Uma semana após a posse do procurador Eduardo Tavares (completa no dia 27) na Secretaria de Defesa Social, os trabalhos do Governo na área da segurança pública (também uma questão social, não apenas policialesca) prometem seguir o mesmo ritmo da gestão anterior.

O coronel Dário César caiu pelo desgaste. 

Não será diferente com Tavares- uma lógica perversa à história do procurador com um ótimo trabalho na chefia do Ministério Público Estadual. 

O secretário será tragado pela frase do presidente Washington Luiz- da década de 20: “A questão social é caso de polícia”. 

E não é mais. As operações da Polícia Civil (Campo Alegre e Maceió) viraram ações de higienização: a prisão de traficantes (serão soltos em alguns dias por ordem da Justiça), o espetáculo das imagens dos bandidos cercados para uma sociedade amedrontada e em seguida uma reação social: “Bandido bom é bandido morto”. 

Respostas pontuais, isoladas: atuações “firmes”, “enérgicas”, aumentando o ódio da população à polícia ou provocando medo nas ruas- em especial com a Força Nacional. 

O currículo de Tavares- à frente da Defesa Social- tem condições de oferecer melhor. E cobrar mais. Bem mais. 

Cobrar da Secretaria Estadual de Saúde e da Assistência Social um programa com ações (e iniciativas) aos dependentes de álcool e outras drogas espalhados em barracos improvisados na orla de Maceió, por exemplo. 

Se não for feito? Virarão braços do tráfico. 

Cobrar da Prefeitura da capital (e de outros prefeitos) propostas para garantia de ampliação dos direitos a esta população, fortalecendo (inclusive) o trabalho de entidades ou movimentos sociais existentes nas ruas. As igrejas realizam trabalhos nas madrugadas com os miseráveis. 

Há uma diferença na ação do Estado contra dependentes químicos e traficantes. Mas, para o Governo, traficantes são todos, juntos e misturados. 

E se o dependente químico merece apenas a prisão, o isolamento ou a masmorra, melhor terminar as chances de recuperação nas comunidades terapêuticas- espalhadas por Alagoas. Que- aliás- nem o próprio Governo conhece os resultados. 

Do contrário, a resposta ao tráfico – vinda do Governo- é apenas mantê-lo funcionando e blindando os traficantes mais ricos. E quem nas polícias Civil ou Militar tem interesse (ou coragem) de desafiar os “bandidões” da terra mais violenta do Brasil?