Comentei sobre o caso envolvendo a servidora aposentada da Assembleia Legislativa do Estado de Alagoas, Alari Romariz. Ela deve ser intimada pelo parlamento estadual - em um processo administrativo - para esclarecer as denúncias que teria feito sobre enxerto na folha salarial da Casa de Tavares Bastos.
Algo que também é apurado pelo Ministério Público Estadual (MPE). Chamei a atenção neste espaço para a possibilidade de uma manobra visando apenas pressionar Alari Romariz, que tem feito de sua página pessoal nas redes sociais uma válvula de escape para muitos servidores, envolvendo - inclusive - denúncias graves de algumas práticas no parlamento.
Tem postagem neste blog sobre o assunto, assim como há a versão do procurador-geral da Casa, Fábio Ferrario, alegando que não há perseguição nem pressão, mas que o procedimento administrativo é a forma correta de se chegar a alguma irregularidade. Estranhamente, o presidente da Casa, o deputado estadual Fernando Toledo (PSDB) disse - em entrevista à jornalista Vanessa Alencar, aqui no CadaMinuto - que não há enxerto algum.
Toledo - mais uma vez - colocou sua mão no fogo pelas práticas históricas da Assembleia Legislativa do Estado de Alagoas. Sendo assim, se há certeza de que não há enxerto, que papel cumprirá a investigação que já nasce com a premissa de que não há culpados? Qualquer coisa que Alari Romariz tenha a dizer não será levada em conta e a investigação pode se voltar contra ela, diante da certeza do presidente Fernando Toledo.
"Eu perguntaria ao Fernando Toledo sobre os comissionados que entraram para a folha sem o menor critério, enquanto outros permanecem comissionados. O que é isso? Há um caso de um rapaz que era comissionado e hoje está na folha e é chefe do departamento financeiro (sem papel). O que ele afastou é comissionado há mais de 20 anos, continuava comissionado, mas brigou com o chefe e foi afastado. Como foi a nomeação do rapaz?", questiona Alari Romariz.
E ainda complementa: "eu adoro ouvir a certeza do presidente. Sugiro que ele determine uma comissão para chegar às folhas de 1986 e as demais até esta data. Verifique quantos serviços prestados e comissionados entraram na folha e os que continuam comissionados. Houve concurso público de 1986 para cá?". A investigação que Alari Romariz levanta é a que citei aqui, mas Ferrario diz que a investigação nas folhas funcionais não é possíveis, pois elas já podem estar adulteradas.
Se Toledo diz que tem certeza que não há irregularidade, vale a pena olhar. Em nome da transparência. De acordo com Alari Romariz, existe, na Assembleia, pessoas que são comissionadas e prestam serviços há mais de 20 anos e nunca estiveram em folha. Outros, com padrinhos, entraram.
"Admiro a inocência do procurador, falando em ficha de funcionários. São 17 publicações de folhas da Assembleia nos últimos anos. É só o procurador mandar o moço que trabalha na área de computação e chegar as folhas. Verificar quem entrou e não foi por anuência. Aí reside o enxerto", sugere Alari Roramiz. Uma sugestão - ao meu ver - válida.
Sobre a forma como seu nome foi citado para uma abertura de processo, Alari Romariz é direta: "A jogada é me colocar como bucha de canhão para dizer aos funcionários que eu entreguei listas. Eu já fui vítima dessa jogada quando era presidente do sindicato, quando o deputado João Neto afastou da folha centenas de pessoas irregulares e disseram que eu dei a lista. Eles sabem de tudo e há pessoas que trabalham para eles", afirma.
Será que depois da "lista de ouro" teremos a "lista dos sábios" que entram no serviço público diante de tanta sapiência e mérito que não é preciso fazer concurso? "Um procurador que sugere à Mesa Diretora punições a servidores que trabalham durante anos e anos, afirma que não pode saber através de fichas funcionais quem foi enxertado ou não. Checa as folhas, senhor procurador", ironiza Alari Romariz, lembrando da sugestão dada por este blog.
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