Em entrevista ao Blog do Vilar Ao Vivo, na noite de ontem, dia 19, o prefeito de Maceió, Rui Palmeira (PSDB), falou sobre o momento político. O chefe do Executivo municipal buscou explicar sua decisão de não acompanhar o ninho tucano nestas eleições hipotecando o apoio ao senador Benedito de Lira (PP) – na disputa pelo governo do Estado de Alagoas -  e não ao tucano Julio Cézar (PSDB).

De acordo com Palmeira, que destacou a fidelidade partidária como um mecanismo importante para a agremiação, o PSDB de Alagoas lançou um candidato sem chance de competir no pleito. “A fidelidade é importante. Mas, no nosso caso, todos os filiados do PSDB foram liberados após a desistência do candidato Eduardo Tavares e cada um buscou o que entende ser melhor para Alagoas. No meu caso, estou apoiando o senador Benedito de Lira (PP)”, frisou.

Palmeira lembrou que há filiados apoiando também o deputado federal Renan Filho (PMDB) e que – em sua visão – diante da atual situação do partido é algo legítimo, já que “o PSDB não se apresentou com um candidato com condições de competir”.  “O PSDB não tem um candidato que vá lutar e conseguir vencer estas eleições”, ainda sentencia o chefe do Executivo, mostrando seu total descrédito com a candidatura de Julio Cézar.

Julio Cézar é vereador por Palmeira dos Índios e aceitou o desafio após a desistência de Eduardo Tavares. Enfrentou a crise de remontar a chapa logo no início, já que também desistiram o ex-vice e deputado estadual Gilvan Barros (PSDB) e o candidato ao Senado Federal, Eduardo Magalhães. O primeiro foi substituído por Manoel Vilela. Já na disputa pelo Senado é provável que o PSDB sequer lance candidato.

Esta é um derrota pessoal do governador Teotonio Vilela Filho (PSDB) que contava com uma candidatura que atrapalhasse os planos de seu principal rival político: o senador Fernando Collor de Mello (PTB). Vilela apostou na candidatura de Thereza Collor – filiada ao PSDB – que preferiu não disputar o pleito. A situação do ninho tucano é de quem se apequenou diante do processo eleitoral por erros de seu principal articulador: o governador.

Ao comentar a situação de Julio Cézar, Rui Palmeira destacou que o processo que antecedeu a construção de chapa do PSDB foi sem diálogo. “Eduardo Tavares – que é uma pessoa valorosa e de virtudes – foi escolhido em um processo unilateral. Foi um nome empurrado goela abaixo. Ninguém foi consultado e gerou uma série de transtornos e terminou pelo próprio Tavares desistindo da disputa. Foi o que aconteceu de mais grave. Uma escolha sem diálogo e sem convencimento faz com que as coisas aconteçam desta forma”.

“O Julio Cézar, que é uma pessoa de valor, foi apresentado com o pleito acontecendo e sem estrutura partidária. Então, obviamente não disputa para vencer”, concluiu. Rui Palmeira ainda analisou a forma como Vilela conduziu o processo: “entendo que em política quando as decisões são unilaterais não dá certo. Não adianta tentar impor. O Téo sempre foi uma pessoa democrata, do diálogo, mas neste caso a forma como foi feita, o governador errou. Tanto é que o Eduardo terminou por desistir. Houve um equívoco pela maneira unilateral como se conduziu”.

Rui Palmeira concorda que – pós-eleições – o PSDB deve perder espaços importantes. Dificilmente reelege uma bancada tão forte como a que tem hoje no parlamento e – a se confirmarem as pesquisas eleitorais – não faz o governador. Com base nestes dados, indaguei ao prefeito se ele se sente confortável no partido, ou se pretende mudar de sigla futuramente já que será a maior “estrela do ninho” com mandato.

“Eu não me considero uma estrela no partido de forma alguma. Acredito que o PSDB terá que repensar o que queremos para a sigla em Alagoas. Claro que isto tem que ser discutido no momento depois de eleição. Hoje, está todo mundo reunido em prol da candidatura do senador Aécio Neves à presidência, independente do candidato apoiado no Estado ser Benedito de Lira ou Renan Filho. Nesse momento temos que utilizar o que nos une. É a candidatura do Aécio e trabalharemos por ela”, colocou.

Insisti na pergunta: Rui Palmeira pretende ficar ou deixar o partido? “Meu projeto é permanecer no partido, mas é preciso repensar muita coisa, para não acontecer mais o que aconteceu agora, que é a sigla ter prefeito e governador e não conseguir apresentar um candidato competitivo”.

Sobre o apoio a Benedito de Lira (PP) e se há algum acordo prévio ou possibilidade do tucano disputar o governo em 2018, Rui Palmeira respondeu: “minha escolha pelo Benedito foi pela importância para minha eleição em 2012 e pelo que ele tem feito por Maceió desde a gestão passada. Sempre conseguiu muito investimentos para Maceió. Eu precisava tomar uma posição e foi escolher pelo senador Benedito de Lira”. 

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