São cerca de 70 mil óbitos anualmente no Brasil, uma morte a cada seis segundos no mundo e apenas a prevenção como a solução para reverter esses números. De acordo com o Ministério da Saúde, o Acidente Vascular Cerebral está entre as doenças cerebrovasculares que mais matam no país. Para alertar a população quanto a estas informações, a Associação Ação AVC levou à praia de Pajuçara no último domingo, dia 27, uma campanha educativa para conscientizar os participantes sobre os perigos da doença popularmente conhecida por derrame.  

Integrada às ações da Rede Brasil AVC e da Organização Mundial de AVC alusivas ao dia mundial da doença, datado em 29 de outubro, a campanha educativa realizada em Maceió teve início na sexta-feira, 25, com a palestra ministrada pelo fisioterapeuta Igor Soares no Espaço Saúde, no Corredor Vera Arruda. O profissional fez uma abordagem ampla sobre a doença, dando ênfase ao processo de reabilitação física no caso de quem é acometido.

Já no domingo, os visitantes da área reservada ao lazer na praia de Pajuçara puderam participar do Circuito de Saúde, que alertou os participantes quanto aos fatores de risco por meio da aferição de pressão arterial, glicemia, circunferência abdominal e índice de massa corpórea. A campanha contou também com o Circuito de Fisioterapia, com alongamentos de coluna, exercícios para condicionamento físico e demonstração prática sobre os cuidados pós AVC no processo de reabilitação. Além disto, foram realizadas panfletagem, ações mobile e informativas com acadêmicos da área da saúde e fisioterapeutas. 

De acordo com os dados da realização da campanha, durante toda a manhã foram atendidas cerca de 100 pessoas, das quais mais de 50% foram identificadas com risco alto para o AVC. Entre os atendidos estava o médico Alfredo Jackson Santa Rita, um dos milhares de brasileiros que sobreviveram após serem acometidos pelo acidente.

Santa Rita é uma prova viva de que a doença ocorre subitamente sem predileção de sexo, classe social ou idade. Aos setenta anos de idade, o médico diz já ter sofrido AVC por duas vezes. Ocorrido há 10 anos, o primeiro foi um isquêmico, que o acontece em virtude da interrupção do fluxo sanguíneo em uma região do cérebro, do qual teve como sequela a paralisação dos movimentos de uma perna.

Já o segundo foi um hemorrágico, ocasionado a partir de um sangramento na região. Diferente da primeira experiência, Alfredo Jackson, ao identificar os sinais da doença, procurou de imediato um hospital e foi diagnosticado rapidamente, o que evitou sequelas após o acidente. Além dos AVCs, ele também já foi acometido por dois infartos, passou por uma cirurgia cardíaca e é portador de trombose. “Após todo este histórico, baseio minha vida completamente nos cuidados com a saúde e tenho a prevenção como uma grande aliada para evitar novos problemas”, diz Alfredo.

Campanha

Presidente da Associação Ação AVC, Solange Syllos vê a informação como um fator diferencial para salvar vidas e, por isso, realiza a campanha mundial em Alagoas há quatro anos. “O que nos motiva é mobilizar a população para combater esta doença. Só sabendo do que se trata e como evitá-la as pessoas poderão agir corretamente. Saber como reconhecer os sinais, por exemplo, pode salvar muitas vidas”, ressalta.

A neurologista Maria Júlia Monteiro Valença também reconhece o poder da informação e destaca a necessidade do alerta à população. “A importância desse tipo de campanha vai além do ganho individual que recebe cada pessoa que avalia seu próprio risco cardiovascular. O mais importante é a propagação do assunto para que a população entenda que o AVC é uma das doenças que mais mata no mundo, é a que mais deixa sequelas e que hoje em dia já existem formas de prevenção, tratamento e reabilitação que precisam ser oferecidas pelos órgãos de saúde, públicos e privados”, diz a médica.

Neste ano a campanha foi realizada por meio da parceria entre a Zampieri Imóveis - mantenedora da Ação AVC, Sesc, Cesmac, Unimed, Fal, Uebee e  Ecomarketing Mobile. Além de Maceió, foram realizadas ações também nos municípios de Arapiraca e São Luiz do Quitunde.

Associação Ação AVC

Após ser inscrita como membro filiado à Rede Brasil AVC e à Organização Mundial do AVC (Word Stroke Organization- WSO), duas respeitáveis organizações, a Ação AVC de Alagoas foi transformada em Associação e teve seu estatuto aprovado em abril passado. Na ocasião, foi formada a primeira diretoria da entidade.

Com sede em Maceió, a Associação Ação AVC é a responsável por inserir Alagoas nesta importante campanha mundial. É uma entidade sem fins lucrativos, cujos principais objetivos são congregar pessoas acometidas por AVC, familiares, profissionais de saúde e demais interessados, além de promover a integração e assistência social; criar, manter e desenvolver atividades e serviços de assistência. Cabe também à Associação encaminhar os acometidos de AVC para tratamentos de reabilitação.