Na edição de julho deste ano, a imagem aterrorizante de um prato de macarrão, propositalmente semelhante ao símbolo de faca na caveira que representa o Bope, estampou a capa da Revista Superinteressante, da editora Abril. O conteúdo da reportagem tem como ator principal o glúten, combinação de proteínas vegetais (gliadina e glutenina), encontrada principalmente em sementes de grãos como trigo, aveia e cevada, pertencentes à família das gramíneas. Condenado sem direito a julgamento, o glúten é o veneno alimentar da moda e marca presença numa lista por onde já passaram alimentos como o ovo, a carne vermelha, a frutose e até o café nosso de cada dia.
A explicação, segundo especialistas, está na proliferação das dietas desintoxicantes, que caíram no gosto popular em meados de 2005, após o lançamento de uma dezena de livros sobre o assunto, como o Best Seller 'Desintoxicação holística do doutor Joshi: 21 dias para ter mais saúde e magreza para a vida', do terapeuta holístico inglês Nishi Joshi. No Brasil, a corrente defensora dos alimentos denominados funcionais, defendem os programas detox, baseada em alimentos não só saudáveis, mas especificamente indicados para a prevenção de males. Contudo, entre os médicos, não é comum encontrar que apoie, já que não existem evidências científicas de que isso funcione.
Sobrepeso
Laércio Tenório Ribeiro, presidente da Sociedade Alagoana de Gastroenterologia, é categórico ao afirmar que glúten e obesidade não andam juntos. “Nenhum alimento engorda, nenhum alimento emagrece. Se uma pessoa está acima do peso, não é porque está comendo glúten e se emagrece com a dieta sem glúten não é pela ausência dele, mas pela redução do consumo de carboidrato", diz. Segundo o médico, apenas pacientes que sofrem de doença celíaca ou de intolerância à proteína devem evitá-la. “As pessoas estão aderindo ao modismo da vez, na tentativa de resolver problemas de saúde e para tanto estão se apegando à teorias sem nenhum respaldo científico. Retirar o glúten da alimentação, apenas porque quer reduzir medidas, é perder o prazer de comer sem ganhar coisa alguma em troca. Não tem benefício algum”, alerta.
Apesar do que a maioria maciça dos profissionais afirmam e defendem, muitos nutricionistas e nutrólogos compram a ideia quando o assunto é auxiliar na redução de medidas de seus pacientes. A médica ortomolecular Tamara Mazarotto, em entrevista recente, se afirmou totalmente condescendente com os pacientes que lhe pedem para trabalhar em uma reeducação alimentar com essa restrição. “Fico feliz da vida. O glúten é um proteína complexa, de digestão difícil. Não vejo pra que ingerir alimentos com os quais você não terá nenhum tipo de ganho nutricional. Quem deixa de ingerir carboidrato, em geral faz substituições muito mais saudáveis”, elucida Tamara, contudo, sua opinião é fortemente rebatida dentro da área.
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