Os cabelos (ou a ausência destes) do senador Renan Calheiros (PMDB) pouco importam. Ele tem todo o direito a ter quantos fios de cabelo achar necessário. O "x" da questão - e aí todos os senadores já estão carecas de saber (com perdão do trocadilho) - é a necessidade de regras que zelem pelo dinheiro público, sobretudo nos parlamentos, que na maioria das vezes são caríssimos quando levado em conta o "custo-benefício" para a população.
Um dos pontos que o senador Renan Calheiros se orgulha em seu discurso - ao fazer o balanço das atividades do Senado Federal em 2013 - é o relativo ao corte de gastos feito por sua administração. O outro - que o senador julga tão importante quanto - é a agenda positiva que tentou impor após os clamores que vieram das ruas com as manifestações deste ano. Calheiros fez questão de frisar - por diversas vezes - que o Congresso Nacional não deu uma de surdo.
Cortar gastos em um parlamento e garantir eficiência máxima, é sempre bem-vindo em qualquer nação. Repito aqui neste blog: um parlamento forte é essencial a democracia, caso contrário teremos um Legislativo subserviente as vontades do Executivo e isto representa e sempre representará perigo para a própria democracia.
Quanto às vozes das ruas, o Senado pode até ter ouvido, mas em alguns momentos parece ter dado uma de "joão sem braço", como se diz no popular. O caso mais recente envolvendo Renan Calheiros é o uso do avião da Força Aérea Brasileira (FAB) para ir de Brasília a Recife fazer o implante capilar. Uma das regras é a viagem a serviço. Como assim foi registrado, conforme as reportagens. Porém, é óbvio que o "implante capilar" não é uma tarefa parlamentar, não é uma missão.
Pior, independente do quanto custou, vai de encontro ao conceito de cortes de gastos, pelo uso das prerrogativas da função em uma questão tão pessoal. Sem contar que é justamente o contrário - na essência do ato - do que se pedia nos gritos vindo das ruas. É mais um caso envolvendo o avião da FAB. É preciso que se dê uma resposta a isto uma vez por todas, caso contrário virão outros, outros e mais outros, não sendo exclusividade de um único senador, acreditem...
E aí, vem a máxima: se der algum problema, devolve-se o dinheiro gasto com o voo e tudo resolvido. Entretanto, a essência do ato em si precisa sim ser analisada. Uma das reportagens coloca: "De acordo com a assessoria de Renan, se a viagem for considerada fora do escopo do decreto que dita as regras do uso de aeronaves oficiais, ele devolverá o dinheiro correspondente ao trajeto.
A assessoria não explicou, no entanto, por que o presidente do Senado usou o avião da FAB para a viagem".
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