Em Maceió, o historiador Geraldo de Majella faz o lançamento, nesta sexta-feira (29), às 19h30, na pizzaria Armazém Guimarães (avenida Amélia Rosa, 188, bairro da Jatiúca), do livro “Um Jornalista em defesa da Liberdade”. A obra, de 63 páginas, foi publicada pela editora Bagaço, de Recife (PE), e está sendo vendida a R$ 15.

Majella conta que a ideia do livro surgiu quando, escrevendo o “Dicionário dos Comunistas” – que ele diz estar elaborando já há oito anos –, chegou ao verbete “Denis Agra”. “Quando comecei a escrever o dicionário, pensei que seria um volume de, no máximo, 100 verbetes. Já tenho mais de 200 verbetes prontos. Nomes como Júlio Santana e Olímpio Santana têm seis linhas, outros chegam a 20 laudas. O Dênis ia ser mais um verbete”, explica o autor, avisando que os comunistas relacionados pelo dicionário pertencem ou pertenceram às fileiras do Partido Comunista Brasileiro (o PCB). “Se eu fosse falar dos outros, passaria o resto da vida escrevendo”, afirma o autor, ele mesmo um empertigado militante do velho Partidão nos anos 1980. 

Fartamente ilustrado com fotos do arquivo de Majella e de repórteres fotográficos que atuaram com Dênis Agra no jornal Tribuna de Alagoas – fundado pelo senador Teotônio Vilela (1917-1983) em 1980 –, o livro traça um panorama da trajetória desse ilustre viçosense, nascido no ano de 1950 e morto em 1992, vítima de um câncer. Ativista de esquerda e jornalista de têmpera inquebrantável, Agra tornou-se uma referência do jornalismo independente em Alagoas.

Com um acervo em casa de três mil fotos em papel e outras oito mil digitalizadas, além de quatro gavetas cheias de arquivos de textos e entrevistas, Geraldo de Majella afirma que a História de Alagoas – especialmente a recente – está para ser escrita e pesquisada. “Na faculdade, existem algumas pesquisas. Por exemplo, o professor Osvaldo Maciel, titular do curso de História da Ufal, tem um bom material sobre o movimento sindical. Temos um grupo de acadêmicos e não acadêmicos que se debruçam sobre os movimentos sociais, pesquisando em diversas áreas – Ciências Sociais, Antropologia, História”, comenta o historiador, observando que, nesses oito anos que se dedicou ao “Dicionário dos Comunistas”, realizou, simultaneamente, outros projetos – este “Um Jornalista em defesa da Liberdade” é o sétimo livro do autor.

“Quis escrever esse livro para marcar os 50 anos do golpe militar, com um personagem que foi vítima da ditadura”, diz Majella. “A ideia era mostrar para os estudantes, para jornalistas recém-formados que não tiveram contato com a geração anterior, esse personagem tão importante para as causas sociais, que trabalhou na organização e na defesa dos jornalistas, mas que se preocupou, também, com os trabalhadores. É um tipo de jornalista que está acabando – esse profissional preocupado com a reportagem e com o desdobramento dela.”

Para o historiador, os veículos de informação da atualidade reservam “pouco espaço para a notícia e para a reportagem”. “Não há mais o cuidado com a matéria. Aquelas matérias de fôlego para o sábado ou domingo, que o jornalista passava 20 dias pesquisando, isso acabou. Tudo hoje é instantâneo, não se checa a informação – é quase um jornalismo de celebridade. O repórter está mais preocupado com a forma de falar do personagem entrevistado, com o trejeito dele, a roupa, o sapato que ele usa. Não tem um compromisso com a notícia – esse sentimento de pertencimento da notícia é coisa do passado. Não sei qual é a causa disso – se é a pressa ou o tipo de profissional que a faculdade está formando.”