O primeiro Núcleo de Combate ao Tabagismo de Maceió foi inaugurado na tarde desta terça-feira (19), e vai funcionar no II Centro de Saúde, na Praça da Maravilha, no Poço. Integrado por uma equipe multidisciplinar, esse Núcleo tem por finalidade reunir pessoas que têm o desejo e a necessidade de largar o vício do cigarro. Nesse primeiro momento, quarenta e sete fumantes já foram inscritos. A primeira turma vai se reunir na próxima terça-feira (26), às 9h, no auditório da unidade.  No período da tarde, outra turma vai se encontrar para o início dos trabalhos na quinta-feira (28), às 14h.

O secretário adjunto municipal de Saúde, Eugênio Leite, recebeu os 47 inscritos juntamente com a coordenadora do Núcleo de Tabagismo da Coordenação de Promoção em Educação e Saúde (Copes), Gilda Teodósio, e os profissionais que vão atuar junto aos grupos, composto por fisioterapeutas, assistentes sociais, enfermeiros, psicólogos, nutricionistas, e médicos (que estão fazendo a capacitação para o trabalho específico).

“Sabemos o quanto é difícil largar o vício de fumar, por se tratar de uma dependência química. Vocês vão conseguir vencendo a vontade um dia por vez com a ajuda da goma de mascar e do adesivo que tem a função de suprir a carências dos hormônios que dão a sensação de ‘falso prazer’ provocado pelo ato de fumar, que normalmente é o que faz que o candidato a largar o vício, desista nas primeiras 72 horas”, disse Eugênio Leite, na oportunidad de inauguração.

Leite destacou também que o automatismo (hábito automático de pegar o cigarro, levar a boca, acendê-lo e tragá-lo), é também um problema difícil de ser superado no início do tratamento para deixar de fumar. “Há truques para ajudar nesse comportamento automático que faz como que o fumante possa suprir esse gesto. Como o de ter sempre em mão cenoura ou pepino cortado em formato de um cigarro, até que a pessoa saia do automatismo, e avance um passo a mais na luta contra o vício”, explicou o secretário adjunto.

Apresentações

A equipe apresentou ao grupo um vídeo que mostrou os estragos que o cigarro ocasiona no organismo humano. Depois, a psicóloga do grupo pediu a cada um que se apresentasse e dissesse há quanto tempo fuma e uma palavra que resumisse o ato de fumar. As palavras mais usadas foram: morte, prazer, vício, satisfação e ansiedade. O grupo é bastante heterogêneo, com pessoas de 18 anos de idade, que fumam há cinco anos, e outras de 64 anos que fumam há mais de cinco décadas.

“Comecei a fumar com 15 anos e hoje tenho 46 anos. Consegui parar de fumar nas quatro vezes que fiquei grávida, mas depois voltava de novo. Hoje, sinto que o cigarro está me consumindo. Estou com dor no peito, cansando fácil e percebo que está na hora de dar um basta”, desafabou a artesã Fábia Farias.

Metodologia

Inicialmente, os grupos terão reuniões mensais, que depois vão passar a ser quinzenais, com duração de uma hora e meia. A equipe multidisciplinar vai utilizar a metodologia preconizada pelo Instituto Nacional de Câncer (Inca) do Ministério da Saúde (MS).

O método de estudo é baseado no conteúdo de quatro livretos lançados pelo Inca. O primeiro, ‘Entender por que se fuma e como isso afeta a saúde”; o segundo, “Os primeiros dias sem fumar”; o terceiro, “Como vencer os obstáculos para permanecer sem fumar”, e finalmente o quatro livreto, “Benefícios obtidos após parar de fumar”.

O tabagismo é considerado pela Organização Mundial da Saúde (OMS) a principal causa de morte evitável no mundo. A OMS estima que um terço da população mundial adulta, isto é, cerca de 1 bilhão e 200 milhões de pessoas, sejam fumantes.

O Inca indica que no Brasil morrem cerca de 200 mil pessoas todos os anos em conseqüência do hábito de fumar. Há dez anos foram atribuídas ao tabagismo cerca de 180 mil mortes de brasileiros de 35 anos ou mais. E as quatro principais causas de morte relacionadas ao tabagismo foram: doença pulmonar obstrutiva crônica, doença isquêmica do coração, câncer de pulmão e doenças cerebrovasculares.