Uma pergunta que começa a surgir nos bastidores políticos - em relação à crise vivenciada entre o Partido dos Trabalhadores e o PMDB - é se a busca pelo "entendimento" entre os partidos pode prejudicar a caminhada do senador Renan Calheiros (PMDB) à presidência do Senado Federal.

Calheiros pode perder o comando do Senado Federal em 2015. Aliás, não apenas Renan Calheiros, mas o PMDB. É este um dos pontos, na  correlação de forças, que está em jogo. PT e PMDB - neste exato momento - discutem com o olhar num futuro para mais além do que uma simples composição ministerial.

O PMDB sempre esteve à frente do Senado Federal durante boa parte da nossa jovem democracia. O PT trabalha por uma posição no Congresso Nacional que não depende do seu maior aliado. Um aliado eternamente de circunstâncias e que sempre cobra a fatura: ter o quinhão merecido de acordo com o tamanho da legenda. Assim é o PMDB. Assim sempre foi o PMDB.

Renan Calheiros é uma peça central neste momento. Está em jogo o seu futuro em Brasília. Consequentemente pode resvalar nos planos aqui no Estado. O candidato ao governo do Estado (o plano A) é o deputado federal Renan Filho (PMDB). Agrada ainda uma composição em que o PT indique o vice. Há nomes na legenda de Dilma Rousseff que possuem o apoio e a admiração dos calheiristas, como o deputado estadual Judson Cabral.

Há - atualmente - um outro senador da base aliada de olho numa aliança com o PT para concorrer ao governo do Estado de Alagoas: Benedito de Lira (PP). Este se aproxima de um "aliado de circunstâncias" de Calheiros: o senador Fernando Collor de Mello. Como a distância entre as figuras políticas em Alagoas nunca foi tão grande a ponto de impedir uma reaproximação, eis um cenário aberto a mudanças.

Porém, vale lembrar que o peemedebista-mor é um hábil enxadrista que sempre soube pavimentar caminhos. Em 2010, no auge do furacão, Renan Calheiros soube conduzir o barco que o levou de volta ao Senado Federal.

Agora, em 2014, Renan Calheiros tem a preocupação de eleger o filho no comando do Palácio República dos Palmares e a reeleição, já que indica o partido que tiver maior bancada. É uma tradição. Não é por acaso, que o ex-presidente Luis Inácio Lula da Silva, o Lula, se empenha para eleger um grande número de parlamentares em outubro e com isto destronar o PMDB. A correlação de forças segue seu curso...

A diferença entre PT e PMDB é de cinco senadores. Em função dos possíveis futuros resultados eleitorais, não é difícil peemedebistas perderem este espaço. A corda está tensionada e envolve - como se vê aí! - diretamente o senador Renan Calheiros e a cúpula do PT. Timoneiro de um barco lá; timoneiro de um barco aqui. Ambos em tempestade de mares bravios, enxadristas e tubarões a postos.

Se Renan Calheiros sentir que o barco de lá pode virar, deve concentrar forças aqui? A resposta é com o próprio Calheiros. Na política tudo é como as nuvens. Você olha está de um jeito, você olha de novo: o comandante vira passageiro das circunstâncias. 

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