Quem disse que amor de Carnaval não pode virar coisa séria? E namoro de internet dá certo? Relacionamento à distância funciona? Como vencer o preconceito da sociedade e assumir uma relação homossexual? Morar em casas separadas dá vida longa ao casamento? E como manter uma relação de mais de 30 anos? Às vésperas do Dia dos Namorados, o CadaMinuto traz as histórias de Dino e Thiago, Manoela e Gustavo, e Lílian e Alexandre, Lucílio e Ariana, Roseane e Marcelo, e Marcele e Rodrigo.
Carnaval de Salvador, 2012. A profissional de marketing alagoana Lilian Soriano conheceu, na capital baiana, o carioca Alexandre Oliveira de Cirqueira que vive na Bahia desde criança. No mesmo camarote, Lilian e Alexandre trocaram as primeiras palavras e passaram a noite inteira conversando, no sábado de Carnaval.

“Eu estava na fila para comprar cerveja e ele me abordou. Foi paixão à primeira vista, achei ele lindo. Conversamos a noite toda e tivemos muita afinidade, mas não dei muita ousadia não”, brincou Lilian. Ela disse também que eles voltaram a se encontrar no domingo e na segunda, ele no bloco Filhos de Gandhi e ela no camarote. “Não conseguia tirar ele da cabeça”, afirmou.
Na terça de Carnaval, Lilian e Alexandre foram almoçar juntos. Na quarta-feira de cinzas ela voltou a Maceió e falava todos os dias pelo telefone com Alexandre. Duas semanas depois do Carnaval, Lilian foi a Salvador e Alexandre a pediu em namoro. Seis meses se passaram e o relacionamento se mantinha à distância, até que Alexandre deu um ultimato pedindo a namorada em casamento.
“Um ano depois, exatamente no dia q ele me pediu em namoro, 09 de março, a gente casou. Vim morar em salvador e vamos ser felizes para sempre”, declarou Lilian.
Do computador para o altar
Febre entre os alagoanos, foi no Mirc, programa que reunia salas de bate-papo, que Manoela Oliveira e Gustavo Martins se conheceram. O casal se encontrou virtualmente no dia 20 de março de 2005, como lembra Manoela. Oito dias depois, eles marcaram um encontro pessoalmente e notaram que as afinidades notadas na conversa pelo computador também se estendiam à vida real.

O namoro de Manoela e Gustavo começou no dia 28 de abril de 2005 e em 09 de abril de 2011, eles se casaram. Ela conta que desde a primeira conversa havia muita afinidade entre os dois. “Era uma conversa boa, um ‘papo cabeça’. Percebemos que tínhamos muita coisa em comum”, afirmou ela.
Maceió – Zurique
A alagoana Marcele Kardinalle e o suíço Rodrigo Rizzo enfrentaram a distância para ficar juntos. Depois de três anos de namoro e muitas viagens entre Maceió e Zurique os dois se casaram em 06 de junho de 2008. “Foram muitas idas minhas e vindas dele. Além disso, tive muitas noites de choros já que a saudade doía muito”, contou Marcelle.
“Vencemos pelo amor mesmo”, diz Marcelle ao definir o que fez com sua relação com Rodrigo desse certo. Pais de Isabella, de 01 ano e meio, o casal sempre comemora o dia 12 de junho, apesar de a data não ser Dia dos Namorados na Suíça. “Eu sempre lembro, faço um jantar especial e o Rodrigo me traz flores”, contou.

Marcelle disse que ela e o marido, por todas as dificuldades que passaram para ficar juntos, tentam sempre manter o romantismo para a relação não cair na rotina. “Tentamos manter os costumes da época do namoro. Agora temos uma filha, mas continuar com as pequenas coisas de antes é fundamental.
Em casas separadas
Casados há cinco anos, Ariana Morales de Oliveira e Lucílio Rosa de Oliveira não sofrem de uns dos dois grandes problemas dos casais: a rotina e a convivência. Eles vivem em apartamentos diferentes no mesmo edifício, ele no sexto andar, ela no 12º.

“A gente se conhece já há 10 anos e há cinco nos casamos no civil. Temos estilos diferentes, ele é meio bagunceiro e eu sou mais organizada. Nos casamos e ainda moramos uns cinco meses na mesma casa, mas depois decidimos que cada um ficaria no seu canto. Eu me perdia na bagunça dele e ele não agüentava a minha organização”, brincou Ariana.
Morando em casas separadas, Ariana e Lucílio mantêm o hábito de fazer todas as três refeições juntos, o que acontece no apartamento dela. “É muito bom porque é um casamento com as características de namoro. Muita gente diz que isso foge do normal, mas o que é normal pra mim pode não ser para uma outra pessoa”, frisou Ariana.
O casal, pelo fato de morar em casas separadas, consegue manter os mesmos hábitos de quando eram namorados. “A gente se respeita e respeita a individualidade do outro, por isso tem dado certo. É como um namoro que queremos que dure par sempre. Ele é super cavalheiro e um ótimo companheiro”, declara-se Ariana.
Comportamento social
Dino Alves e Thiago Kallado namoram há um ano e seis meses. O casal de conheceu em Jaraguá, em 2009, mas começou a namorar em setembro de 2011 na Parada do Orgulho LGBT de Maceió. “Nos encontramos em um bar e ficamos. No mesmo dia começamos a namorar e já fomos morar juntos e é assim até hoje”, contou Dino.

Sobre o preconceito enfrentado, Dino afirmou que o casal não se abate com atitudes homofóbicas e não possui um comportamento agressivo. “Nós respeitamos todo mundo e nos comportamos socialmente sem agredir ninguém. Somos muito firmes na nossa posição de casal e quando vamos a restaurantes, por exemplos, quando há promoções para casal solicitamos esse valor”, disse Dino.
Para o Dia dos Namorados, Dino e Thiago planejam fazer um dos programas que mais gostam: jantar em um restaurante japonês. “E vamos exigir rodízio”, colocou Dino.
32 anos de amor
O sobrenome já é sugestivo, Casado. Roseane e Marcelo Casado Gomes são a prova de que amor e respeito são uma mistura que sempre dá certo. Depois de 32 anos de casados, o casal que se conheceu quando ela tinha 19 e ele 23 anos está junto dividindo todas as conquistas e os altos e baixos que fazem parte da vida.

Da relação nasceram três filhos homens. “Os meninos são uma mistura dos dois. Não só nos traços físicos, mas cada um captou um pouco da personalidade de cada um de nós, destacou Roseane.
A rotina faz parte do dia a dia de qualquer pessoa seja ela solteira ou casada. Quando se trata de um casal administrar a “mesmice” requer empenho dos dois para que a relação não seja maculada à toa. Para tanto “renovamos a relação a cada dia. Procuramos sair, fazer programas diferentes, descobrir novas opções de diversão e compartilhar momentos com bons amigos. É essencial manter as relações de amizade e não se fechar apenas no casal”, disse Marcelo.
Ao falar sobre o sentimento, depois de 32 anos de casados Roseane é enfática. “Quando amamos verdadeiramente esse sentimento nunca acaba”, disse ela em meio a risos acrescentando que um dos segredos para manter o amor é não reclamar.
Casais com tanto tempo de relacionamento são raros, principalmente em uma época onde os relacionamentos parecem ser descartáveis e superficiais. Roseane acredita que para dar certo é preciso “casar amando. A questão é que hoje tudo está muito fácil então não existe a descoberta um do outro. As mulheres com essa história de ficar dizendo que casam e se der certo tudo bem e se não se separam. Ou seja não há envolvimento, compromisso, verdade. Os relacionamentos se tornaram descartáveis”.
Roseane e Marcelo não somente construíram uma relação sólida, mas também uma família muito unida. E apesar de já serem avós de duas netas o casal não perdeu a paixão e o romantismo. “Assim como fazemos há mais de 30 anos, no próximo dia 12 trocaremos presentes, sairemos para passear e namorar. São momentos simples assim que fazem com que possamos nos descobrir todos os dias”, concluiu Roseane.









