O vice-governador José Thomaz Nonô (Democratas) se posicionou como um dos nomes presentes no jogo político da sucessão do governo do Estado de Alagoas, em recente entrevista concedida a CBN/Maceió. Mostrou que não está fora do páreo.
Fez defesas do atual governo de Teotonio Vilela Filho (PSDB), mas ao mesmo tempo fez questão deixar claro que não é um governo conjunto, ou feito a quatro mãos. Expressão utilizada na entrevista.
Em pontos que chamam a atenção do ouvinte, o estilo de discurso já conhecido de Nonô levantou pontos sobre o processo político e sobre aliados do governo, dentre eles o senador Benedito de Lira (PP). O vice-governador, por exemplo, jogou em entrelinhas a responsabilidade pela Educação no colo do pepista. Pontou ainda as diferenças entre ele e Vilela, ainda que reconhecendo o que considera pontos “extraordinários” do governo.
“Eu morro de medo dessa história de governo a quatro mãos, pois para virar um governo a quatro pés é muito rápido. Eu faço questão de dizer que este é o governo Teotonio Vilela. Eu tenho a honra de ser vice e não ser decorativo”, salientou.
Voltou a afirmar que está na condição de pré-candidato. “Eu sou o pré-candidato do Democratas. Do meu partido. Eu sou um membro do governo. Não posso negar o governo ao qual pertenço, embora até – como qualquer cidadão – tenho visão diferenciada do governador em alguns pontos. Mas nos estimamos e nos respeitamos muito. Ele tem um espírito muito aberto e as nossas conversas mais reservadas são duríssimas”.
“Alagoas tem uma realidade diferente de todos os outros. O governador disse que resolveu ficar no governo. Ele pelo menos diz isto. Eu não juro sobre a Bíblia não. Quem diz que vai ficar é o governador. Em uma conversa, o governador disse que ficava para concluir o mandato, mas salientou que quem tem ideia fixa é doido. Então, eu só sei se o governador fica ou sai no dia 5, mas trabalhamos com a ideia de que ele fica”.
Segundo Nonô, com o governador permanecendo no mandato e – obviamente - não sendo um candidato ao Senado Federal, “inverte a lógica do processo”. “Acho que sou um único político que banca o governo em toda a sua plenitude. Acho que é extraordinário, com inserção social, com ajuste fiscal, atração de empresas, muitos pontos positivos. Eu, se fosse governador, encarava numa boa e ganhava a eleição para o Senado por ter o que mostrar”.
Questionado quais as condições que levariam Nonô a uma disputa ao Executivo, ele mesmo responde: “Não tem condição especial para ser candidato a governador. É consenso. Eu jamais serei – até porque perco eleição, não é esperteza – candidato de mim mesmo. Pertenço ao grupo do governo. Não digo que sou candidato de qualquer jeito, porque não sou. Gostaria de ser candidato se extrapolasse as fronteiras do meu partido e conseguisse sensibilizar outros partidos ou outras pessoas, começando pelo próprio governador. Isto vai se definir no dia 5 de abril. Se o Téo for candidato ao Senado, eu assumo o governo e a conversa é outra”, explana o vice-governador.
Thomaz Nonô ainda elogiou o ex-secretário Marco Fireman, que é pré-candidato ao governo pelo PSDB e falou de Benedito de Lira (PP), em tese os “rivais” internos no Palácio República dos Palmares: “nós não podemos perder um senador como Biu. Nem o Biu, nem o Renan. Ambos trouxeram milhões e milhões para Alagoas. Como vamos perder um senador desta magnitude. O grande Biu. Ele é amigo e deve ficar no Senado, brilhando com o prestígio que tem. Eu não sei o que ele quer fazer aqui nesta Alagoas encrencada. Deixa ele lá, lá é o lugar dele”
Sobre a escolha de um candidato: “Todo político diz que é honesto. Tem que olhar o passado dele. O que ele faz e não o que ele diz. O que eu fiz está aí e o cidadão pode conferir, checar, pode falar, criticar”. Ainda alfinetou o senador Benedito de Lira (PP), ao falar da Educação do Estado: “Agora, eu não sou responsável pelo que fizeram na secretaria de Educação. É outro titular, outra direção. Eu não digo que é bom, nem mal. Não é do meu pedaço. Perguntem ao governador. Eu já sou um vice bastante largo”.
Para que não restassem dúvidas, foi indagado se quem comanda a Educação no Estado de Alagoas é o senador Benedito de Lira: “É o que dizem! É o que dizem! Eu não posso atestar. Claro que é uma área de influência. Eu sou um quadro do governo. Tem um saldo positivo. Não acho perfeito, mas acho bom. Os defeitos do governo são corrigíveis. São óticas. Ninguém conhece melhor que eu. Então, eu posso dar um novo rumo em alguns erros e ampliar coisas positivas”.
A ideia básica – segundo Nonô – é manter Democratas e PSDB juntos em Alagoas, mas segundo o governador é um período de fomentação.
Ao falar do governo do Estado, Nonô ainda avaliou a situação da Educação em Alagoas de forma mais detalhada. “Tem que ter alguém que entenda realmente, pois é uma secretaria com um pessoal de alto nível, até porque são educadores, estão estudando. Há sindicatos aguerridos. Tem que olhar com muita atenção para maximizar o uso de recursos, que jamais serão suficientes em um Estado pobre como Alagoas”.
Nonô foi indagado sobre o grau de prioridade que a Educação teve no governo de Vilela. E emendou: “não sei. Nunca foi a minha área no governo. O governo tem acordos políticos e isto foi entregue a um outro grupo (liderado pelo senador Benedito de Lira (PP), que é pré-candidato ao governo). É do governo, mas são pessoas que indicam. Isto é normal. As pessoas buscam retribuir apoios políticos. Eu lhe digo que se eu fosse governador também faria. Mas chamaria o aliado e diria: você indica, mas me indique um cara bom. Se não for, a gente demite”.
“O defeito está em vulgarizar os escolhidos, o que é muito diferente. Eu não sei quem indicou o secretário da Fazenda, mas foi um secretário competente”, ainda complementou.
De acordo com Nonô, ele cumpre atribuições dadas pelo governador. “Isto faz com que eu tenha um papel específico, além de substituir o governador. Não sou o tipo de vice que vai a festinha, enterro e corta fita”. Sobre a relação com Vilela: “é uma relação muito antiga e muito sólida. Temos uma vivência de mais de 30 anos e sempre fizemos políticas. Convivemos no Congresso Nacional por mais de 20 anos. Eu tive a honra de ser convidado para ser vice. Não foi apenas uma aliança política, mas uma junção com confiança. Conheço o Vilela melhor que boa parte do governo”.
Tocou em pontos que foram seu trabalho no governo. Nonô, por exemplo, citou o trabalho feito pelo Fecoep, o qual comanda. Classificou como “maior ferramenta para inclusão social do Estado”. Inclusive, na visão de Nonô, “este será o maior legado da gestão de Teotonio Vilela Filho.
“O Estado passa por uma metamorfose brutal e as pessoas não percebem isto. Nós somos canavieiros. A cana teve coisas positivas e negativas. Agora, por força de equívocos da política nacional e outros fatores, vivenciamos a maior crise que Alagoas viveu. O governo tem feito a parte dele para achar outras alternativas. A atração de empresas gera emprego. O que tem sustentado o Estado é o que vivemos na construção civil”, colocou ainda Nonô ao avaliar o governo.
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