O vice-governador José Thomaz Nonô (Democratas) participou da convenção nacional tucana em São Paulo, que aclamou o senador Aécio Neves (PSDB) como pré-candidato à presidência da República. Nonô viajou para - além de hipotecar apoio a Aécio Neves, obviamente - ter uma conversa sobre o cenário local tanto com o senador, quanto com o presidente Fernando Henrique Cardoso (PSDB).
Ou seja: mais uma vez avaliar se há condições objetivas de disputa numa aliança local com os tucanos, já que nacionalmente o DEM marcha com Aécio Neves.
Não é a primeira vez que Nonô dialoga com Aécio Neves sobre a questão local. O vice-governador já demonstrou, várias vezes, sua insatisfação com a condução do processo de alianças por parte do governador de Alagoas, Teotonio Vilela Filho (PSDB), que acabou isolando os tucanos em território local.
O PSDB só tem, como mais palpável ainda assim incerto, como parceiro no processo eleitoral o Democratas. Há uma tentativa de trazer o PRB do ex-vereador Galba Novaes para dentro do grupo. Porém, o PRB é a sigla do suplente de senador Euclydes Mello. Este quer continuar na condição de suplente do senador Fernando Collor de Mello (PTB), que por sua vez, faz parte da frente de oposição liderada pelo deputado federal e pré-candidato ao governo, Renan Filho (PMDB).
Os tucanos também acreditam na possibilidade de conquistar o Solidariedade do deputado estadual João Henrique Caldas, mas - segundo informações de bastidores - o partido deve mesmo seguir com o senador e pré-candidato ao governo, Benedito de Lira (PP). Os diálogos acontecem entre Vilela e João Caldas. Lira só perdeu o PSD do deputado federal João Lyra, que atualmente se encontra no bloco de oposição.
O isolamento tucano dificulta as eleições proporcionais. Uma das preocupações de Nonô, além evidentemente do vice-governador saber que diminuem as chances de disputa pelo Senado Federal diante de um tempo de televisão tão reduzido. Expor o tabuleiro - mais uma vez - foi uma das coisas que Nonô fez em diversos diálogos.
Enquanto o vice-governador estava no ninho do PSDB, em terras locais, o pré-candidato a deputado federal e ex-presidente da Ordem dos Advogados do Brasil, seccional Alagoas, Omar Coêlho (Democratas), participou da convenção do senador Benedito de Lira. São os caminhos prováveis da sigla.
Nonô
Conversei com Nonô após a realização da convenção tucana. Sobre os reflexos das conversas em Alagoas, ele diz que os tucanos estão atentos tanto aos estados grande, quanto aos pequenos; e com “bastante otimismo” em relação à campanha do Aécio Neves. Todavia, disse que ainda aguarda as definições locais para bater o martelo quanto ao apoio ao pré-candidato ao governo de Alagoas, Eduardo Tavares (PSDB).
“O meu perfil é de decidir a composição antes, mas o condutor deste processo é o governador Teotonio Vilela Filho (PSDB). Então, nossa convenção está marcada para o dia 30 e até lá muita coisa pode passar por baixo da ponte. Eu posso ser beneficiário ou vítima deste processo e agirei como beneficiário ou vítima, mas sem nenhum estresse”, ressaltou o vice-governador.
Nonô ainda salientou: “eu ainda continuo na expectativa de que o governador ofereça as mínimas condições de campanha”. O líder do Democratas em Alagoas se refere ao tempo de televisão e às coligações proporcionais com condição de disputa. “Eu gosto muito do Aécio Neves. Mas, eu preciso de voto em Maceió, em Pariconha, em Alagoas e para isto é necessário tempo de televisão. O governador tem se esforçado. Tem conversado com o deputado federal João Caldas (Solidariedade) para ampliar aliança. Conversou com ele aqui em São Paulo. O governador está se esforçando ainda que tardiamente”, frisou.
O vice-governador diz - entretanto - que só o “esforço tardio” não garante absolutamente nada e que o momento é de aguardar definições sobre a ampliação do leque de alianças tucanas. Sobre a presença de Omar Coêlho na convenção de Benedito de Lira, Nonô ressalta: “quem esteve lá foi a pessoa do Omar, que é nosso pré-candidato e eu respeito muito. Não foi o Dem. Nossa convenção é dia 30 e só lá vamos definir rumos”.
Nonô também fez uma avaliação - em uma longa conversa - sobre o cenário nacional e a posição do DEM e dos tucanos. Sobre o assunto, publicarei texto amanhã.
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