Ao final de sua gestão, na pasta de Ciência e Tecnologia do Estado, o secretario Eduardo Setton ressaltou a importância do plano estadual de ciência e tecnologia do Estado de Alagoas para os próximos 10 anos. Muitas das ações – que possuem foco no empreendedorismo e na inclusão digital em busca de um Estado melhor interconectado – são projetadas para além governo.

Entra por aí também a importância dos investimentos que precisa ser feito pelas operadoras. O que é extremamente criticado por Setton, na forma como é feito hoje, já que a maior parte dos recursos investidos pelas empresas são no Sudeste. Ao longo da entrevista, ele fala sobre o assunto.

Em relação ao trabalho da pasta, Eduardo Setton frisa que foi jogada uma semente para que se colha frutos no próximos anos, como a integração entre universidades, governo e setor produtivo dentro dos polos tecnológicos. Ou seja: um futuro que estará nas mãos do próximo governador, independente de quem seja. Para o titular da pasta é importante que o plano traçado não seja “rasgado” pelo próximo gestor, uma vez que está documentado em livro e decreto assinado pelo governador Teotonio Vilela Filho (PSDB).

Na visão de Setton, a pasta tem um potencial de fomentar ações que podem ajudar no alcance de melhorias nas mais diversas áreas, incluindo Educação. O secretário destacou – por exemplo – as ações dos tele-centros, como porta de inclusão digital, e das startups que vem criando possibilidade de bons negócios a partir de ideias inovadoras. “São políticas que precisam ser continuadas”, destaca.

Eduardo Setton explica – em outras palavras – que o próximo governo não poderá deixar a pasta de lado, sobretudo porque, será cobrado por empresários, universidade e demais envolvidos no polo tecnológico. “Nós criamos um plano de 10 anos. Além da parte do concreto, da articulação e da integração entre as pessoas, muitas coisas precisam ficar no papel”, salientou. A ideia foi criar um instrumento legal para que o plano de desenvolvimento tecnológico no Estado seja seguido.

“Para muitas pessoas seria apenas um livro se não houvesse um decreto que o institucionalizasse como plano de Estado e não de governo. Se um governante quiser criar um outro plano de tecnologia, tem todo o direito como governante. Mas, antes terá que revogar o decreto de um plano que foi construído consultando mais de 160 pessoas da sociedade civil organizada. Foram mais de 10 meses de trabalho”, colocou.

Setton ainda complementa: “as pessoas precisam entender que planejamento e gestão muitas vezes é mais importante que o concreto. As pessoas não podem esquecer deste plano”. E aí vem o alerta do titular da pasta de Ciência e Tecnologia: “Em Alagoas, se tem a mania de esquecer o que se fez no passado e dizer: ‘agora eu que cheguei tem que fazer e acontecer’. Não é assim. As barreiras mínimas para que o projeto aconteça foram criadas”.

Em relação aos polos, Setton lembrou que há uma estratégia que envolve um polo no litoral (situado em Maceió), outros no interior visando o sertão, em Batalha, e o agreste na cidade de Arapiraca. “Os prédios são marcos referenciais”, salienta.

Interconectividade

Para Setton, o grande desafio para os próximos anos é o quanto Alagoas ainda precisa caminha para melhorar a interconectividade no Estado, incluindo os serviços de banda larga. Ele chega a frisar que as operadoras de telefonia e internet investem muito pouco no Estado para ofertar um serviço de melhor qualidade e reduzir, assim, os custos para o consumidor final.

“É uma missão do governo, do setor produtivo e da academia de trabalhar um projeto de banda larga a médio e longo prazo para o Estado para que não fiquemos com um serviço de baixa qualidade e custo alto. De fato, posso dizer a você e garantir que essa é uma das minhas frustrações como secretário: não ver meu Estado todo conectado”.

De acordo com o secretário, nos próximos anos – 2015, 2016 e 2017, esta terá que ser uma missão do próximo titular da pasta. “É preciso conectar as pessoas de verdade. Espero que daqui a alguns anos esta rede tenha aumentado”.

Eduardo Setton ainda mandou um recado para as operadoras. “Todas as operadoras que possuem investimento no Nordeste deveriam investir mais em Alagoas. O Nordeste não é um mercado grande quando comparado com o Sudeste. Então, é normal que as operadoras peguem seu grande volume de recursos investiam onde está o mercado. Como as agências reguladoras não cumprem seu papel de regular, o Estado de Alagoas tenta fazer isto”.

“As operadoras precisam investir em Alagoas para que se tenha um preço justo e uma qualidade melhor, porque nós não a temos hoje”, finalizou Setton. 

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