governo federal e da presidente Dilma Rousseff (PT) - reeleita em um pleito duríssimo - com Argentina, Venezuela, Bolívia e Cuba são regidos por um "eixo ideológico" comum que precisa ser esmiuçado de forma mais detalhada para a população; para que esta entenda a conjuntura política da América Latina com base em fatos mais precisos. 

É difícil tornar o assunto popular e mostrar o que isto influi no cotidiano das pessoas, já que são escolhas que pesarão em médio e longo prazo. E por vezes, só acordamos para a estrada quando o caminho já foi escolhido.

Neste texto, não faço juízo de valor sobre tais caminhos marcados por um eixo ideológico comum. Claro, tenho estes juízos para mim! E aos poucos, em textos futuros, vou travando este diálogo vez ou outra com o leitor. Sempre respeitando as divergências e o contraditório.

Apenas chamo a atenção para a necessidade deles serem conhecidos e mostrados pela imprensa aqui e alhures. Aliás, dos próprios comentaristas políticos se dedicarem a estes temas, seja para defender ou para criticar. Todavia, que seja feito com base no que de fato existe. É praticamente impossível se analisar a atual conjuntura política da América Latina e êxito dos governos de esquerda que se elegeram desde o final da década de 1990 até agora sem que se estude o impacto do Foro de São Paulo neste processo.

O Foro pouco aparece na imprensa. Nos debates políticos, muito menos. Seja por parte dos que o compõe (são vários partidos brasileiros, incluindo o PT, PSB e outros), ou pela dita "oposição", que mais parece um sopro covarde e minguado saído lá do elitizado ninho tucano, que também é cheio de "engenheiros sociais". Pouco se sabe da maior entidade político representativa da América Latina que a cada encontro tira resoluções para a construção - utilizando a expressão da presidente da Argentina, Cristina Kirchner - da "Pátria Grande".

Por sinal, não deve ser coincidência: Pátria Grande é nome de um outro movimento de esquerda que vem ganhando relevância na América e precisa ser conhecido e estudado por nossos cientistas políticos. O saber das fontes primárias é o passo inicial para a compreensão dos movimentos das  peças no tabuleiro do xadrez político. Kirchner ressaltou o trabalho do Foro de São Paulo na eleição da presidente Dilma Rousseff (PT). Nicolas Maduro - lá da Venezuela - não chegou a tanto, mas deixou bem presente nas entrelinhas.

Em seu mais recente encontro, o Foro de São Paulo mostrou a preocupação com eleições na Bolívia, Uruguai e Brasil. Falou-se muito também da importância do BRICS para os planos em andamento na região. Há uma necessidade da leitura destas forças políticas e de até onde vai a sua influência dentro da soberania nacional em função de um eixo ideológico. É a única forma - com exatidão - de compreender quais são os campos políticos existentes dentro da América Latina. E aí se concordar com eles ou não.

Sem as premissas corretas, toda conclusão sempre será confusa. Todo debate sempre será maniqueísta. Os lados deste debate - ainda que estejam tão próximos, como ocorre no Brasil - vão se resumir a se xingarem de demônios e de se atribuírem a áurea angelical de quem só quer o bem do mundo por força de decreto.

É preciso dar um basta nisto! É preciso ir além. Uma discussão com base em fatos, fontes primárias e argumentos é que nos ajudará a entender a realidade e seus rumos. Se na América Latina cito o Foro de São Paulo, peço que os leitores busquem também maiores informações sobre o que é a "new left" americana. Bem como, leituras sobre o pensamento conservador e o liberalismo. Cito dois autores para os iniciantes no processo: João Pereira Coutinho e Mises. Obviamente que se incluem aqui a leitura dos principais teóricos da esquerda também. Cito o conhecimento das ideias de Alexander Dugin, Slavoj Zizeck e outros. Comparar ideias - após beber da fonte - é o melhor instrumento. É o que deve ser feito.

O poder do argumento - quando o encaremos de peito aberto e sem preconceitos - pode operar mudanças incríveis na forma como enxergamos o mundo. Um ajuste de lentes. Infelizmente, no Brasil, muitos temas urgentes estão sendo deixados de lado. Uma cortina de fumaça se criou segregando pessoas, alimentando um ódio ao avesso e - ao mesmo tempo - uma redoma do "politicamente correto" que impede debates mais produtivos. É urgente buscar maiores informações para a realidade que nos cerca!

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