Uma nova carona marcou a entrega de casas na cidade de Arapiraca. Desta vez, em um mesmo veículo estavam o vice-governador José Thomaz Nonô (Democratas), o senador Renan Calheiros (PMDB) e o senador Fernando Collor de Mello (PTB). Da primeira vez, também em Arapiraca, Nonô ficou fora da carona. Será simbólico?

Bem, dentro do veículo Nonô e Renan Calheiros mantiveram a cautela. Fernando Collor de Mello é candidato à reeleição ao Senado Federal e deseja ter o apoio do PMDB e da base aliada de Dilma Rousseff (PT). Ele teme uma reaproximação entre Calheiros, o governador Teotonio Vilela Filho (PSDB) – que não estava no evento de hoje – o vice governador José Thomaz Nonô e também do senador Benedito de Lira (PP).

O cenário eleitoral se mostra uma verdadeira incógnita. Todos deram uma desacelerada nas “negociações” e esperam a decisão do governador Teotonio Vilela Filho (PSDB), que deve mesmo ser candidato ao Senado Federal. Nonô – portanto – passa a ter a caneta do Executivo na mão. Terá mais força na mesa de negociações.

Durante a entrega das casas em Arapiraca, Nonô fez uma análise da conjuntura político-eleitoral. Ao falar, o vice-governador disse que os “adversários políticos não são inimigos”. De acordo com o líder do Democratas em Alagoas, os grupos  políticos “arengam porque é fundamental arengar para que as pessoas possam comparar ideias e projetos”.

“Mas as eleições acabam e aí nós temos quatro anos pela frente. Quem ganhou, ganhou. Quem perdeu, perdeu. Porém, todo mundo tem que ficar junto porque quem não pode perder é o povo de Arapiraca e de Alagoas”, complementou. O vice-governador – que é cotado como candidato ao Palácio República dos Palmares – fez um discurso de união e ainda fez elogios a possíveis “rivais” no cenário político.

“Eu não tenho constrangimento algum de ressaltar o trabalho de adversários. Até porque não sei se eles serão adversários”. Ou seja: nas entrelinhas, Nonô mostra as portas abertas para composições envolvendo o senador Renan Calheiros e outras forças políticas que estão no tabuleiro. Ele ainda frisa: “adversário político não é inimigo político. É um cara que pensa diferente sobre determinada coisa, num determinado momento. Isto não quer dizer que no dia de amanhã não sejamos amigos fraternos”.

Nonô definiu os senadores Collor e Renan Calheiros como pessoas unidas por Alagoas. Sobre a circunstância de estarem no mesmo palanque – e terem pego a mesma carona – em Arapiraca, o vice-governador ainda fez questão de – em suas palavras! – “dividir uma reflexão”. “Eu acho que o palanque hoje mostra algo muito interessante sobre a política de Alagoas. Aqui são pessoas de partidos políticos diferentes, crenças diferentes, históricos diferentes, que aqui e ali se beijam, que aqui e ai se acotovelam, mas que a grande lição, quando se trata de Alagoas, é que estamos todos juntos”. Será?

A união de algumas forças políticas aqui são históricas. Como explicar então os números negativos que nos envergonham em muitas matérias nacionais? Amor demais e trabalho demais? Perguntar não ofende. No fim, fica parecendo muito suor coletivo para pouca mudança e avanço.

Ao falar especificamente sobre os senadores presentes, José Thomaz Nonô assim definiu: “o senador Fernando Collor de Mello falou. Disse o que fez. Não precisava falar muito porque é senador da República, prefeito de Maceió, foi presidente. Tem um currículo brilhante. Renan Calheiros foi colega deputado federal e hoje é presidente do Senado. Célia Rocha é uma prefeita amparada pelo seu povo e não mede palavras e esforços por Arapiraca. Uma fauna diversificada de políticos. Classe política que trabalha todo santo dia para o desenvolvimento do Estado”. Quem usou a palavra “fauna” foi Nonô. Não sei se no mesmo sentido que alguns entenderão. Mas, enfim...

Claro que o vice-governador também aproveitou o palanque para falar do trabalho do governo do Estado. Ressaltou as adutora em Arapiraca, a construção de rodovia na região e falou do duto de gás que deve ajuda o desenvolvimento da cidade. Falou também dele mesmo. “Sou hoje o maior parceiro da Caixa Econômica Federal no Estado de Alagoas por conta da Reconstrução. Foram mais de 17 mil casas. Concluímos 15 mil. Pernambuco, cantado em verso e prosa, não fez duas mil. Perdoem-me o bairrismo alagoano.  O presidente Lula e a presidente Dilma – e quem está dizendo isto é alguém que foi líder da oposição ao Lula – não tiveram apenas um tratamento republicano com Alagoas. Foi um tratamento carinhoso e preferencial”.

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