O vice-governador de Alagoas, José Thomaz Nonô (Democratas) se reuniu - como já tinha divulgado o blogueiro Davi Soares - com o senador e presidenciável Aécio Neves (PSDB) para externar suas preocupações em relação à composição da candidatura tucano-palaciana em Alagoas. 

Nonô avalia que a aliança entre Democratas e PSDB - sem ampliação deste leque - enfrentará sérias dificuldades em função do pouco tempo de televisão. Logo, o vice, que pretende disputar o Senado Federal, ainda trabalha para tentar novas alianças no campo palaciano.

As dificuldades aumentaram depois que partidos que eram da base entregaram os cargos no governo e firmaram aliança com a pré-candidatura do senador Benedito de Lira (PP) ao governo do Estado de Alagoas. Por lá, o candidato ao Senado é o deputado federal Alexandre Toledo (PSB).

Lira organiza um grupo que nem é situação, nem tem cara de oposição. Uma espécie de frente “paz e amor”, onde se apoia Eduardo Campos para a presidência, mas não se confronta com Dilma Rousseff (PT). Em que se entrega cargos no governo, mas é só um afastamento, nunca um rompimento ou racha. 

Em relação à forma como a base de governo se distanciou, Nonô acredita - como disse em em conversa com este blogueiro - que a decisão do Tribunal Superior Eleitoral de reduziu uma cadeira de Alagoas na Câmara de Deputados (de 9 para 8) pode complicar as coligações proporcionais e consequentemente desarrumar as majoritárias, já que apenas a oposição passa a ter número de partido e densidade o suficiente para permanecer agrupada. 

Neste sentido, o vice-governador acha que os partidos que pretendem eleger deputados federais e que estão na base de Benedito de Lira devem começar a repensar destinos. “Foi uma decisão que embaralhou o cenário e pode mudar muita coisa. Eu acredito que force conversas e redefinições nos próximos dias, pois acho que é uma decisão que não se reverte”, declarou Nonô.

Indaguei sobre os que teriam que abrir mão de candidaturas majoritárias caso haja uma rearrumação para recompor a base. “Já esteve pior. Eram mais candidatos majoritários e foi reduzindo. O fato é que agora nenhum candidato a federal atinge o cociente eleitoral. É preciso estratégia. A solução das majoritárias vai passar pelos proporcionais. Acresceu um número de votos expressivos como pré-requisito para eleger parlamentares. Vai começar a aparecer conversas entre os que um dia foram da base do governo. Vai obrigar as pessoas a se entenderem”.

Se a mudança de quadro vislumbrada por Nonô vai acontecer é difícil saber. No entanto, o pré-candidato ao Senado parece convicto e tranquilo em relação aos próximos passos das siglas ex-governistas no cenário atual. Questionei em linhas gerais o que ele tinha dialogado com Aécio Neves. “Foram conversas de estratégias e não posso entrar em detalhes, mas a união do PSDB e Democratas vejo com insuficiente. Eu apenas transmiti minha visão e pedi que ele também conversasse com o governador, que é quem deve conduzir este processo”.

“Eu trabalho discretamente para ver se é possível termos uma chapa única. Fica uma de oposição e uma de situação. Bem claro. A perspectiva de um naufrágio recíproco nas proporcionais pode abrir as cabeças. O senador Benedito de Lira (PP) e o governador Teotonio Vilela Filho (PSDB) tem muita responsabilidade neste processo. A responsabilidade da condução política da base do governo é 100% do governador. Não faço juízo de valor nem bom nem mal. O governador sabe das condicionantes. Uma delas é termos tempo de televisão. O que é óbvio”, colocou ainda o vice-governador. 

De acordo com Nonô, sua própria candidatura ao Senado é uma “nova realidade que exige espaços para se comunicar e fazer o confronto entre candidaturas”. “É uma condição primeira sem a qual as outras não tem sentido. Eu não tenho nenhuma gestão na maneira de fazer essa base que julgo indispensável não apenas para mim, mas também para o candidato Eduardo Tavares. No caso mais grave é que para deputado e senador não tem segundo turno. Portanto, é fundamental”.

José Thomaz Nonô também aproveitou a viagem para discutir com a Executiva nacional do Democratas a questão das eleições proporcionais em Alagoas. “A decisão do TSE é um fato que traz uma novidade muito grande nas eleições deste ano. Nenhum candidato atinge o número de votos suficiente para se eleger sozinho. Nenhum. Esteja no conglomerado do Benedito de Lira ou na empresa Teotonio Vilela S/A. Estas duas empresas precisam mais do que nunca de uma adventure. Uma estratégia comum se quiserem eleger estaduais e federais. Eu sempre achei que a solução da majoritária passa primeiro pelo correto encaminhamento das proporcionais. Tenho a impressão que esta decisão - logo, logo - vai começar a permear as conversas entre todo esse pessoal que um dia foi a base do governo. Eu até desejo ardentemente que este limão faça a torrinha de limão para obrigar as pessoas a se entenderem”.

Nonô finaliza que a resistência em relação à composição na majoritária repousava na circunstância de alguns federais já se acharem reeleitos no atual cenário. “Tinha contas cabalísticas e mediúnicas em relação ao antigo coeficiente eleitoral”. “Eu enxergo a possibilidade de união e gostaria que estas duas vertentes - grupo de Lira e Vilela - estivessem unidas. É uma máxima da política: quem divide perde. Por isto, trabalho discretamente para ver se é possível termos chapa única. Na oposição, já está claramente representado o campo. E aqui uma chapa de governo”, encerra.

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