Ao ser sabatinado na manhã de hoje, em evento promovido pela Fecomércio, o candidato a governador Mário Agra (PSOL) fez uma acusação gravíssima contra a classe política alagoana. O candidato de esquerda demonstrou destemor ao atribuir o avanço da criminalidade em Alagoas ao suposto envolvimento de "deputados e senadores' com o tráfico de drogas. Isso mesmo, deputados e senadores, no plural.

Por dever de ofício, um jornalista sempre duvida de acusações e de defesas. Por isso, considero uma pena que o destemido Mário Agra não tenha se aprofundado na denúncia que ensaiou fazer.

Se tivesse um pouco mais de coragem para falar o nome e o sobrenome desses supostos gângsteres, o candidato da coligação “Frente de esquerda de Alagoas”, composta pelo PSOL e PSTU, poderia ter atacado diretamente os adversários do povo alagoano, que tanto sofre com a violência.

Seria muito mais responsável, se o candidato detalhasse as informações, relacionando os crimes e os criminosos. Prestaria um ótimo serviço como cidadão, dando elementos concretos para a atuação do Ministério Público, da imprensa e das instituições contra o problema.

“É inadmissível ver deputados e senadores envolvidos com tráfico e com doleiros, outros envolvidos em desvio de cargas, e eles continuarem sendo eleitos com o voto do povo. Alagoas é vista como motivo de chacota em outros estados por estar elegendo políticos acusados de homicídios e tráfico. Gostaria que a indignação vista na população em julho do ano passo fosse refletida nas urnas, este ano”, reclamou Mário Agra.

A munição foi de festim

Porém, a melhor proposta de Mário Agra para o problema, que seria a responsabilização de cada um dos responsáveis pela mortalidade dos alagoanos, não surgiu durante a sabatina.

Agra disse ainda: “Nunca em uma guerra se matou tanto como aqui em Alagoas”.

Mas parece que o candidato do PSOL não atuou tão bem quanto poderia, na trincheira que escolheu para sua primeira batalha. Com balas de festim, atirou em três senadores, nove deputados federais e 27 deputados estaduais.

Talvez em uma próxima ocasião ele traga mais munições e esteja determinado a direcionar sua artilharia para atingir os alvos reais, as verdadeiras causas do problema. Pois, se a origem da violência é a atividade política, que ela seja ferida de morte com o resultado das urnas.

É preciso estar preparado para lidar com o tema que mais aflige a população.