A idade correta de iniciar a vida sexual é um tema que divide muitas opiniões. Alguns teóricos defendem que a base é essencialmente biológica e por algum motivo é inibida na infância. Já outra linha aponta que o despertar da sexualidade está diretamente ligado ao meio social e por ele influenciado.
Demonstrando a precocidade do início da vida sexual das jovens alagoanas, dados revelam também o despreparo e descuido destas meninas quanto à prevenção de Doenças Sexualmente Transmissíveis (DSTs). Registros do Centro de Patologia e Medicina Laboratorial (CPML), unidade de saúde da Universidade Estadual de Ciências da Saúde de Alagoas (Uncisal) revelam que diariamente são confirmados dois casos de jovens com idade entre 13 e 18 anos infectadas pela bactéria Neisseria gonorrhoeae ou ou gonococo que provocam a gonorreia ou blenorragia, ou seja é uma média de 40 a 50 jovens por mês.
“Eu não acredito quando vejo meninas que são quase crianças infectadas. Todo dia convivo com essa triste realidade”, desabafou a enfermeira Gizele Lessa que trabalha na coleta de material para a realização dos exames clínicos do CPML.
O que é mais chocante é que “a maioria das ‘meninas’ que são atendidas e diagnosticadas com a doença quando questionadas a respeito da falta de cuidados na transmissão de DSTs e o não uso de preservativos a resposta é um tanto irônica, disse a enfermeira. “Elas deixam claro que são garotas de programa e não se previnem porque os parceiros (clientes) não querem”, revelou Gizele.
Só houve o registro de uma menina de 13 anos que foi abusada sexualmente por um homem que após as relações pagava à mãe da menor pelo ‘serviço’, contou a enfermeira.
Outro caso que chamou a atenção foi o de uma senhora de 82 anos que foi infectada ao ter relações sexuais com um vizinho. “É preciso que as pessoas se conscientizem que a gonorreia se contrai sexualmente e é imperioso o uso de preservativos”, afirmou Gizele.
Perigos
A bactéria da gonorreia, se não tratada pode levar a problemas como “gravidez ectópica (tubária), infertilidade e em casos mais graves a bactéria pode entrar na circulação sanguínea e levar à morte”, pontuou a farmacêutica e bioquímica Luana Pires.
A doença provoca a inflamação da uretra, da próstata ou do útero. Muito purulenta se manifesta num prazo de 7 a 10 dias. A característica mais comum da doença é a secreção amarelada que fica na região dos órgãos sexuais das pessoas infectadas.
Considerando que a contaminação “independente da classe econômica é decorrente de comportamento sexual, a única forma de prevenção é informação e uso de preservativos, reforçou Luana.
Tratamento
O tratamento é simples. Assim que diagnosticado o profissional de saúde receita o uso de medicamentos à base de penicilina. Mas é preciso estar atento e protegido, pois já existem variações da bactéria. No Japão uma mutação da bactéria é resistente aos antibióticos conhecidos.