Difícil compreender a matemática do parlamento estadual de Alagoas. Nos últimos anos, mesmo sem concurso público, a folha salarial da Assembleia Legislativa do Estado de Alagoas aumentou significativamente, consumindo – como mostram as movimentações financeiras divulgadas pelo deputado estadual João Henrique Caldas, o JHC (Solidariedade) – grande parte dos recursos do duodécimo.
De acordo com o presidente afastado Fernando Toledo (PSDB), além da folha salarial em si, os comissionados da Assembleia receberam gratificações, diárias e indenizações, resultando em inúmeros repasses para os felizardos da “lista de ouro”. Até o momento, tais repasses nunca foram bem explicados. Toledo segue defendendo a legalidade de tudo. O Ministério Público segue apurando os indícios de malversação de dinheiro público.
Resultado: é um parlamento sob suspeita. Se levado em conta o histórico da Casa de Tavares Bastos, lembraremos da Taturana e o suposto desvio de mais de R$ 300 milhões. Dinheiro que pode ter sido usado para os mais variados fins, deixado funcionários efetivos brigando na Justiça por direitos trabalhistas. Um quadro que faz com que a Assembleia Legislativa pareça um poço sem fundo...
Todavia, mesmo com este quadro, a presidente provisória Flávia Cavalcante (PMDB) já sabe que o parlamento estadual precisará de mais dinheiro para fechar o ano. Será que o pagamento dos servidores se encontra em risco? Cavalcante não sabe o montante que será necessário para que a Casa de Tavares Bastos cumpra com seus compromissos, mas já informou que o “pires” será levado ao governador Teotonio Vilela Filho (PSDB).
O bondoso Vilela – aproveitando o espírito natalino – já concedeu aumento de duodécimo para o ano de 2014. Porém, o que alguns deputados parecem querer é algo mais emergencial. Os mais de R$ 140 milhões a serem executados em 2013 acabaram sendo pouco. Nós, os contribuintes, devemos entender isto.
Afinal, com este recurso tão “minguado”, nossos heróicos deputados só conseguiram pagar seus excepcionalmente dedicados comissionados, que trabalham diuturnamente, sempre presentes e abnegados; pagar os efetivos e umas despesinhas aqui e outras ali. Dói no coração saber que não sobra dinheiro para o papel higiênico. A falta de papel higiênico nos leva a uma reflexão sobre a produção dos nossos parlamentares: com um ano de tanta produtividade, os deputados vão se limpar com o que?
Estou no twitter: @lulavilar