Que amamentar bebês com leite materno é o melhor a se fazer, todos sabem. No entanto, um fator tem preocupado muitas mães: o reduzido número de leite no Banco de Leite Humano (BLH). De acordo com a coordenadora do BLH de Alagoas, Rosângela Simões, em 2013, foram doados 1.697,2 litros de leite, cerca de 4,6 L por dia, quando o ideal seria de 30L.
Em Alagoas, apenas 1.825 mães são doadoras. O número é considerado baixo pelos órgãos de saúde, já que pelo menos 6.891 bebês dependem do leite materno. Questionada sobre a quantidade ideal de leite por dia Rosângela disse que o Banco de Leite necessita de uma quantidade diária de 30 litros por dia, a serem distribuídos para os cinco Bancos de Leite Humano, em um total de 6l para cada BLH.
Para Rosângela, um dos fatores para o baixo número de doadores é a falta de conscientização sobre a importância da doação. “Existe uma grande necessidade de maior sensibilização e conscientização sobre o quanto é importante e necessário o leite para recém-nascidos, que por razões diversas, não recebem o leite de suas mães. Só com a conscientização que é os índices de aleitamento e doações vão crescer, promovendo a melhoria da qualidade de vida dos bebês”, ressaltou.
Para incentivar a doação, que pode ser realizada no banco de leite, posto de coleta e na residência da doadora, Estado e Município têm realizado campanhas para incentivar a doação, a exemplo do trabalho realizado na Semana Mundial do Aleitamento Materno, Dia e Semana Estadual de Doação de Leite Materno, e ações desenvolvidas em comunidades do estado.
Aos que não conhecem os benefícios da doação do leite humano, a coordenadora do BLH ressalta as vantagens que a doação traz. “O leite humano é um alimento completo e saudável. Além de possuir proteção imunológica, ele não provoca alergias, tem fácil digestibilidade e aumenta a relação entre mãe e filho”, disse a coordenadora, acrescentando que para a mulher a doação proporciona um emagrecimento mais rápido, diminui o sangramento após o parto e evita o câncer de mama, ovário e útero.
No entanto, para assegurar a qualidade do leite, as mães precisam atentar para o processo de retirada. Rosângela explica que o leite deve ser retirado das mamas quando elas estiverem muito cheias ou logo após o bebê ter mamado. “É importante que a mãe lave as mãos e o antebraço com água e sabão e seque em uma toalha limpa. Depois, ela deve escolher um lugar limpo, tranquilo e longe de animais pra que o leite não seja contaminado, prender e cobrir os cabelos, e evitar conversar durante a retirada do leite, ou se falar, utilizar máscara ou fralda para cobrir o nariz e a boca”, explicou a coordenadora.
Para armazenar o leite, a mãe pode colocá-lo em um frasco de café solúvel. “Basta retirar o rótulo e o papelão que fica sob a tampa e lavá-lo com água e sabão. Em seguida, a mãe coloca o frasco e a tampa em uma panela com água e deixa lá por 15 minutos. Depois é só escorrer a água da panela e colocar o frasco e a tampa para secarem de boca para baixo em um pano limpo. Lembrando que o frasco deve enxugar por conta própria, para só assim a mãe utilizar para o armazenamento do leite”, pontuou.
Após a doação, o leite passa por um processo de seleção, classificação e pasteurização para, em seguida, ser distribuída aos bebês internados em unidades neonatais.
Quem não pode doar
Mulheres que apresentam HIV, HTLV 1 e 2 não podem amamentar. As mães que têm hepatite C e apresentam fissura nos mamilos ou carga viral elevada devem suspender, temporariamente, a amamentação. Já as que têm hepatite B, podem amamentar desde que tenha sido imunizada com a vacina hepatite B e imunoglobinas.
Mulheres com rubéola, caxumba, sarampo, herpes simples e varicela (estas últimas desde que as lesões não tenham atingido as mamas) podem amamentar.
Locais de doação - Alagoas possui cinco Bancos de Leite Humano e 3 Postos de Coleta. Em Maceió tem o Hospital Universitário Professor Alberto Antunes, a Maternidade Escola Santa Mônica, em Arapiraca, o BLH Ivete França, o Hospital da Santa Casa de Misericórdia, em São Miguel dos Campos, e o Hospital Santa Rita e Maternidade Santa Olímpia em Palmeira dos Índios. Em relação aos postos de coleta, tem a Casa Maternal Denilma Bulhões, o Hospital Nossa Senhora da Guia, e o Hospital São Vicente de Paulo, em União dos Palmares.