Do alto da Rua das Cerejeiras, em Londres, ela voa em sua sombrinha até desembarcar na porta da casa da família Banks. Nas mãos, carrega uma carta em remendos assinada pelos pequenos Jane e Michael, onde solicitam a babá que tanto sonham para seu cotidiano, que fora rasgada no dia anterior pelo seu autoritário pai. A cena retratada acima pertence a um dos maiores clássicos cinematográficos da década de 50, o musical Mary Poppins, cuja protagonista é uma babá “praticamente perfeita” – como ela mesmo se classifica –, que chega na realidade dessa família para mudar a visão de mundo deles.
O principal mote do roteiro é mostrar o quanto a atenção dos pais às necessidades dos filhos é importante para o bom relacionamento. Como todo conto de fadas, o final feliz consegue resgatar essa troca, com o patriarca consertando a pipa rasgada e indo à rua brincar com seus herdeiros – momento que nunca antes havia acontecido. E com isso, o entendimento de que aquele pedido traduzido em carta não deveria ter sido descartado. Se não atendido, pelo menos atentado.
A ideia é “construir juntos”, orienta a psicóloga do Hapvida Saúde, Livia Vieira. “O diálogo é preciso nessas situações. Os adultos têm autoridade para tomar decisões, mas é preciso considerar o que as crianças pedem. E isso funciona tanto para a matrícula numa atividade durante a infância quanto à decisão de que área seguir profissionalmente quando chega a maioridade”, indica ela.
Cuidado integral
Principalmente após se distanciarem do cuidado integral dos pais, quando entra na escola, por exemplo, o retorno ao lar traz novidades. Um desenho da família feito na aula, um batuque na panela imitando uma banda que assistiu na televisão ou até mesmo a reprodução de uma coreografia famosa geram risadas e recordações, hoje cada vez mais comuns de registrar em vídeo e foto. Mas, qual a forma mais saudável dos pais incentivarem essas práticas?
Para a psicóloga, é entrando em consenso com os pequenos. “Não adianta forçar nada. Primeiro é importante deixar a criatividade fluir. Nada de interferir nela, opinando em como ele deve fazer ou o que deve usar. Isso pode gerar bloqueio e também limitá-los àquilo que os pais querem para não os decepcionar, o que não é nada positivo para a criança. Depois, pergunte a ele se tem interesse em fazer aulas para aperfeiçoar aquela técnica. Se ele topar, não hesite em matriculá-lo”, recomenda.
É o que faz Carla Borges, mãe de Cauã e Lara, de 3 a 2 anos, respectivamente. Há algumas semanas, seu primogênito lhe presenteou com um desenho. “Minha reação assim que ele me entregou foi chorar, fiquei super emocionada porque ele disse: ‘olha, mamãe, como você é linda’. E fez tipo um retrato de como ele acha que sou. O elogiei muito, o agarrei e enchi de beijos. Claro que o desenho precisava de melhorias, mas naquele momento não falei nada. Ele tem apenas 3 anos”, comenta.
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