No dia de ontem, 2, o governador Teotonio Vilela Filho (PSDB) – em entrevista ao Blog do Vilar Ao Vivo – falou sobre a situação da reserva técnica da Polícia Militar de Alagoas e – diante das críticas sofridas – se comparou a personagem Geni da música do Chico Buarque, ao avaliar que tem recebido “pedradas” ao mesmo tempo em que se dedica a projetos estruturantes para o Estado.
O tucano voltou a lamentar a não convocação da reserva em função da Lei de Responsabilidade Fiscal (LRF) e lembrou que a crise pela qual passa o país fez com que não houvesse crescimento de receita do Estado. Ou seja: na visão do governador é algo que nem o próximo governante – independente de quem ganhe as eleições – consiga fazer. “Se fosse possível chamar, eu chamaria”, disse.
Vilela entrou no assunto em função das promessas de campanha feitas pelos candidatos ao Palácio República dos Palmares. “Tem candidato a governador aí dizendo que na primeira semana que assumir o governo vai chamar a reserva técnica da Polícia Militar, por exemplo. Que vai chamar os professores concursados. Eu fiz concurso para três mil, mas só puxei 1,5 mil. Isto é propaganda enganosa. Eles vão pagar com a língua esta enganação que estão fazendo”.
“Se fizerem isto estarão ferindo a Lei de Responsabilidade Fiscal e o Estado vai arcar com consequências muito grave com a população. O Estado só vai poder convocar na medida que aumentar a arrecadação e surgir a margem. Pelas estimativas, o Brasil está estagnado, e a receita não aumenta. Por um lado otimista, ela vai permanecer como está. Ela permanecendo como está não se pode chamar”, frisou.
O governador ainda defendeu que em seu governo o número de homicídios tem caído, “ainda que lentamente”, o que mostra – segundo ele – a preocupação com a segurança pública. “As pessoas falam como se fosse o meu governo que tivesse mergulhado Alagoas nesses índices, mas eles já vinham de antes. No meu governo, eles melhoraram”, colocou.
“Enquanto no Brasil inteiro o número de homicídios cresceu, em Alagoas reduziu. Como o patamar era muito alto, o número ainda continua elevado . Mas, está tendo resultado”, complementou. Vilela voltou a culpar o crack pelo crescimento da violência. “Foi algo que mudou o paradigma da segurança no país inteiro. É uma droga que tira a humanidade da pessoa por inteiro. Quem está com crack mata ou morre sem pestanejar”, explicou.
O governador ainda culpou o governo federal por não fazer a guarda das fronteiras com eficiência e falou de investimentos feitos em sua gestão: “nosso governo foi quem mais recrutou policiais. Construímos um presídio em Craíbas, investimos nas polícias. Estamos construindo um presídio em Maceió, dobrando o número de vagas. Trouxe secretários isentos. Construí parcerias com Gecoc, Tribunal de Justiça e fizemos trabalhos conjuntos. Isto tudo foi um avanço significativo. Infelizmente o crime derivado da droga é muito difícil”. O governador frisou ainda que os recursos oriundos do governo federal foram poucos.
Terceirização
Questionei Vilela sobre uma crítica feita pelo deputado federal e candidato ao governo Renan Filho (PMDB). O peemedebista diz que um dos problemas da violência se dá por ele ter “terceirizado a segurança pública” entregando a pasta a nomes que sempre vieram de fora. Renan Filho chegou a afirmar – em recentes entrevistas - que Vilela não tomou conta da pasta.
O tucano rebate: “terceirizar é ter no comando da segurança pública uma pessoa isenta? Alguém que não nomeia delegado por conta de pedido de deputado ou prefeito, como era feito antes? Terceirizar é não interferir nos inquéritos? É trazer um general do Exército ou um delegado da Polícia Federal porque aqui em Alagoas é um estado pequeno e quem não é compadre é tio e todo mundo se conhece? Eu trouxe pessoas isentas para poder exercer seu papel sem pressões. Se terceirizar é isso, é importante que as pessoas reflitam. E não terceirizar é colocar alguém para tomar conta porque um deputado ou prefeito pediu?”.
Vilela insinuou que antes as nomeações se preocupavam em não investigar “amigos” e que ele buscou total isenção ao ir atrás de nomes que eram de fora de Alagoas. “O que aconteceu foi uma mudança de paradigma. Uma forma de olhar sem a patota, sem o clube dos amigos. Esta é a marca do meu governo. Aliás, é um dos meus legados. Passar para o Estado de Alagoas uma postura republicana e de respeito aos cidadãos”.
Geni
“Me transformaram em uma Geni daquela música do Chico”, lamentou o governador, ao avaliar os motivos dos baixos índices de aprovação do governo. Vilela fez referência a canção que tem como verso: “joga pedra na Geni, ela feita para apanhar. Ela boa de cuspir”. Na música, apesar de odiada, Genir salva a cidade inteira de um desastre. A música pode ser conferida aqui
“Ainda bem que a música termina com as pessoas reconhecendo os méritos da Geni”, salientou. Indaguei a Vilela se os grandes trunfos do governo não seriam por conta dos investimentos federais, lembrando uma recente citação da presidente Dilma Rousseff (PT) ao afirmar que muitos governadores se apropriaram do que seriam as suas obras.
Vilela mais uma vez responde: “Vamos lá. Esta discussão é muito boa. Em primeiro lugar, uma boa parte das obras são recursos próprios do Estado. Depois, as obras federais existem em todos os estados do Brasil. Até em São Paulo que é rico. Agora, como é que os estados conseguem? Sobretudo em Alagoas onde meu partido se contrapõe. O meu antecessor era de um partido aliado do presidente Lula, mas não trouxe dinheiro federal. Não vinha”.
“Não vinha porque o Estado não tinha projeto e estava sempre inadimplente. O Estado não tinha dinheiro para contrapartida. O Estado passou a ter projeto e passou a ficar adimplente, fez ajuste fiscal, ficou arrumado em suas finanças e os projetos nossos foram respeitados pelas finanças. Não há obra paralisada. O Canal do Sertão não parou um dia”, ressaltou. Durante a entrevista Vilela ainda falou sobre a dívida pública e o estaleiro. Tratarei destas questões em outra postagem ainda no dia de hoje.
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