A conhecida vocação de Alagoas para o Turismo é cantada em verso e prosa por todos os governos que passaram pelo Palácio República dos Palmares (e dos Martírios) e pelo que aí se encontra. É tida como uma das mais importantes atividades econômicas da Terra dos Marechais em função da cadeia produtiva que gera, com empregos diretos e indiretos.
São inegáveis os benefícios e os avanços que existiram nos últimos anos, como a duplicação da AL-101 Sul, a ampliação do número de leitos, os investimentos na interiorização da atividade, enfim...são vários. Mas há um ponto central que anda sem resposta: o que esta cadeia econômica representa em números reais para Alagoas. Eu indaguei a secretaria Daniele Novais sobre o assunto. Senti falta da resposta. Ela ficou de me mandar um balanço das atividades da pasta e dos números do Turismo no Estado. Fico no aguardo.
Mesmo assim, durante uma coletiva de imprensa – na manhã de hoje, dia 15 – uma fala da secretária estadual de Turismo, Daniele Novais, me chamou a atenção. Em uma entrevista para mostrar o impacto do réveillon na capital alagoana e seus benefícios para o Turismo faltaram dados precisos justamente sobre o assunto. Claro que – de forma subjetiva – é possível afirmar com toda certeza que a atividade traz ganhos econômicos, empregos diretos e indiretos. A ação do poder público e privado é visível e importante, não deixo de reconhecer isto. Nem é isto que cobro. Sei que acontece e que há resultados. Todavia, é preciso – pelo bem da preciso das políticas públicas e de seu melhor aproveitamento – que o Estado seja um excelente observador deste setor.
São os números detalhados que mostram como agir na profissionalização desta indústria do Turismo de maneira tal que o Estado consiga ofertar o melhor para o turista de forma sustentável e que beneficie a população local. E é aí que entra a declaração que mais me chamou a atenção por parte da secretária: “o Estado de Alagoas está finalizando uma licitação para criar o observatório do Turismo para que tenhamos uma noção exata do impacto desta atividade em nosso PIB”. Em minha opinião, uma ação tardia. Mas, antes tarde do que nunca.
Vale salientar ainda que uma das reclamações dos empresários durante a coletiva denuncia – indiretamente – problemas que podem ser resolvido com planejamento e integração entre órgãos e a iniciativa privada. Os responsáveis pelos réveillons privados colocam que uma das maiores dificuldades que possuem é conseguir mão de obra adequada. Um deles ainda colocou a possibilidade de “importação” de trabalhadores de outros estados.
Diante de eventos que já ocorrem há alguns anos e do fato de Maceió arrogar para si o título de capital do réveillon é um pontos a serem trabalhados com mais afinco. Não digo com isto que a preocupação já não exista na formação de profissionais. Deve haver, mas se há reclamação, que haja maior ação. Primeiro: a mão de obra qualificada é essencial para este setor, como para qualquer outro. Sendo ocupada por alagoanos, melhor ainda, pois é renda sendo gerada dentro do próprio Estado.
Mas, retornemos ao observatório do Turismo anunciado pela secretária Daniele Novais. A ideia chega tardia, mas é um ponto que deve ser abraçado pelo próximo governador para que se sabia exatamente o quanto o Turismo movimenta e como melhor estruturá-lo, inclusive naquele que gera mais dinheiro proporcionalmente e ocupa muito mais aviões e hotéis: o de negócios. A estimativa é que cada turista de negócio deixe no Estado entre 200 a 300 dólares. São dados do setor hoteleiro.
A pasta do Turismo – conforme Novais – tem dados precisos que são analisados em balanços periódicos que apontam o crescimento da atividade. Ela não citou estes dados na coletiva, mas se comprometeu a enviar para o blog. Assim que chegar, publicarei. De acordo com ela, o fluxo é muito grande, mas para se ter uma ideia precisa do volume de recursos é necessário o observatório para o impacto disto em nosso Produto Interno Bruto, como já citei no texto.
O Estado – na alta temporada – recebe uma população flutuante que ultrapassa as 300 mil pessoas, conforme dados do setor hoteleiro. Daniele Novais diz que isto tem crescido sobretudo com a interiorização do Turismo e cita a região do Rio São Francisco e os novos 27 empreendimento – incluindo pequenas pousadas – que se instalaram no Estado. São 19 voos extras a partir de dezembro que chegam em Maceió.
Dados a serem comemorados, pois geram empregos. Todavia, a impressão é de que poderia ser melhor. E aqui se faz a crítica pelo que se viu na própria entrevista e pelas falas que lá se fizeram a cada pergunta. Uma crítica construtiva, nunca pelo “quanto pior, melhor”. De forma alguma. Devido a importância do setor para a economia alagoana, eu me pergunto porque este impacto no PIB, por exemplo, não pode ser anunciado já com maior precisão.
Novais também comemora o crescimento do calendário de eventos do Estado e o Turismo de negócios ajudou bastante neste sentido, mas volta a repetir: “é preciso ter este observatório para se ter dimensionamento do PIB do Turismo em Alagoas”.
Em relação à cidade de Maceió, a secretária municipal de Turismo, Cláudia Pessoa, ressalta que no período de alta temporada a capital se prepara – diante do réveillon que oferece – para uma ocupação de mais de 29 mil leitos. Se chegar a 100% de ocupação serão 32 mil. Isto – contando com casas de temporada – pode gerar uma população flutuante de 40 mil pessoas. Somando com os destinos próximos – como a Barra de São Miguel – teremos 60 mil.
Para o setor hoteleiro, um impacto grande durante as próximas 10 semanas. Em todo o Estado, mais de 300 mil pessoas. “Ainda esperamos uma demanda que foi reprimida pela Copa do Mundo, quando muita gente não viajou”, afirma o representante do setor, Glênio Cedrim. O empresário ainda diz que Alagoas comporta mais investimentos na iniciativa privada visando este nicho de mercado, tanto que há recursos públicos para serem aplicados no Centro de Convenções e do PAC do Turismo que somados chegam a R$ 36 milhões.
Para se ter ideia, os réveillons privados vão empregar aproximadamente 3 mil pessoas de forma direta e – conforme especialistas no mercado – há espaço para outros eventos similares visando uma outra parcela da população, como aposta uma das empresas que vai ofertar preços mais módicos. Diante de tanta informação espanta que o governo do Estado de Alagoas não tenha a dimensão exata do que o Turismo representa para o PIB da Terra dos Marechais. O observatório chega de forma tardia.
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