Na sexta-feira, dia 27, o CadaMinuto Press chegará às bancas com uma entrevista exclusiva com o deputado estadual Judson Cabral (PT). Ele ocupa as Páginas Vermelhas da edição de número 44.
Cabral trata de vários assuntos na entrevista concedida à jornalista Candice Almeida. Fala sobre a Assembleia Legislativa do Estado de Alagoas e seus recentes escândalos, sobre o Partido dos Trabalhadores (tanto no plano local, como no nacional), a possibilidade de uma constituinte ser puxada por petistas no período pós-eleição e – obviamente – do pleito vindouro e da coligação da qual faz parte.
Um dos pontos que chama atenção na conversa com o parlamentar é justamente a análise das coligações. No campo nacional, Cabral diz que vê com restrições a forma como o PT tem se aliado a algumas figuras da política. “Não é simples governar um país. O Lula foi um gigante. Cometeu erros? Cometeu. Eu senti que houve exageros”.
Entre os exageros atribuídos ao ex-presidente pelo deputado petista, está a aliança com o deputado federal Paulo Maluf (PP). Resta saber como a militância vai receber as análises de Cabral, que livra o PT, mas aponta o que os mais radicais não gostam muito: erros.
Ainda assim, para Cabral, a Era Lula deixou um “saldo positivo do ponto de vista do abismo social”. “Hoje vejo o salário mínimo como uma conquista. Como engenheiro cheguei a ganhar 40, 45 salários mínimos, hoje um engenheiro ganha 4 ou 5. Isso não significa que o engenheiro ganhe tão mal, mas o salário mínimo melhorou. Hoje uma mãe e um pai que ganhem um salário mínimo cada um já sobrevivem com dignidade. É capaz de pagar a prestação de uma casa e não de um aluguel. Então o país ganhou uma roupagem nova, deu dignidade às famílias”.
É a visão de Judson Cabral, não necessariamente a deste blogueiro. Quem me acompanha sabe. Os erros do PT – em minha visão – não se resumem às coligações com Maluf e outros semelhantes, mas sim a um projeto que flerta com o autoritarismo e totalitarismo, como se vê nos regimentos que são apoiados pela sigla partidária em questão. Todavia, no exercício da democracia, a opinião de Cabral vai aqui na íntegra para o leitor analise e faça seu juízo.
Ao falar do plano de coligações locais, que incluiu o PMDB na cabeça da majoritária com o candidato ao governo e deputado federal Renan Filho, Cabral também deixa a entender que o leque de alianças não perfeito e cita – por exemplo – que foi voto vencido dentro da estrutura partidária ao ser aprovada a aliança com o senador e candidato à reeleição Fernando Collor de Mello (PTB).
“Eu fui voto vencido no meu partido, porque eu queria que lançássemos candidato próprio, eu defendia a tese de termos mais autonomia, e num segundo turno coligaríamos com o PMDB. Não é que fôssemos decretar guerra ao PMDB, de forma alguma. Mas este não foi o entendimento da maioria. Mas e apoiar uma coligação com o Fernando Collor? Ah, mas a mesma população que elegeu Fernando Collor senador, me elegeu deputado estadual. Eu fui militante de confrontante com Collor, diretamente. Mas foi Collor quem veio apoiar o PT, e a população o elegeu. Não faço política ao lado de Fernando Collor, não tenho essa intimidade, mas não vou deixar de dizer que o Fernando Collor é o senador da nossa Frente. Eu tenho que ter lealdade, respeito e ética, até meus limites. Não sou obrigado a estar em todo palanque, mas não vou negar a construção”.
Cabral ainda complementa: “gostaria que fosse outra, gostaria. Tentei. Mas ninguém faz política isolado, eu não sou um partido, o partido é um coletivo. Fora da política é fácil fazer a crítica, mas por dentro da política é diferente. O processo político é coletivo. A decisão individual me leva a aceitar ou não ser deputado, aceitar ou não a ser filiado. Mas as decisões não, você tem que aceitar, faz parte do coletivo”.
O deputado petista ainda analisa a Assembleia Legislativa: “a ALE não avançou muito no sentido de suas condutas, do processo ético. Continua-se cometendo improbidades, a exemplo desse último escândalo que a ALE mergulhou. A meu ver, desnecessariamente. É preciso que a gente já comece a trabalhar um novo sentimento de que é preciso mudar, é preciso uma nova forma de se conduzir o parlamento alagoano. É lamentável o que ocorreu sequencialmente nos dois mandatos que eu participei [taturanas e GDE]. Fico muito à vontade para falar por entendimento meu mesmo, questão de princípio, não porque eu ache que sou melhor do que nenhum parlamentar. Mas eu já antevia, já previa. Porque se você começa a se apropriar de certas condutas. A política capitalista é muito exigente em cima do parlamentar e ele acaba querendo resolver as coisas com financiamento público, daí a busca por mecanismos de gratificações. Para mim foi isso o que ocorreu. E esse processo começa a refletir nas eleições, porque quem tem mandato acredita que vai ter a possibilidade lá na frente de reaver aquilo que gastou, em vez de buscar se fortalecer no debate político, no convencimento. Eu, sinceramente, dessas coisas falo à vontade, porque meus mandatos são fruto de eleições que não tenho problemas, nem nas eleições e nem no exercício dos mandatos. A minha compreensão e o princípio político que me faz estar hoje na política é esse, a do mandato para serviço, que me dê a possibilidade de andar sempre de cabeça erguida, sem me eximir de qualquer debate, inclusive debate com a mídia”.
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