Em oposição ao discurso do vice-governador José Thomaz Nonô (Democratas) - que como coordenador do Programa da Reconstrução detalhou números e se orgulhou do, em sua visão, avanço das obras em Alagoas - o deputado estadual João Henrique Caldas, o JHC (PTN), teceu duras críticas ao governo do Estado, apontando lentidão na forma como lidou com o processo. E ainda denunciou milícias agindo dentro dos conjuntos residenciais. Uma grave denúncia que precisa de apuração, evidentemente.

João Henrique Caldas lembrou que a tragédia das enchentes completaram três anos. “Algumas famílias ainda vivem em condições desumanas”, sentenciou o parlamentar. De acordo com JHC, ainda é preciso ficar de olho em relação às condições dos conjuntos habitacionais que estão sendo erguidos pelo Programa da Reconstrução.

O deputado já havia denunciado a situação de uma escola na cidade de Santana do Mundaú. Segundo ele, junto com a equipe realizou várias visitas - algumas com filmagens - que mostram erros nas obras e vários problemas vivenciados pelas comunidades. “Falta preocupação com o caráter social. O governo não pode apenas oferecer  estrutura física, mas condições dignas de vida”.

O parlamentar reclamou mais das obras que envolvem as pastas da Saúde e Educação. Lembrou que os conjuntos - do jeito que se encontram - trazem dificuldades para os moradores, sobretudo em relação ao transporte. Alguns são distantes das cidades e sem “vida econômica”. O próprio vice-governador José Thomaz Nonô também demonstrou esta preocupação durante a coletiva e ressaltou que é um ponto que pretende conversar dentro do Executivo.

“Em São José da Laje, por exemplo, o posto de saúde foi construído a quilômetros das casas, o que é inadmissível. Não existem opções de transporte, o morador tem de pagar R$ 7 para cruzar a cidade, o que obviamente onera demais seu orçamento familiar. Esse tipo de situação, definitivamente, não pode continuar”, pontuou JHC. 

Nonô falou da dificuldade de encontrar terrenos e dos critérios exigidos pelo programa federal. Em alguns casos, as únicas áreas encontradas elevaram os custos das obras por conta das dificuldades geográficas. 

Milícias

Um ponto levantado por JHC que precisa da atenção urgente de municípios e Estados é a denúncia da existência de milícias em conjuntos habitacionais entregues pelo Programa da Reconstrução. De acordo com o parlamentar, pessoas que não estariam pagando valores entre R$ 10 e R$ 15 estão sofrendo retaliações. É uma oferta de segurança paralela, ao estilo das máfias, que coloca o sujeito que não paga vítima de quem se “oferece” para dar proteção. “Há o caso de um aposentado que foi atacado a pauladas na sala de estar da sua casa”.

João Henrique diz que a atuação de milícias foi identificada nos conjuntos de União dos Palmares. “Meu medo é que a prática se alastre. A Defesa Social precisa agir. Precisa chegar segurança a estes conjuntos. Por lá, vimos que a situação é bem evidente”, explicou o parlamentar.

JHC ainda declarou: “o governo do Estado só tomou medidas mais concretas quando foi cobrado pelo Legislativo”.

“O Programa da Reconstrução ainda tem muito o que fazer. Sabemos que as casas estão sendo entregues, mas sem o mínimo de habitabilidade. Onde estão as escolas, os postos de saúde, as creches? Temos que pensar como essas pessoas vão viver daqui pra frente. Muitos são os problemas de infraestrutura, e essas construtoras são responsáveis por cinco anos após a entrega, e neste período temos que estar ainda mais atentos aos reclames da população. Que o Programa da Reconstrução seja eternizado, mas que jamais caia no esquecimento”, encerrou o deputado.

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