O negão não viu o dia nascer. Ele foi assassinado.

01/10/2013 10:25 - Raízes da África
Por Arisia Barros

Era assim que o chamávamos, de negão simplesmente. Se tinha um nome oficial nunca chegamos a conhecer. Era um sujeito amigável, com um sorriso cheio de  dentes –milagrosamente- alvíssimos apesar de não morar em lugar algum..

Os motoristas da rua confiavam- sem titubearem- a ele seu carro.  Era um profissional em que muit@s confiavam. Pode botar fé patrão ou patroa- dizia com sua voz grossa de menino virando homem- e  complementava com o seu bom dia,  recheado de um brilho intenso no olhar.

Sabíamos muito pouco  da sua vida. Deveria ter - se muito- uns 17 anos e vivia na rua- que é um lugar nenhum. Sua vida resumia-se a isso:  tempos e espaços indefinidos.

E ele dentro da sua invisibilidade social fazia questão de fazer-se notar e  caprichava na apresentação pintando de luz sua trajetória. Portava sorrisos.

Ele foi embora como deve ter chegado: meio que de repente.

Quem sentirá saudades de mais um preto jovem a menos?

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