Está ganhando, até agora, quem apostou na impunidade sobre o flagrante de conivência de integrantes da Polícia Civil com a prática ilegal de jogo do bicho na porta da delegacia do 25º Distrito Policial, em Fernão Velho. Isso porque já extrapolou, há quase duas semanas, o prazo de 30 dias para a conclusão da sindicância que o corregedor-geral da Polícia Civil, Osvaldo Rodrigues, disse ter sido aberta em 8 de janeiro.
O processo administrativo foi aberto por determinação do então titular da Delegacia Geral da Polícia Civil, Paulo Cerqueira. Com pena máxima de demissão, a sindicância deve apurar a eventual prática de prevaricação por parte da equipe de policiais civis e da delegada Maria do Socorro Almeida.
O flagrante de contravenção penal era cometido pela cozinheira da delegacia, identificada como Zuleide. E foi feito por agentes da própria Corregedoria da Polícia Civil, após denúncia feita por um policial civil. Presa em flagrante, Zuleide confessou que guardava o material da banca do jogo do bicho no interior da delegacia.
A cozinheira foi autuada por contravenção penal e liberada no mesmo dia da operação. Mas a apuração da relação conflituosa desta prática na presença da equipe do 25º DP ainda não teve desfecho conhecido publicamente. Segundo o delegado Valdir de Carvalho, designado pela corregedoria para ser relator da sindicância, o processo está em fase de conclusão do relatório.
Culpa do denunciante?
Surpreendi-me há pouco ao ouvir o relator do caso justificar que, apesar do flagrante, seu relatório depende justamente da oitiva daquela que foi a primeira pessoa a ser ouvida no caso: o policial denunciante. Mas Valdir de Carvalho garante ser essencial à sindicância ouvir o policial responsável por ajudar a instituição a identificar o cometimento absurdo de ilegalidade à entrada de uma das sedes de um órgão responsável por investigar e combater quem é fora-da-lei.
“Estou concluindo o caso. Já ouvi todo mundo e só estou dependendo de ouvir mais uma pessoa, o denunciante, para relatar”, disse o delegado Valdir de Carvalho.
“Eu não sabia”
Ligada à cúpula do comando da Polícia Civil, a delegada Maria do Socorro Almeida conversou com o blog por telefone e negou ter conhecimento de que a cozinheira vendia jogo do bicho. Além disso, defendeu que o policial denunciante poderia ter lhe comunicado sobre a ilegalidade, ou, ele mesmo, ter prendido Zuleide em flagrante.
“O caso está na Corregedoria e já me defendi. O que eu sabia era que a moça trabalhava vendendo cartelas do Alagoas dá Sorte. Não sabia que ela vendia jogo do bicho. Só soube depois que este policial denunciou. E ele mesmo poderia ter me contado sobre a situação ou prendido a moça”, afirmou a delegada.
Uma cópia do Termo Circunstanciado de Ocorrência (TCO) do flagrante também teria sido encaminhada ao Judiciário. Será apurado o crime de prevaricação, cuja pena é detenção, de três meses a um ano, e multa.










