O padrão de beleza é cruel. Quando alguém não se encaixa em determinado perfil, os olhares são atentos e as críticas, duras. Para pacientes diagnosticados com vitiligo – condição que apresenta como sintoma principal a despigmentação da pele em manchas por diversas regiões do corpo –, é praticamente impossível não se deparar com situações constrangedoras. E momentos assim só agravam o quadro dermatológico.
O vitiligo não é uma doença contagiosa. Clinicamente não apresenta nenhum problema ao indivíduo, mas definitivamente mexe com a vida de quem a tem. A radialista Giselle Codá sentiu na pele essa pressão. “Já ouvi sem querer: ‘tão bonita e com essa doença’. Isso aconteceu em um salão de beleza”, ela lembra, adicionando que na época estava iniciando um trabalho com vídeo. “Comecei a apresentar programas de TV, e com o avanço da doença fiquei com muita vergonha. Até hoje prefiro cobrir as manchas, porque a maioria das pessoas são muito indiscretas, tentam disfarçar, mas não conseguem”, conta.
Codá atentou para a primeira manifestação do vitiligo no final de 2006, em um dos medos da mão, e ignorou. Tempos depois, outra mancha surgiu próximo à boca e em seguida, nas pontas dos dedos. Foi então que ela visitou uma dermatologista. “Ela tentou não me assustar e deu um nome mais suave, disse que eram manchas vitilicóides. Achei estranho, mas aceitei e comecei o tratamento que ela propôs, um remédio oral que tinha que tomar uns 10 minutos antes de ir ao sol. Deu certo no começo, mas o stress fez aparecerem mais manchas”, conta.
Com o AVC da mãe e a saúde do pai já debilitada, a contenção foi inevitável. Foi um período muito desgastante e depressivo para ela, que cuidou deles sozinha. Neste período, entre julho de 2012 a meados de 2013, o vitiligo avançou rapidamente e tomou grande parte dos braços, pernas e rosto. “Passei a tomar menos sol, porque assim a cor da minha pele ia ficando mais próxima das manchas brancas”, disse. Tentando corrigir as diferenças e uniformizar a pele, já que sua cor natural é morena clara, ela passou a dedicar uma hora diária à maquiagem antes de sair de casa.
No local de trabalho, as pessoas ainda estranham a nova aparência. “Tento me colocar no lugar delas e passei a perceber que talvez eu tivesse a mesma reação. Então hoje estou começando a achar engraçado a cara de espanto de quem não me vê há muito tempo [risos]. Nem minha família consegue agir naturalmente, até hoje” comenta Adriana.
Mas, afinal, o que causa o vitiligo? A resposta científica é desconhecida. Entende-se que tem característica autoimune, ou seja, o próprio sistema imunológico ataca e destrói por engano tecidos e células saudáveis, mas não existe uma causa estabelecida. Entretanto, alguns fatores são desencadeantes e auxiliam na expansão das manchas, a exemplo da ansiedade, do estresse físico e da situação emocional.
Dermatologista do Hapvida Saúde, Claudia Juvina explica que não existe uma ideia específica para a manifestação da doença. “Pode aparecer na infância e até na melhor idade, sem distinção de gênero ou etnia. O fator genético pode ser causador, mas o desencadeamento só é possível caso o paciente esteja em pré-disposição”, orienta.
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