Poupar no presente para colher os frutos no futuro. Esse ensinamento, que faz parte das regras de “Educação Financeira”, norteia as decisões de muitas pessoas, inclusive pais que optam por apostar em fundos de investimentos e planos de previdência para os filhos desde que eles ainda são crianças. Com o objetivo de garantir uma renda para os filhos quando eles alcançarem a maioridade, os planos de previdência infantil estão ganhando adesão entre os alagoanos.

Pensando em garantir uma renda para a filha, o jornalista Delane Barros investiu em um plano de previdência para Alice, hoje com sete anos. Quando a menina tinha 03 anos, ele e a esposa decidiram que iriam reservar um dinheiro para que a garota pudesse usar a partir dos 21 anos.

Delane contou que a intenção de guardar um dinheiro para a filha veio da necessidade de se pensar em um recurso que a menina pudesse utilizar para realizar um intercâmbio fora do país, comprar um carro ou dar entrada em um imóvel. Uma outra possibilidade, que ele julga a mais interessante, é que Alice não resgate o dinheiro e continue a pagar a previdência até os 50 anos para que ela tenha uma aposentadoria complementar.

O jornalista disse que a rentabilidade do plano de previdência, mais atrativo que uma caderneta de poupança, foi fator decisivo antes da aplicação do dinheiro. “Fiz muita pesquisa, antes da nossa decisão final. Enquanto na poupança, se tem cerca de 6% ao ano de juros, esse percentual na previdência é bem maior, o que é um grande atrativo”, relatou ele.

Mas, a pequena Alice somente saberá do investimento dos pais aos 21 anos. De acordo com Delane, a medida é por precaução. “Ela tem uma poupança feita pela avó e quando quer algo, já fala em movimentar o dinheiro, por isso acho melhor que ela saiba quando estiver mais velha e com a cabeça no lugar”, colocou o jornalista. 

Pai de outra menina de dois meses, o jornalista também tem o desejo de fazer um plano de previdência para Letícia. “Assim como fizemos com a Alice, queremos fazer sim. É uma garantia que deixamos para os nossos filhos e recomendo para quem puder fazer. Uma dica importante é pesquisar para poder esclarecer todas as suas dúvidas”, frisou Delane.

Orientação

Antes de optar pela previdência, é necessário que os interessados procurem um corretor de seguros para expor suas necessidades, até que encontrem o plano que mais se adequa aos planos para o futuro do filho. As orientações do profissional são decisivas para que a melhor escolha seja feita.

O corretor Djaildo Almeida explicou que o possível destino dado ao dinheiro quando o filho atingir a maioridade é o pontapé inicial da contratação do plano de previdência. Ele ressaltou ainda que o valor aplicado deve ser entendido como investimento e não como gasto.

“Quando os pais procuram um corretor, muitas vezes eles já pensam em algo para o futuro dos filhos e em cima disso, calculamos o valor a ser pago. Muitas vezes, pensamos em uma faculdade e vemos o valor médio da mensalidade e o tempo do curso, por exemplo. A conversa com o corretor habilitado é fundamental, pois ele tira todas as dúvidas do cliente e o ajuda a escolher o plano adequado para a realidade do interessado”, orientou Almeida.

O valor aplicado mensalmente pode ser, por exemplo, de R$ 50, com a possibilidade de aumento gradativamente. Essa “adequação” do produto ao cliente é um dos grandes diferenciais do plano de previdência, aliada à rentabilidade (aproximadamente 12% ao ano) do valor investido.

“Com a ajuda de um corretor é possível fazer um planejamento sólido. Como não há nada estipulando que o valor é fixo, é possível aumentar o valor mensal quando se obtém um aumento no salário, por exemplo. Um corretor pode tirar todas as dúvidas e, com certeza, ajudar a buscar a melhor opção. Um conselho que dou é que se busque o que for melhor, sempre com a orientação de um corretor”, colocou Almeida.

Um outro atrativo dos planos de previdência é a garantia de resgate do valor investido. O corretor explica que as seguradoras possuem um órgão regulador, a Superintendência de Seguros privados (Susep), que faz com que empresas com dificuldades possam ser incorporadas, o que faz com que os clientes não sofram perdas financeiras.

“A grande preocupação do público em geral é: previdência é um investimento seguro? Falamos que o mercado das seguradoras no Brasil é blindado. A Susep busca alternativas e faz intervenções nas empresas, se for necessário, para que o cliente não saia perdendo”, explicou o corretor.

Djaildo afirmou também que quem deseja aplicar o dinheiro e garantir um valor para o filho no futuro precisa dar o primeiro passo, independente do valor investido. Ele destaca que o fundamental é criar o hábito de poupar.

“Muitas pessoas dizem que não têm dinheiro para investir, mas o importante é começar. Se você tem R$ 50 por mês, será feito com esse valor. O importante é adequar o produto a cada tipo de cliente”, encerrou Almeida explicando que existem duas opções de resgate do valor (no período estipulado no ato da contratação do serviço ou antes do prazo pré-estabelecido). O valor investido em planos de previdência ainda pode ser deduzido do Imposto de Renda em até 12%.

  Rendimento

Também preocupada em garantir um valor para quando a filha complete 18 anos, a administradora de empresas Bárbara Tenório fez um plano de previdência infantil para a menina. Ana Carolina, hoje com cinco anos, foi beneficiada pela aplicação logo após nascer. Bárbara explica que alguns fatores a fizeram escolher essa opção de rendimento em detrimento da caderneta de poupança.

“Pensava em uma poupança, mas que não pudesse mexer no dinheiro. E sempre que temos uma poupança terminamos usando o dinheiro para alguma emergência que aparece, é inevitável. E eu queria um fundo que eu não pudesse mexer no dinheiro e por isso optei pela previdência”, relatou Bárbara.

Sobre o destino do dinheiro, Bárbara afirmou que deixará nas mãos de Ana Carolina para que ela decida. “Acredito que a Carol saberá o que fazer com o valor, mas espero que seja algo produtivo para ela, como investir em Educação ou fazer uma viagem legal”, colocou.

Um investimento mais sólido

Assim como a administradora de empresas Bárbara Tenório, muitas pessoas temem a tentação de ter sempre o dinheiro ao seu alcance, ao optarem pela poupança como forma de investimento. O economista Agnaldo Gomes da Silva afirma que a poupança e a previdência privada são tipos de investimentos totalmente antagônicos e uma das diferenças é que a previdência dá a garantia de que o investidor só poderá usufruir do dinheiro após o tempo estabelecido no contrato. ´

“A poupança é uma aplicação tipo ‘stand by’, ou seja, sabe-se que a qualquer momento se pode utilizá-la. Além disso, os custos associados à previdência privada são bem maiores do que aqueles ligados à poupança que, para que tem a conta bancária na própria instituição de poupança, o custo de manutenção desta é praticamente zero”, assegurou o especialista.

Gomes adverte que como todo investimento, a previdência privada também precisa ser bem estudada. “As seguradoras oferecem algumas espécies de ‘blindagens’ ou garantias”, frisou.

O economista garante que não existe uma idade certa para conversar com os filhos sobre educação financeira, mas no caso do benefício da previdência, o ideal é revelar quando a criança atingir uma idade em que possa ter noção para que servirá a aplicação. “Claro que dizer para um filho que ele tem um plano de previdência privada, desde cedinho, para poder complementar a aposentaria, é dizer que também ele deve se preocupar com sua condição financeira na velhice”, orientou.