Um final de semana estragado. Foi assim que o mercado retomou ontem os negócios após o Banco Central surpreender ao elevar a taxa Selic de 7,5% para 8,0%, na noite da última quarta-feira.
A previsão era de elevação menor no juro, para 7,75%, por causa do resultado fraco do PIB (alta de 0,6% em relação ao trimestre anterior), anunciado naquela manhã.
A diferença causou prejuízo considerável para quem contava com um BC mais tolerante à inflação e preocupado com o desaquecimento econômico. A tese perdeu mais adeptos ontem, após o presidente do BC, Alexandre Tombini, dizer em entrevista à Folha que quer levar a inflação abaixo de 5% em 2014.
"O BC vai ter de ser mais rigoroso com os juros. Estragou o final de semana", diz Francisco Carvalho, da Liquidez.
"Ninguém entende mais o BC. Uma hora a preocupação é o PIB, na outra, a inflação", diz Roberto Paschoal, da Fair.
Nos EUA, os juros também subiram, puxando as taxas ao redor do mundo.
Os títulos do governo americano de dez anos foram negociados com taxa de 2,16% ao ano -em 1º de maio, estavam em 1,631%.
O resultado ontem foi uma corrida geral. Os juros negociados para janeiro de 2014 subiram de 8,06% para 8,44% -indicando que o mercado espera mais um aumento de 0,5 ponto em 2013.
O BC interveio, sem sucesso, para conter a alta do dólar. Ontem, era dia de definir a taxa Ptax (média do BC), que serve para fechar os contratos que vencem em junho. O mercado pressionou para elevar essa taxa, beneficiando quem via cotação a R$ 2,15.
No último dia do mês, o dólar à vista (referência no mercado financeiro) subiu 1,3% e terminou a R$ 2,137. Foi a maior cotação desde os
R$ 2,153 de maio de 2009.