Flávio Quintela – engenheiro elétrico por formação – é autor de uma polêmica obra que busca, de forma simples e bem humorada, desmistificar as mentiras que foram contadas ao longo da história e que acaba sendo uma das mais ferrenhas críticas ao pensamento politicamente correto e a algumas concepções da esquerda brasileira.

Mentiram e Muito Para Mim tem sido sucesso de venda e crítica em várias livrarias virtuais. Lançado pela Vide Editorial, a obra se junta aos chamados livros “reacionários” digno de ficar ao lado dos que são chamados de “a nova direita brasileira” de forma pejorativa por muitos que estão no campo oposto da política.

 Para saber um pouco mais do que pensa o autor do polêmico Mentiram e Muito Para Mim, o CadaMinuto Press traz uma entrevista exclusiva com Flávio Quintela. Vale ressaltar que o escritor trabalha em outros projetos que devem ser lançados em breve. Se seguir a mesma linha de sua obra que já se encontra nas prateleiras, vai incomodar muita gente.

 

Como surgiu a ideia de produzir uma obra com um foco na desconstrução de discursos que dominam as salas de aulas de universidades e do ensino médio numa preocupação muito mais forte com o doutrinamento de uma ideologia que necessariamente com os fatos? Como você avalia a necessidade de obras como estas destinadas justamente a este ambiente?

 

A ideia surgiu dentro de casa, de uma conversa com minha esposa. Ela, que não era uma pessoa muito ligada em política, passou a estudar bastante depois que nos casamos, de tanto que eu falava do assunto. Passado um tempo ela me disse, no meio de uma conversa, "por que você não escreve um livro falando sobre tudo isso que conversamos aqui em casa, tudo o que você tem me ensinado?". Eu achei uma ótima ideia, porque são poucas as obras que servem realmente como uma introdução ao assunto, algo fácil de ler, que sirva às pessoas sem um conhecimento prévio. E justamente por isso creio que se faz cada vez mais necessário, no Brasil que vivemos hoje, entregar ao brasileiro que não se interessa por política, que chega a ter nojo por conta do modo que se faz política no país, um material verdadeiro e de "fácil digestão".

 

 

 Mentiram e Muito Para Mim não deixa de ser um ataque direto às invencionices ou interpretações equivocadas da história, das ideias, da filosofia em si, enfim...diante de um ambiente que se criou no Brasil de uma “verdade oficial e chapa branca” é comum que os que questionem sejam rapidamente enquadrado em rótulos que vão de “coxinha” a “reacionário”. Como o senhor tem avaliado este ambiente atual?

 

Nós vivemos num ambiente intelectual que foi ocupado por militantes marxistas em todos os seus níveis, e essa ocupação, que vem acontecendo há diversas décadas, produziu como resultado um ensino completamente ideológico, e uma militância burra que aprendeu a tachar tudo o que não compreende de "reacionário". O Brasil não é um país onde se pode discutir idéias abertamente, pois essa massa de gente que milita e defende a ideologia de esquerda não está disposta e nem preparada para o embate intelectual. Costumo dizer que jamais conheci um conservador que se tornou esquerdista, mas conheço vários esquerdistas que estudaram o conservadorismo para poder combatê-lo, e acabaram mudando de ideia. Alguém que se proponha a estudar ambas as ideologias com inteligência, sinceridade e honestidade, e longe dos rótulos que estão grudados no ambiente midiático, verá que é impossível defender a esquerda e tudo o que vem com ela -  marxismo, socialismo, comunismo - sem comprometer a liberdade, a integridade e a individualidade das pessoas. Num ambiente como este, nossa maior contribuição é tomar de volta uma parte desses espaços, ocupando-os com pessoas bem preparadas e que façam um contraponto aos esquerdistas. 

 

Alguns assuntos fundamentais para a compreensão da conjuntura atual, sobretudo em relação ao que vem acontecendo na América Latina, são deixado de lado em muitas discussões e obras. Assuntos como as atas do Foro de São Paulo, a real situação de Cuba, além de pensadores clássicos importantes como Mises e Ortega y Gaset. Tudo fica no campo de uma única cultura de viés marxista. Gostaria que o senhor falasse – dentro da visão de quem escreveu um livro combatendo, de certa forma, esta realidade – quais as consequências principais disto.

 

Acho que já comecei a responder a essa pergunta na resposta anterior. As consequências da eliminação de praticamente todas as obras conservadoras dos currículos acadêmicos é um pensamento monotônico que ocupa todos os níveis de nosso sistema educacional. Não há dúvida de que essa estratégia teve muito sucesso, uma vez que hoje vivemos sob o domínio esquerdista na política e na academia. Mas a história nos diz que todo movimento, ideia, nação, império, reino etc. tem uma ascensão, um apogeu, e um declínio. Está na natureza do homem se acomodar quando encontra uma situação vitoriosa, e eu vejo que a esquerda brasileira chegou nesse ponto hoje. Estamos vendo uma tímida recuperação de espaços que já foram completamente tomados por esquerdistas, e uma resposta positiva da população brasileira a essas ocupações. O brasileiro é, em sua maioria, um povo conservador, e se estimulado nesse sentido continuará respondendo positivamente. A agenda esquerdista só é dominante porque foi estabelecida sem resistência alguma. Aos poucos Mises e Gasset têm que ser reintroduzidos nos currículos, juntamente com tantos outros autores que têm ficado de fora há décadas.

 

 

Já que estamos falando da conjuntura atual, qual a análise que o senhor faz do processo eleitoral atual, em que são colocadas candidaturas dentro de um mesmo “campo político”, indo apenas de um projeto de social-democracia, uma esquerda que já foi chamada de vegetariana, para este projeto que é o do Partido dos Trabalhadores?

 

Infelizmente a nossa política reflete com precisão o ambiente ideológico da mídia e das universidades: à esquerda tudo, à direita o ódio e a difamação. Os três candidatos que têm chances de eleição são da esquerda, sendo que Aécio representa a esquerda fabiana, uma social-democracia que pelo menos respeita a democracia representativa, Marina Silva inaugura uma corrente messiânica, uma mistura de defensora da natureza com enviada divina, e Dilma não traz nenhuma novidade, já que o PT está no poder há 12 anos. O que me preocupa é o fato de que o PSB, partido de Marina, e o PT, de Dilma, são aliados históricos e membros fundadores do Foro de São Paulo, entidade supranacional que tem conseguido empurrar uma agenda comunista na política latino-americana. É muito preocupante imaginar que o segundo turno pode acontecer entre duas candidatas que representam o mesmo grupo, ainda que sejam de partidos diferentes. Isso vai ao encontro do que eu já disse em meu livro, de que o Foro de SP pretende destruir a polarização PT-PSDB e construir uma polarização PT-PSB, mantendo os dois lados da disputa sob sua influência. A própria Marina já disse abertamente que quer acabar com a polarização PT-PSDB, e ninguém pareceu dar atenção a esse fato.

 

 Qual a visão que o senhor tem do ex-presidente Luis Inácio Lula da Silva? E da atual presidente Dilma Rousseff?

 

Lula para mim é um dos políticos mais cruéis que já passaram pelo Brasil, um homem maldoso, de caráter vingativo, completamente focado nos seus objetivos de poder para o Brasil e para a América Latina. Infelizmente é um orador extremamente capacitado, alguém que move multidões (ou movia). Sua desonestidade intelectual é tamanha que até hoje ele insiste em passar a imagem de homem do povo, de trabalhador, quando é público e notório que ele vive como milionário, que sua família está milionária, e que sua vida não tem absolutamente nada a ver com a do povo que acredita em suas falácias. Quando ele saiu da presidência eu acreditava que ninguém poderia fazer um governo pior. Estava enganado. Dilma Rousseff é a pior presidente que o Brasil já teve. Ela é incompetente, ignorante, despreparada, e sem as qualidades políticas de seu antecessor. Lula sempre foi um exímio político, Dilma nem isso consegue ser. Eu me sinto envergonhado de tê-la como presidente do Brasil.

 

Nomes como o seu, o de Reinaldo Azevedo, do professor Olavo de Carvalho, Luiz Felipe Pondé, e até de alguns que sequer podem ser colocados num “campo de direita”, como ocorreu com Demetrio Mognoli, passaram a ser personas no grata em ambientes acadêmicos. O Carvalho é um dos mais críticos neste sentido chegando a inaugurar o termo “filhos da PUC” ao falar deste “intelectualismo” proposto pela revolução gramsciana. Isto faz com que ideias não possam de fato circular. Há quem diga que é sinais de que já nem estamos mais em uma democracia. Como o senhor avalia isto?

 

A esquerda, no poder, conseguiu instituir um tipo de censura às ideias que lhe são contrárias mais eficiente do que a censura oficial dos governos militares. Existe uma massa de militantes, muitas vezes pagos para patrulharem as redes sociais e os órgãos de mídia, que nada fazem além de promover a demonização de toda ideia contrária à esquerda. Os nomes que você mencionou foram incluídos recentemente numa lista negra de jornalistas e personalidades escrita por um representante do partido do governo. Isso representa uma grande ameaça à democracia, pois faz parte de uma série de comportamentos que já vimos, historicamente, em outros governos despóticos. Muito do que a esquerda faz hoje no Brasil traz à lembrança as políticas de Joseph Goebbels, ministro da propaganda de Hitler. A imprensa livre é absolutamente indispensável a uma democracia, e precisamos lutar para que essa liberdade não nos seja tirada por completo, em breve.

 

Alías, já que falamos de alguns nomes, o que o senhor pensa da obra de Olavo de Carvalho? É um conspiracionista, como muitos colocam, é um guru da direta (como outros tantos também falam), ou é um pensador importante para o Brasil de agora?

 

Para mim Olavo de Carvalho é um grande pensador, um homem com uma mente muito privilegiada. Não digo que seja um conspiracionista, pois muitas de suas teorias possuem vários elementos comprováveis, e outros que poderão ou não ser comprovados. Nesse sentido o considero alguém que estuda a fundo os movimentos históricos e políticos, e que arrisca seus palpites sobre possíveis desfechos num futuro próximo. Não gosto de chamá-lo de guru, porque essa palavra tem para mim uma conotação negativa, de pessoas que seguem cegamente alguém, mas reconheço que seu esforço individual foi imprescindível para que a direita brasileira ganhasse um novo fôlego. Ele a ressuscitou, por assim dizer. 

 

 Mentiram e Muito Para Mim tem uma linguagem objetiva, direta e clara. Sem os rebuscamentos e mirabolantes ilogismos de alguns livros de filosofia moderna. É uma tentativa de atingir o maior público possível ou é um estilo que de fato a verdade deve ter: direta e sem subterfúgios?

 

O livro foi escrito dessa maneira propositadamente: eu queria fazer algo que fosse acessível a muitas pessoas. Não queria que meu livro fosse lido apenas pelos alunos do Olavo, do Pondé, pelos leitores do Reinaldo ou do Constantino - eu queria algo que minha mãe, que nunca leu um livro sobre política na vida, lesse e gostasse. E fiquei muito feliz quando comecei a receber mensagens de agradecimento das mais diversas pessoas: adolescentes que estão no colegial, jovens estudantes universitários, mães e avós, pais e avôs, donas de casa, intelectuais, mecânicos, bancários, engenheiros, advogados, manicures, médicos, políticos - recebi mensagens de todas essas pessoas e muitas outras, todas elogiando o trabalho e agradecendo pelo livro. Isso me dá a certeza de que atingi meu objetivo, o de falar com todos os extratos da população, de diferentes ocupações, idades e classes sociais. 

 

 O senhor se dedica hoje a algum outro projeto de escrita? Pode adiantar algo para nós?

 

Estou atualmente trabalhando num novo livro, abordando um assunto um tanto polêmico, mas que não posso revelar devido ao contrato com a editora. Também estou traduzindo uma obra de ficção e tenho um novo livro que começarei a traduzir em seguida, que fala contra o desarmamento da população.

 

No Brasil atual se iniciou um ciclo de reconstrução e revisão da história, com boas obras como as de Laurentino Gomes e Lira Neto, por exemplo, e outras não tão boas assim, isto quando não cumprem uma agenda, na velha estratégia de “ocupar o passado para dominar o presente e o futuro”. O senhor tem acompanhado estas revisões históricas que quase sempre vão parar na lista dos 10 mais? O que tem achado?

 

Eu tenho desenvolvido uma esperança que há tempos não tinha para o Brasil, por conta de boas obras que estão ocupando as livrarias e as listas de mais vendidos. Fico muito feliz quando vejo que a série do Leandro Narloch, por exemplo, continua vendendo bem. As obras de Laurentino Gomes também ocupam um espaço importante. A cada dia vemos novos lançamentos que mostram somente uma coisa: nossos autores são bem preparados e escrevem com coerência, coisa que a esquerda não tem. Olhando por esse prisma, eu diria que, intelectualmente falando, já estamos ganhando a guerra. O que nos falta agora é fazer a transposição dessa vitória para o campo da educação e da política. Infelizmente a maior parte do trabalho ainda está por vir. Quanto às obras que fazem um revisionismo falho, cheio de mentiras e interpretações ideológicas, o próprio mercado está dando conta de enterrá-las - elas simplesmente não vendem. 

Estou no twitter: @lulavilar