A pré-candidatura de Eduardo Tavares (PSDB) tem enfrentado uma série de dificuldades para decolar. As pesquisas mais recentes mostram que o tucano – que é o candidato do governo do Estado de Alagoas – possui apenas 4% das intenções de voto. Claro, ainda é cedo. Tudo pode mudar.
Todavia, o percentual é muito pouco para quem tem ao seu lado a “máquina pública”, como é posto no jargão político. Isto tem mobilizado uma verdadeira estratégia de marketing na busca por melhor vender (não há sentido pejorativo no emprego do verbo, mas apenas da estratégica de comunicar ideias da melhor forma) o candidato. A ideia é apresentá-lo como um “alienígena” em um planeta de “conchavos” para chegar ao poder.
Assim se aposta na reflexão de que a população compre o discurso de que Eduardo Tavares não é apenas o novo no processo por não ser político, mas por ter independência. Desta forma, se tenta reverter um apelido que foi dado a ele de forma pejorativa, em um benefício: o extraterrestre da campanha.
Ter uma estratégia é fundamental no processo político, já diria o sábio Sun Tzu. É a essência do clássico A Arte da Guerra. Eleição é guerra em muitos momentos. Uma das armas é a comunicação. Os marqueteiros de Tavares acreditam que o discurso e a criação de um imagético será o suficiente.
O vice-governador José Thomaz Nonô (Democratas) – o principal aliado de Tavares – não concorda com isto. É bem visível nas linhas e entrelinhas do discurso de Nonô, que é pré-candidato ao Senado Federal. O vice responsabiliza o governador Teotonio Vilela Filho (PSDB) por ter conduzido o processo da “candidatura governamental” a uma ilha. Um isolamento que – nas palavras de Nonô – pode causar um “naufrágio recíproco” entre os aliados e o ex-aliados e o candidato da situação.
Nonô tem trabalhado discretamente nos bastidores para ampliar a frente. Trabalho paralelo enquanto Tavares manda avisar que é melhor estar só do que mal acompanhado sem esclarecer, sem direcionar, sem apontar para quem de fato é esta má-companhia. Queria ou não, a frase surgiu depois que os ex-aliados – ao lado de Benedito de Lira (PP) – abandonaram a nau capitaneada pelos tucanos.
Não é segredo que Eduardo Tavares terá dificuldades para compor até mesmo com o próprio Democratas. O motivo? Ora, a coligação majoritária – diante das cadeiras de deputado federal em Brasília – passa pelos interesses fisiológicos e numéricos da “astrologia proporcional”. Tem muito candidato a federal jogando búzios ao mesmo tempo que faz cálculo para optar pelo melhor caminho. A perspectiva do atalho é a porta aberta para a traição no cenário eleitoral.
Dentro do próprio PSDB, uma dor de cabeça para Pedro Vilela: o tucano agraciado com a benção do governador para tentar chegar à Brasília. Na Assembleia Legislativa do Estado de Alagoas, por exemplo, são muitos tucanos. E dentre estes muitos – levando-se em consideração que são apenas 27 senhores alçados à condição de representante da população – alguns estão muito longe de serem “tavarianos”. O parlamento é um planeta a parte, com outro tipo de alienígena. Alguns herbívoros semelhantes a lagartas que devoram folhas...salarias, no caso.
Talvez, para o próprio Eduardo Tavares seja mais uma “depuração” para o “antes só do que mal acompanhado”. Digo talvez, pois a frase sempre foi muito genérica e não serei eu a direcionar uma indireta que foi apontada para o infinito e sem destino certo...
Mas, vamos ao ninho tucano-legislativo. O deputado estadual Joãozinho Pereira (PSDB) – que em breve terá diálogos com Nonô – é aliado de Benedito de Lira (PP). Edval Gaia – o tucano de Palmeira dos Índios – é aliado do senador Renan Calheiros (PMDB). Gilvan Barros – o tucano silencioso – é só silêncio. Fernando Toledo (PSDB) está com Tavares, mas dizem que...por enquanto.
São alguns exemplos. Se vasculhar no partido, é possível achar outros com e sem mandato. O prefeito Rui Palmeira (PSDB), disse-me alguém muito próximo a ele, não engoliu muito bem a história do nome de Eduardo Tavares ter surgido no processo sem uma discussão maior. Marco Fireman – que foi dispensado - não deve mais olhar seu título de eleitor com o mesmo carinho de antes. A solidão de Tavares é um fato que ele mesmo reconhece. Por isto que o marketing tucano trabalha exaustivamente para modelar os Moinhos de Vento.
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