O Ministério da Saúde (MS) confirmou nesta semana os primeiros casos da Febre Chikungunya no Brasil, uma doença considerada nova cujos quadros sintomático e de transmissão são semelhantes ao da Dengue, mas de forma aguda e com sequelas. Para falar sobe o assunto, a reportagem do CadaMinuto conversou com a médica Célia Pedrosa, doutora em infectologia, que fez um alerta: a chegada da doença em Alagoas “é uma questão de tempo”.

Coordenadora do Núcleo Hospitalar de Epidemiologia do Hospital Élvio Auto, Pedrosa explicou que o vetor de transmissão da doença é o mosquito Aedes Aegypti, o que torna Alagoas uma região propensa a uma epidemia da febre, visto que o índice de casos de dengue é alto: entre janeiro e setembro, cerca de oito mil pessoas foram infectadas e mais de 2900 estão com suspeita de contaminação, segundo dados da Secretaria de Estado da Saúde (Sesau).

“O vírus da Chikungunya está circulando entre as pessoas. Quando o Aedes (fêmea) pica alguém que porta o vírus, o mosquito fica contaminado e, ao picar outra pessoa, já transmite a febre. Como Alagoas e Bahia são próximos, a situação é preocupante, principalmente porque no Estado a população não tem o cuidado devido para evitar a dengue. É realmente uma questão de tempo para registrarmos casos aqui”, ressaltou a médica.

Sobre as primeiras notificações da doença no Brasil, Célia Pedrosa afirmou que os registros foram confirmados, por meio de exames laboratoriais, no Oiapoque, Amapá - com duas pessoas contaminadas, e 14 em Feira de Santana, Bahia. Segundo o MS, outros casos suspeitos estão sendo investigados. Nestes dois estados, as pessoas infectadas não possuem registro de viagem internacional para países onde há transmissão. O Ministério também registrou, neste ano, 37 casos importados, em pessoas que viajaram para países com transmissão da doença.

De acordo com dados da OMS, o vírus foi identificado em 2004 e registrado em 19 países. Nove anos depois, em 2013, foram notificados casos em diversos países do Caribe e, no ano passado, a transmissão chegou na República Dominicana e ao Haiti. De lá para cá, países da América Central e da América do Sul também registraram surtos de Chikungunya e agora chegou ao Brasil, conforme confirmou o MS.

Sintomas e prevenção

Segundo explicou a médica, a sintomatologia da Chikungunya é semelhante a da Dengue: muita febre, mal estar e dor de cabeça, com duração entre três e 10 dias. No entanto, Pedrosa ressaltou que os sintomas são bem mais fortes e a doença também causa dores agudas nas articulações (Artralgia). “A dor é intensa e há casos em que o infectado não consegue andar”, disse, acrescentando que a artrite é a principal sequela da doença.

Questionada quanto à letalidade da Febre, Célia Pedrosa afirmou que a Organização Mundial da Saúde (OMS) não atribuiu óbitos à doença. “Na América Central, há registro de pessoas que morreram, tinham Chikungunya, mas tinham idade avançada e outras doenças. São poucos os casos e, em todos, a morte foi ocasionada por outras circunstâncias. A Dengue, sim, é responsável por muitos óbitos”, explicou a médica.

Para prevenir a doença, a infectologista disse que a população tem papel fundamental junto às secretarias Municipal e Estadual da Saúde. “As pessoas devem se preocupar com suas casas na tentativa de reduzir focos que favoreçam a criação da larva do Aedes. Desta forma, poderemos evitar a proliferação do mosquito”.

A médica alerta que a atenção quanto à doença deve ser maior em relação aos idosos, principalmente no caso dos portadores de doenças crônicas, que se tornam agravantes da Chikungunya.