Neste dia 20 de novembro, quando se celebra o Dia Nacional da Consciência Negra, a comunidade afrodescendente alagoana muito tem para questionar e reivindicar. Uma pesquisa feita pelo Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea) e divulgada na terça-feira (19) constatou que Alagoas é o estado onde mais se matam jovens negros.
A professora e coordenadora do Instituto Raízes da África, Arísia Barros revela que “a pesquisa não é novidade. A exclusão racial em Alagoas ainda é muito grande. Nosso estado é conhecido como pequena África, haja vista a enorme exclusão racial”.
Um dos motivos do aumento da violência contra os jovens negros é a falta de políticas públicas que possam promover o crescimento e capacitação das crianças e adolescentes. “Considerando que a maioria dos negros moram em grotas, que por si só já são locais excludentes e que deixam a juventude muito mais vulnerável, ações positivas são urgentes e vitais”, pontua Arísia.
"É preciso que a sociedade entenda que as crianças negras também querem viver bem e, infelizmente o caminho das drogas promove isso de forma muito rápida”, declara a coordenadora do Instituto.
O difícil acesso à educação de qualidade e as baixas condições sociais de algumas famílias negras as deixam muitas vezes inseridas no quadro da vulnerabilidade social fazendo com que os jovens negros tenham poucas oportunidades de crescer. Segundo Arísia, “além da pobreza esses jovens sofrem com o racismo. Ser preto e pobre é ser condenado à invisibilidade”.
A saída para reverter esses dados que são assustadores está na efetiva criação e execução de políticas públicas de estado, feitas para o povo. “É preciso construir possibilidades. Podemos sim comemorar este dia 20 com muita dança, poesia e cultura, mas depois da festa é preciso ter responsabilidade e cobrar um futuro melhor, para todos”, concluiu Arísia Barros.